A doação de óvulos é um procedimento em que mulheres com idade inferior a 35 anos e com boa reserva ovariana doam seus óvulos para outras com baixa reserva ovariana (baixo estoque de óvulos/ fator idade ou com problemas genéticos) que tornam a taxa de gravidez com gametas próprios significativamente menores. A doação de gametas (óvulos ou espermatozoides) e embriões é uma das técnicas complementares à FIV (fertilização in vitro). Especificamente a doação de espermatozoides pode ser realizada na inseminação artificial (IA).
No Brasil, desde 2013, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou o acesso às técnicas de reprodução assistida para casais homoafetivos ou pessoas solteiras que pretendem engravidar, mesmo que não tenham problemas de fertilidade.
Dessa forma, a doação de óvulos também se tornou um recurso importante para que casais homoafetivos masculinos pudessem ter filhos.
No entanto, para ser beneficiado pela técnica, é preciso realizar a FIV, uma vez que os óvulos devem ser fecundados em laboratório. Nem a relação sexual programada (RSP) nem a IA possibilitam a utilização de óvulos doados, uma vez que a fecundação ocorre no próprio corpo da mulher.
Este texto explica como funciona a doção de óvulos, destacando os casos em que o procedimento é indicado e as regras que o regulamentam.
A doação de óvulos é indicada quando há diminuição da reserva ovariana, como consequência natural do avanço da idade ou causada pela falência ovariana prematura, condição em que os sintomas da menopausa se manifestam antes dos 40 anos.
Além disso, é indicada para mulheres com doenças genéticas, que podem recorrer à alternativa para evitar a transmissão para os filhos. Também é necessária para que casais homoafetivos masculinos possam ter filhos.
O tratamento prevê a realização de todas as etapas da FIV:
A mulher que vai doar os óvulos deve ser submetida à estimulação ovariana, procedimento em que o desenvolvimento dos folículos é estimulado por medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos produzidos pelo organismo, com o propósito de obter uma quantidade maior de óvulos para serem congelados.
O CFM determina que as doadoras tenham no máximo 35 anos, uma vez que a reserva ovariana diminui com o avanço da idade, critério que deve ser confirmado, assim como a saúde clínica, por exames, incluindo o rastreio para doenças genéticas e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem comprometer a qualidade dos gametas.
Os medicamentos são administrados no início do ciclo menstrual, e o desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia. Quando eles atingem o tamanho ideal, novos medicamentos hormonais induzem a maturação final e ovulação, que ocorre em cerca de 35 horas.
Os folículos maduros são então coletados por punção folicular, processo em que são aspirados para ovular posteriormente em laboratório, quando são selecionados e congelados os melhores gametas.
A doadora é escolhida na própria clínica de reprodução assistida de acordo com as características biológicas dos pais. No entanto, de acordo com o CFM, a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial, assim como doadoras não podem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
Porém, é permitida a doação compartilhada de óvulos: doadora e receptora que participam do tratamento podem compartilhar gametas e custos.
Simultaneamente à punção folicular, é feita a coleta de sêmen em recipientes próprios e os espermatozoides com melhor motilidade e morfologia são selecionados pelo preparo seminal.
Se não houver presença de espermatozoides no sêmen, eles podem ser coletados do epidídimo ou testículos por técnicas cirúrgicas ou por punção, dependendo da indicação.
Pode ser feita após a punção dos óvulos a fresco da doadora se quem for receber os óvulos já estiver se preparando para receber os embriões e evita custo de congelamento e descongelamento e diminui o risco de alguns óvulos não resistirem ao descongelamento. Caso essa sincronização da doadora e receptora dos óvulos não tenha sido feita, os óvulos podem ser congelados e, após o descongelamento dos óvulos, a fecundação ocorre em laboratório, na grande maioria dos casos por injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), em que cada espermatozoide é injetado diretamente dentro dos óvulos disponíveis para fecundação.
Os embriões formados na etapa de fecundação são cultivados e monitorados pelo embriologista geralmente por cinco dias em laboratório.
Os embriões podem ser transferidos em dois estágios de desenvolvimento: D2/D3 ou D5. Atualmente, a transferência é preferencialmente feita com os embriões em D5 por haver a possibilidade da seleção dos melhores.
Em cerca de 12 dias, já é possível confirmar a gravidez por testes de farmácia ou exames de sangue. Os percentuais de gravidez bem-sucedida com óvulos doados são altos por contar com bons óvulos de doadora jovem e com boa reserva ovariana, permitindo à receptora maiores chances de obter bons embriões.
Além de ser considerada a principal técnica de reprodução assistida, a FIV é a que apresenta os percentuais mais expressivos de sucesso por ciclo de realização.
As principais regras para doação de óvulos incluem: