Problemas de fertilidade de menor gravidade podem ser tratados pela inseminação artificial (IA), também chamada inseminação intrauterina (IIU). Investigada pela primeira vez no século 18 para solucionar problemas relacionados à disfunção sexual masculina, como dificuldades de ereção e ejaculação, foi aprimorada com a evolução da reprodução assistida e tornou-se uma opção para o tratamento de mulheres com disfunção da ovulação.
É uma das técnicas consideradas de baixa complexidade por prever a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas, processo conhecido como in vivo. Por isso, é adequada para mulheres até 37 anos com as tubas uterinas saudáveis, endometriose apenas nos estágios iniciais, anormalidades no muco cervical, nos casos em que cicatrizes no colo uterino dificultam a entrada dos espermatozoides ou em alguns casos de infertilidade sem causa aparente (ISCA).
O tratamento também pode ser realizado quando há problemas de infertilidade masculina sugeridos pela investigação inicial ou pequenas alterações na motilidade e morfologia dos gametas.
Desde 2013, com a ampliação das regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), assim como outras técnicas de reprodução assistida, pode ser utilizada por casais homoafetivos femininos e pessoas solteiras que desejam uma gravidez independente, mesmo que não tenham problemas de fertilidade.
Este texto explica o funcionamento da inseminação artificial e os possíveis riscos associados ao procedimento.
O tratamento inicia com a estimulação ovariana, procedimento realizado com a utilização de medicamentos hormonais, que tem como propósito estimular o desenvolvimento de mais folículos para obter mais óvulos maduros. No ciclo natural apenas um folículo se desenvolve, torna-se dominante e rompe.
Na inseminação artificial, o ciclo é minimamente estimulado para obter até três óvulos maduros. Quando a mulher está no momento da ovulação, o sêmen é coletado na própria clínica e preparado.
Antes da indicação da IA, no processo de investigação da infertilidade, o homem realiza um espermograma. As amostras são analisadas para avaliar a fertilidade masculina. O exame possibilita a avaliação de critérios como quantidade, morfologia e motilidade dos gametas masculinos presentes no sêmen.
Durante a IA, os espermatozoides de melhor qualidade são selecionados por técnicas de preparo seminal. O método mais indicado para cada caso é orientado pelos resultados do espermograma.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia, até que eles atinjam o tamanho ideal, quando são administrados outros medicamentos para induzir a maturação final e rompimento dos folículos, ou seja, à ovulação.
A ovulação ocorre em cerca de 36 horas, porém a inseminação é realizada logo após a administração dos medicamentos indutores, uma vez que os espermatozoides podem sobreviver por até três dias no organismo feminino.
Para realizar o processo, os melhores espermatozoides são inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero.
Após duas semanas, é possível confirmar se a gravidez foi bem-sucedida. O procedimento pode ser realizado por até 3 ciclos de tratamento, depois disso a taxa de sucesso começa a diminuir, sugerindo que o problema do casal deve ser mais severo e com indicação para fazer o tratamento por FIV (fertilização in vitro), técnica de maior complexidade.
As chances de gravidez são semelhantes às de um ciclo de gestação natural: cerca de 20% a cada tentativa.
Casais homoafetivos e pessoas solteiras que pretendem utilizar a técnica podem selecionar os doadores de espermatozoides em clínicas de reprodução assistida e em bancos de sêmen, de acordo com as características biológicas do casal ou da mãe.
A IA é um procedimento de baixo risco e raramente complicações podem surgir. Entre elas estão infecções e sangramento leve provocados pela inserção do cateter, que, no entanto, são facilmente resolvidos e não interferem no desenvolvimento da gravidez.
Os medicamentos usados na estimulação ovariana podem aumentar a incidência de gestação gemelar, de risco para a mãe e para o feto, pois pode causar condições como pré-eclâmpsia, aumento da pressão arterial, partos prematuros e recém-nascidos com baixo peso.
O aumento da produção de hormônios pelos ovários também pode levar ao desenvolvimento da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), que pode causar desde alterações metabólicas a problemas mais graves, como a trombose venosa profunda (TVP), principalmente nas pernas, assim como abortamento. No entanto, trata-se de uma condição bastante rara e de fácil controle.
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