A fertilidade masculina depende das principais variáveis: integridade do processo de formação dos espermatozoides nos testículos, bem como dos ductos que conduzem essas células para a formação do sêmen, e transporte na ejaculação.
O sêmen é composto pelos espermatozoides e uma combinação de secreções produzidas pelas glândulas anexas do aparelho reprodutor masculino: próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais.
Chamada tecnicamente de espermatogênese, o desenvolvimento dos espermatócitos em espermatozoides é mediado pela testosterona e ocorre nas paredes dos túbulos seminíferos, que compõem a maior parte dos testículos.
Os túbulos seminíferos, por sua vez, estão conectados aos epidídimos, que recebem os espermatozoides ainda sem a cauda. Essa estrutura é desenvolvida nos próprios epidídimos, conferindo a motilidade necessária para que essas células consigam transitar pelo aparelho reprodutor feminino e alcançar o óvulo.
Os epidídimos também armazenam os espermatozoides e os conduzem aos ductos deferentes para que, no momento da ejaculação, encontrem os líquidos glandulares e o sêmen esteja finalmente formado.
A infertilidade masculina, portanto, pode ser resultado de alterações espermáticas e obstruções nessa rede de ductos que conduz os espermatozoides e o sêmen. Os quadros de azoospermia estão entre os mais graves, oferecendo risco inclusive de infertilidade permanente.
Quer entender melhor as diferentes formas de azoospermia e suas causas? Continue a leitura até o final e saiba mais!
Azoospermia é definida pela ausência de espermatozoides no sêmen ou líquido ejaculado. É uma condição que afeta a fertilidade dos homens, normalmente de forma severa.
Dependendo das causas da azoospermia, a condição pode estar envolvida com quadros de infertilidade primária, quando o homem nunca teve filhos e não consegue engravidar a parceira em função dessa condição e, também, de infertilidade secundária, quando a azoospermia aparece após o homem já ser pai.
O diagnóstico da azoospermia é feito pela análise do espermograma, um exame laboratorial que avalia a qualidade do sêmen utilizando uma amostra obtida por masturbação. Os resultados são comparados aos parâmetros espermáticos de normalidade estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Dependendo das causas da azoospermia, a condição pode ser dividida em dois tipos: azoospermia obstrutiva e azoospermia não obstrutiva.
Um dos tipos mais recorrentes de azoospermia é aquele causado pela obstrução no trajeto percorrido pelos espermatozoides até os ductos deferentes, quando se juntam os líquidos glandulares para a formação do sêmen.
Nesses casos, é comum que a espermatogênese aconteça sem maiores problemas, mas, mesmo íntegros, os espermatozoides permanecem retidos nos testículos e não compõem o sêmen. A ejaculação ocorre normalmente e o quadro de azoospermia obstrutiva só é identificado com a realização do espermograma.
A azoospermia obstrutiva pode ser resultado de malformações congênitas nos ductos que conduzem os espermatozoides e o sêmen, porém a maior parte dos casos é resultado da contaminação por microrganismos que provocam quadros infecciosos e inflamatórios.
As DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) que provocam epididimite são a principal forma de acesso dos microrganismos ao aparelho reprodutor masculino. Muitas vezes essas infecções têm início com um quadro anterior de uretrite, que pode evoluir e atingir as estruturas que compõem o cordão espermático e os testículos.
Inicialmente, a atividade microbiana desencadeia um processo inflamatório, cujas consequências – alterações teciduais e edema – podem obstruir os ductos, principalmente os epidídimos.
Embora o tratamento ofereça bons resultados, tanto em relação à infecção como à desobstrução dos ductos, a demora em buscar atendimento pode fazer com que a infecção deixe cicatrizes, formando aderências que continuam obstruindo a passagem dos espermatozoides.
Nesses casos, a azoospermia obstrutiva pode provocar um quadro de infertilidade permanente, cuja reversão só é possível com os tratamentos oferecidos pela reprodução assistida.
Além das doenças mencionadas, a azoospermia obstrutiva pode ser um quadro provocado propositalmente, quando o homem decide pela vasectomia. O procedimento para esterilização masculina voluntária é feito pela interrupção dos ductos deferentes, fazendo com que o sêmen esteja livre de espermatozoides.
A azoospermia não obstrutiva normalmente é uma condição associada a doenças que prejudicam especificamente a função dos testículos e a produção de espermatozoides e, como o tipo obstrutivo, pode ser consequência de alterações genéticas e adquiridas ao longo da vida.
A varicocele está entre as principais causas da azoospermia não obstrutiva, ao lado dos desequilíbrios na secreção e processamento da testosterona, ambas de origem genética.
Causada pela formação de veias varicosas na rede vascular que irriga o cordão espermático, a varicocele provoca alterações no ambiente interno da bolsa escrotal que prejudicam a formação dos espermatozoides. As dificuldades de fluxo sanguíneo provocadas pela doença aumentam a pressão e a temperatura internas dos testículos comprometendo a espermatogênese.
Algumas condições genéticas provocam hipogonadismo hipogonadotrófico, condição que causa uma redução nas taxas normais de testosterona, levando a quadros em que os testículos se mostram subdesenvolvidos, e a espermatogênese não acontece. A síndrome de Kallmann é um exemplo de condição genética envolvida com o hipogonadismo e que tem a azoospermia não obstrutiva como consequência.
A azoospermia não obstrutiva também pode ser resultado de causas não genéticas, como a caxumba, uma infecção que atinge majoritariamente crianças e que provoca orquite, atingindo os testículos e comprometendo a espermatogênese.
Muitos quadros de azoospermia obstrutiva e não obstrutiva podem ser revertidos por tratamentos primários se realizados de forma precoce, como a correção da varicocele e os tratamentos antibióticos para as diversas infecções que podem prejudicar a formação correta do sêmen.
A demora em realizar os tratamentos para essas condições pode provocar quadros mais graves, em que a infertilidade somente pode ser revertida com auxílio da reprodução assistida. As condições genéticas que provocam azoospermia, no entanto, não possuem tratamentos primários e recebem indicação direta para a reprodução assistida.
A FIV (fertilização in vitro) e a IA (inseminação artificial) são as únicas técnicas que permitem a abordagem da infertilidade masculina, por permitir níveis diversos de manipulação do sêmen. A FIV conta ainda com procedimentos complementares que viabilizam a coleta de espermatozoides diretamente dos testículos (recuperação espermática).
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