A infertilidade é comum em pessoas no mundo todo. No entanto, apesar de afetar emocionalmente quem sofre com o problema, na maioria dos casos pode ser tratada pelas técnicas de reprodução assistida (TRA).
A dúvida sobre ser ou não ser infértil surge diante da dificuldade para engravidar, que nem sempre é um indicativo de infertilidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a infertilidade como ‘uma doença do sistema reprodutivo manifestada pela falha em alcançar uma gravidez após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares sem o uso de contraceptivos’. A infertilidade é considerada internacionalmente como uma doença e como um problema de saúde pública mundial.
Porém, para serem definidos como inférteis, mesmo após a tentativa malsucedida de engravidar durante o período determinado, homens e mulheres devem deve ser submetidos a exames para investigar a condição. Além de confirmar a suspeita, eles indicam o que provocou o problema.
Este texto explica a infertilidade, destacando as principais causas femininas e masculinas, os sintomas, os métodos diagnósticos e as técnicas de reprodução assistida mais adequadas para cada caso.
Fatores masculinos ou femininos são responsáveis pela infertilidade de um casal em igual proporção, assim como ela pode ser sem causa aparente (ISCA), depois de feitos os exames e não identificada uma possível causa.
Qualquer alteração no sistema reprodutor pode comprometer a fertilidade. Nas mulheres, a causa mais comum é a disfunção na ovulação, geralmente caracterizada por irregularidades menstruais, devido a distúrbios hormonais como consequência de diferentes condições, entre elas a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e distúrbios da tireoide. Têm como característica o crescimento intermitente (alguns ciclos anovulatórios) do folículo dominante ou a ausência de ovulação (anovulação).
Obstruções nas tubas uterinas, inibindo o processo de fecundação, são ainda frequentemente registradas. Elas geralmente surgem como consequência de aderências provocadas por inflamações, como a doença inflamatória pélvica (DIP) ou pelo tecido endometrial ectópico característico de endometriose.
Outras patologias femininas, entre elas miomas uterinos e pólipos endometriais, por exemplo, podem, da mesma forma, dificultar a gravidez.
Por outro lado, a infertilidade masculina na maioria dos casos está relacionada a problemas na produção dos espermatozoides e alterações na qualidade (morfologia e motilidade) ou no DNA espermático.
Embora também possa ser provocada por obstruções que ocorrem em dutos como o epidídimo ou deferente, a infertilidade também pode ser causada por danos nos testículos, distúrbios hormonais ou mesmo sexuais, como dificuldades para ejacular e disfunção erétil, comprometendo a produção e transporte dos gametas masculinos.
Quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen ejaculado, a condição é conhecida como azoospermia e é importante causa de infertilidade masculina.
Distúrbios genéticos também podem causar infertilidade feminina e masculina, bem como diferentes fatores são ainda apontados como risco. Os principais incluem:
Embora a tentativa malsucedida de engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas seja o principal indicativo de infertilidade, alguns sintomas também podem alertar para o problema:
Diferentes exames são realizados para confirmar a suspeita de infertilidade e identificar a causa. Os resultados diagnósticos é que vão orientar o tratamento mais adequado para cada caso.
O primeiro exame normalmente indicado para as mulheres é a avaliação da reserva ovariana, que permite identificar a quantidade de folículos antrais, que ainda amadurecerão para liberar o óvulo.
Já o espermograma é o exame utilizado para avaliar a fertilidade masculina. Ele proporciona a detecção de alterações na produção, na morfologia e motilidade dos gametas, ou no líquido seminal.
Homens e mulheres também devem ser avaliados por testes hormonais para analisar os níveis dos hormônios responsáveis pelo processo reprodutivo; sorológicos para excluir a possibilidade de a infertilidade ser causada por infecções sexualmente transmissíveis (IST); e de imagem para confirmar se há obstruções ou anormalidades nos órgãos reprodutores.
O rastreio genético também deve ser feito em ambos os casos se houver suspeita de infertilidade causada por distúrbios genéticos ou histórico familiar.
Se os testes falharem em detectar a causa, a infertilidade é diagnosticada como sem causa aparente (ISCA).
As três principais técnicas de reprodução assistida são consideradas o tratamento padrão para infertilidade, indicadas de acordo com cada caso.
A relação sexual programada e a inseminação intrauterina são de baixa complexidade, pois a fecundação ocorre naturalmente nas tubas uterinas. Na fertilização in vitro (FIV) ocorre em laboratório, por isso a técnica é considerada de alta complexidade.
As técnicas de baixa complexidade são indicadas para mulheres com problemas de ovulação, endometriose nos estágios iniciais e infertilidade sem causa aparente (ISCA) com até 37 anos, preferencialmente, ou para mulheres entre 38 e 40 anos se tiverem menos de 1 ano tentando engravidar, apesar do alerta da pressa cronológica. É imprescindível que pelo menos uma das tubas uterinas esteja saudável.
Porém, na relação sexual programada, os espermatozoides também devem ser saudáveis, uma vez que o tratamento tem como objetivo estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos e definir o período de maior fertilidade, aumentando, dessa forma, as chances para que a fecundação ocorra de forma natural.
A inseminação intrauterina, também chamada inseminação artificial, por outro lado, possibilita o tratamento quando há pequenas alterações nos espermatozoides, no muco cervical, cicatrizes leves nas tubas uterinas ou problemas de ejaculação e disfunção erétil.
Os espermatozoides são selecionados por técnicas de preparo seminal, que separa os que têm melhor morfologia e motilidade dos outros. Esses espermatozoides capacitados são depositados diretamente no útero durante o período fértil, facilitando o trajeto até as tubas uterinas para que a fecundação ocorra.
A FIV, de maior complexidade, é indicada principalmente para mulheres com obstruções nas tubas uterinas, para homens com problemas graves de infertilidade, quando não há sucesso nos tratamentos anteriores e para casais homoafetivos e pessoas solteiras que desejam engravidar, mesmo que não tenham problemas de fertilidade e para mulheres com mais de 35 anos que já estão tentando há mais de 1 ano.
O método mais utilizado atualmente é a FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). A ICSI é o método de fecundação mais recente, que oferece inúmeras vantagens em relação ao método clássico.
Ainda que as técnicas de baixa complexidade registrem bons índices de gravidez, a FIV é a que possui os percentuais mais altos de sucesso por tentativa.
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