Diferentes fatores podem causar alterações no sistema reprodutor feminino e provocar infertilidade, definida como a falha em obter uma gravidez após um ano ou mais de relações sexuais regulares sem uso de métodos contraceptivos.
Distúrbios de ovulação e danos nos órgãos reprodutores (ovários, tubas uterinas e útero) estão entre as causas mais comuns, da mesma forma que a fertilidade também diminui naturalmente com o envelhecimento.
Além da tentativa malsucedida em engravidar, outros sintomas alertam para o problema e indicam a necessidade de procurar auxílio médico. Embora tenha tratamento na maioria dos casos, o diagnóstico precoce aumenta as chances de a gravidez ser bem-sucedida.
Este texto explica a infertilidade feminina, destacando as principais causas, os sintomas, diagnóstico e tratamentos mais adequados para cada caso.
A causa mais frequentemente relatada de infertilidade feminina são os problemas de ovulação, caracterizados pela dificuldade em liberar o óvulo, condição conhecida como anovulação ou ausência de ovulação, ou pela alternância entre ciclos ovulatórios e anovulatórios.
A anovulação, por outro lado, caracteriza-se pela irregularidade menstrual, que resulta de alterações hormonais provocadas por diferentes condições, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), distúrbios da tireoide e insuficiência ovariana primária, também chamada falência ovariana prematura, quando os sintomas da menopausa manifestam em mulheres com menos de 40 anos.
Bloqueios nas tubas uterinas estão ainda entre as causas geralmente relatadas. São provocados por inflamações que estimulam a formação de aderências, inibindo a fecundação. Entre elas está a doença inflamatória pélvica (DIP), uma das principais causas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia, ou inflamações nos ovários (ooforite), nas tubas uterinas (salpingite) e no colo uterino (cervicite).
Outras causas são:
Alguns fatores aumentam o risco de a infertilidade ocorrer, como alcoolismo, tabagismo e uso de drogas, variações de peso, falta ou excesso de exercícios físicos e histórico de ISTs.
Irregularidades menstruais e alterações hormonais são características de diversas condições que causam problemas na fertilidade feminina, e manifestam os seguintes sintomas:
A manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, indica a necessidade de procurar auxílio médico.
O primeiro exame realizado para diagnosticar a infertilidade feminina é o teste de reserva ovariana, que avalia a quantidade e qualidade dos gametas femininos. Posteriormente são realizados exames laboratoriais e de imagem.
Os laboratoriais incluem os testes hormonais para avaliar os níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo. Os exames de sangue detectam a presença de inflamações. Já quando houver suspeita de ISTS, para identificar as bactérias são feitos os sorológicos.
Mulheres com histórico pessoal ou familiar de trombofilia, abortamentos de repetição e doenças autoimunes devem fazer a investigação, assim como o rastreio de doenças genéticas é indicado se houver histórico familiar.
Os exames de imagem, por outro lado, são realizados com o propósito de identificar patologias que podem causar problemas nos órgãos reprodutores, como endometriose, miomas, pólipos endometriais e cistos.
A ultrassonografia transvaginal possibilita detectar boa parte das condições que causam alterações nos ovários, útero e tubas uterinas. No entanto, geralmente são realizados exames complementares para confirmar a causa, entre eles a ressonância magnética (RM) e a vídeo-histeroscopia ambulatorial, que possibilitam uma visualização mais detalhada da cavidade uterina e histerossalpingografia para avaliar as tubas uterinas.
Os resultados diagnósticos orientam a definição da abordagem terapêutica mais adequada para cada caso, de acordo com o que provocou o problema. O tratamento pode ser farmacológico, cirúrgico ou realizado com a utilização das técnicas de reprodução assistida.
O tratamento hormonal é indicado quando há alterações nos níveis hormonais, que causam irregularidades menstruais e, consequentemente, problemas de ovulação. Antibióticos são indicados quando o problema resulta de bactérias responsáveis por processos inflamatórios, como as sexualmente transmissíveis. Se for uma infecção, recomenda-se que o parceiro também faça o tratamento para evitar nova contaminação.
A abordagem cirúrgica é importante quando há obstruções nas tubas uterinas e para extração de miomas uterinos, pólipos endometriais, tecido endometrial ectópico e aderências.
Se após a realização do tratamento a fertilidade não for restaurada ou quando a infertilidade causou danos mais sérios, a principal indicação passa a ser o tratamento realizado com as técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação intrauterina (IIU), ambas de baixa complexidade, e a fertilização in vitro (FIV), de alta complexidade.
As de baixa complexidade são indicadas apenas para mulheres com até 37 anos e os órgãos do sistema reprodutor saudáveis, uma vez que a fecundação ocorre naturalmente nas tubas uterinas. Na relação sexual programada, os gametas masculinos também devem ser saudáveis, enquanto na inseminação artificial podem ter pequenas alterações.
Elas são indicadas principalmente para problemas de ovulação, endometriose nos estágios iniciais e infertilidade sem causa aparente (ISCA).
Na FIV, a fecundação ocorre em laboratório. É mais adequada para mulheres com obstruções nas tubas uterinas ou quando há infertilidade masculina causada por fatores mais graves e se não houver sucesso nos tratamentos anteriores ou ainda mulheres com pressa pelo fator idade ou baixa reserva ovariana, geralmente mulheres com mais de 37anos.
A FIV é considerada a principal técnica de reprodução assistida e a que apresenta os índices mais expressivos de gravidez bem-sucedida por ciclo de realização. Além de seu processo já garantir altas taxas de sucesso, oferece técnicas complementares que possibilitam resolver problemas diversos, como a transmissão de doenças para os descendentes.
Exemplos incluem a definição do momento de maior receptividade endometrial para a transferência do embrião ou a análise das células embrionárias para detectar doenças genéticas e anormalidades cromossômicas.
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