Para avaliar a capacidade reprodutiva da mulher, um dos exames realizados é a avaliação da reserva ovariana, termo que descreve o potencial funcional dos ovários e reflete o número e a qualidade dos óvulos que eles contêm.
Diferentes testes podem ser realizados para avaliação. Eles são importantes para auxiliar na definição e individualização da estratégia nos tratamentos de reprodução assistida. Alterações na reserva ovariana provocadas por diferentes condições resultam em distúrbios na ovulação.
Este texto explica a avaliação da reserva ovariana, destacando os testes realizados e a importância dos resultados diagnósticos nos tratamentos de reprodução assistida.
Alterações na reserva ovariana podem ser provocadas por diferentes fatores, entre eles o avanço da idade, uma vez que a mulher já nasce com seu estoque determinado e vai diminuindo com o tempo. A falência ovariana precoce, condição em que há perda da função normal dos ovários antes dos 40 anos, pode ter como causas: genética, antecedentes de cirurgia e processos inflamatórios ou autoimune nos ovários.
A ultrassonografia transvaginal realizada entre 2 e 4 dias do ciclo e o teste realizado para avaliar a reserva ovariana. O exame possibilita a obtenção de imagens, permitindo a detecção de folículos menores e a contagem dos folículos antrais, que armazenam o óvulo primário com capacidade para ovular. Além disso, é um método minimamente invasivo, acessível e de baixo custo.
Em alguns casos, entretanto, outros testes podem ser indicados como alternativa ou de forma complementar. Geralmente eles são realizados no mesmo período do ciclo menstrual, entre 2 e 4 dias do ciclo. Os mais comuns são:
Alterações apontadas pelos resultados desses marcadores indicam pressa para engravidar, pois indica declínio na quantidade e qualidade dos óvulos. As técnicas de reprodução assistida são o tratamento padrão quando há problemas de baixa reserva ovariana por ter maiores taxas de gravidez e permitir avaliar a qualidade dos óvulos e embriões.
Para definir o protocolo de estímulo ovariano mais indicado em cada caso, com estratégias individualizadas de acordo com a reserva ovariana, em 2016 foi criado por especialistas em medicina reprodutiva de sete diferentes países o grupo POSEIDON (oriented strategies encopassing individualized ocyte number) ou estratégias individualizadas orientadas de acordo com o número de óvulos.
O grupo sugere diferentes critérios para facilitar a orientação estratégica. Os resultados diagnósticos proporcionados pelos testes de reserva ovariana associados a eles podem aumentar as chances para que a gravidez ocorra.
Idade da paciente: pacientes em idade mais avançada, quando comparadas com pacientes mais jovens, têm risco aumentado de alterações cromossômicas, mesmo que a reserva ovariana seja igual. Alterações cromossômicas numéricas, chamadas aneuploidias, tendem a resultar em falhas na implantação do embrião e abortamento;
Avaliação da reserva ovariana: baixos níveis de reserva ovariana, consequentemente, sugerem menos óvulos coletados e por isso em alguns casos se sugere protocolo de tratamento chamado DUO estímulo;
Sensibilidade ovariana às gonadotrofinas: mesmo quando a reserva ovariana é normal, se houver diminuição da sensibilidade dos ovários, consequentemente a resposta à medicação utilizada para estimulação ovariana é insatisfatória. Nesses casos, a associação de FSH com LH pode ajudar a recrutar um maior número de óvulos, uma vez que, se usado apenas FSH, terá uma resposta insatisfatória devido ao polimorfismo do receptor do FSH.
São classificadas no grupo de risco, a partir dos critérios definidos pelo POSEIDON, as pacientes com baixa reserva ovariana (menos de 5 folículos antrais) ou reserva ovariana normal e uma resposta insatisfatória à estimulação ovariana em ciclo anterior de FIV.
Ainda que a diminuição da função ovariana seja inevitável, independentemente da idade, os resultados dos testes associados aos critérios POSEIDON possibilitam a definição da abordagem mais adequada para cada paciente, aumentando, dessa forma, as chances de gravidez.
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