Indicada para os casos mais severos de infertilidade feminina, quando a mulher não pode passar pela gestação, embora ainda conte com células reprodutivas completamente saudáveis, a barriga de aluguel (o mais correto é “barriga solidária”) é um recurso importante da reprodução assistida.
O termo barriga de aluguel ficou conhecido no Brasil com a regulamentação da FIV (fertilização in vitro), especialmente no início dos anos 1990, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) emite a primeira resolução para regulação da reprodução assistida no país.
No entanto, barriga de aluguel é uma expressão contraditória em relação a algumas das diretrizes estabelecidas pelo CFM. A principal delas é a proibição de qualquer troca comercial e lucro envolvendo o casal que busca a cessão temporária de útero e a mulher que se voluntaria para a barriga solidária.
Assim, não há exatamente um aluguel na barriga de aluguel, mas sim o compartilhamento do útero da mulher de forma voluntária, que passa pela gestação no lugar da mulher com problemas de infertilidade. Nesse sentido, o termo mais utilizado popularmente hoje é barriga solidária.
Este texto mostra com mais detalhes o que é a barriga de aluguel e como esse recurso pode ajudar os casais com quadros mais graves de infertilidade.
Boa leitura!
Sinônimo mais popular dos termos técnicos “cessão temporária de útero” e “útero de substituição”. A barriga de aluguel (barriga solidária) é um recurso da reprodução assistida que atende a demandas reprodutivas especialmente de mulheres que não podem gestar, casais homoafetivos masculinos e homens que desejam viver a paternidade de forma independente.
A barriga solidária é possível desde que a medicina reprodutiva desenvolveu e aprimorou técnicas para a criopreservação de embriões obtidos com a FIV, permitindo a transferência desses embriões para qualquer outro útero, além do útero materno.
No Brasil, o CFM determina que o casal que precisa da barriga solidária deve buscar uma voluntária entre mulheres com parentesco em até 4º grau com um dos membros do casal e que tenham menos de 50 anos de idade.
As candidatas à barriga solidária devem passar por avaliação médica e psicológica antes da transferência dos embriões e acompanhamento ao longo da gestação, assim como o casal.
Quando a barriga solidária é indicada para casais homoafetivos e homens solteiros que desejam ter filhos, é necessário também que a clínica busque uma doadora de óvulos, para que a fecundação possa ser realizada.
A barriga de aluguel com ovodoação também pode ser uma alternativa para casos em que, além de não poder gestar, a mulher também não pode contar com os próprios óvulos para a fecundação em laboratório.
A barriga solidária é a única possibilidade de engravidar, para alguns casos específicos, como os casais homoafetivos masculinos e homens solteiros que desejam ter filhos. A técnica, no entanto, também é fundamental em situações envolvendo quadros de infertilidade feminina em que a gestação é impossível ou muito arriscada.
Em alguns casos, as doenças que impedem a gestação não são diretamente reprodutivas e sim relacionadas a alterações cardíacas, renais e pulmonares, que normalmente provocam oscilações anormais na pressão arterial, podendo colocar a vida da mulher em risco caso ela engravide.
A infertilidade feminina por fator uterino é uma das principais indicações da barriga solidária para mulheres. Nesse sentido, aquelas com malformações uterinas, como septos residuais e útero didelfo ou duplo, que provocam dificuldades para manter a gestação até o parto, podem ser beneficiadas pela técnica.
Mulheres que por qualquer motivo passaram pela histerectomia – cirurgia para retirada do útero e, em alguns casos, também das tubas uterinas – e desejam engravidar após o procedimento também podem receber indicação.
É importante lembrar que a barriga solidária é uma possibilidade apenas para tratamentos com a FIV, já que o procedimento depende do acesso aos embriões, que é impossível nas demais técnicas de reprodução assistida.
Nos casos em que a barriga solidária serve a casais homoafetivos masculinos e homens solteiros que desejam ter filhos. O processo começa com coleta de espermatozoides de um dos membros do casal, que pode ser feita por masturbação ou recuperação espermática, em caso de azoospermia.
As etapas seguintes seguem o protocolo tradicional dos tratamentos com a FIV: a fecundação do óvulo obtido por doação com um espermatozoide de um dos membros do casal e o cultivo dos embriões em laboratório, simultaneamente ao preparo endometrial da mulher que vai passar pela barriga solidária.
Quando é indicada para casais com infertilidade feminina por fator uterino, a futura mãe inicia o tratamento com a estimulação ovariana e a indução da ovulação, enquanto a mulher que faz a barriga solidária inicia o preparo endometrial.
Essas etapas servem à coleta de óvulos, que precede a fecundação, assim como a coleta de sêmen e espermatozoides. Essas etapas são ligeiramente diferentes do que acontece nas situações anteriores, em que os óvulos são obtidos por doação e descongelados antes da fecundação.
Em todas as situações, no entanto, os embriões obtidos após a fecundação são cultivados por 3 a 5 dias e transferidos para o útero de substituição, previamente preparado e receptivo.
Aconselha-se ao casal e à voluntária para barriga solidária que realizem os exames de gravidez cerca de 12 dias após a transferência dos embriões. Dando início ao pré-natal especial, caso os resultados sejam positivos.
Leia mais sobre cessão temporária de útero tocando neste link.
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