Um recurso importante para a FIV (fertilização in vitro), o congelamento de óvulos apresenta vantagens tanto em questões sociais, quanto em casos de enfermidades que comprometam a fertilidade feminina.
A técnica pode ser utilizada, por exemplo, para a preservação da fertilidade em antecipação ao declínio da fertilidade, comum ao envelhecimento, procedimento chamado congelamento social, ou em diferentes situações médicas, incluindo pacientes submetidas a tratamentos para neoplasias, que podem comprometer a qualidade dos gametas femininos.
Este texto trata do funcionamento do congelamento de óvulos nos tratamentos por FIV, destacando os casos em que ele é indicado, e os possíveis riscos associados ao procedimento.
O congelamento de óvulos é uma técnica complementar à FIV. Por isso, para ser beneficiada por ela, a mulher deve realizar o tratamento.
Antes, porém, diferentes exames são indicados, ente eles a avaliação da reserva ovariana, que determina a quantidade dos gametas, e testes hormonais, para analisar os níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo, cujos resultados são importantes para determinar a dosagem dos medicamentos utilizados na estimulação ovariana, procedimento realizado com o propósito de obter mais óvulos maduros para serem congelados.
Exames sorológicos para a detecção de bactérias, incluindo as sexualmente transmissíveis, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, são obrigatórios, pois elas são os principais agentes causadores de processos infecciosos, que tendem a alterar a qualidade dos óvulos. Já os exames de imagem, como a ultrassonografia, são realizados para avaliar a estrutura dos ovários.
A primeira etapa do tratamento é a estimulação ovariana, que tem como objetivo estimular o desenvolvimento de mais folículos. É realizada por medicamentos hormonais com dosagem individualizada, definida a partir dos resultados diagnósticos.
Para acompanhar o desenvolvimento dos folículos, ultrassonografias são realizadas, em média, a cada dois dias. Elas indicam quando os folículos estarão no tamanho ideal para que a ovulação seja induzida. Após cerca de 35 horas, antes de ocorrer a ovulação, a punção folicular é realizada para a coleta dos folículos. No laboratório de FIV, os óvulos são captados, e os óvulos maduros são selecionados para o congelamento. O procedimento pode ser repetido em outros ciclos, até que a quantidade adequada de óvulos seja obtida: pelo menos 10 óvulos maduros.
A vitrificação é a técnica mais utilizada atualmente para o congelamento. O método utiliza soluções crioprotetoras para impedir a formação de cristais de gelo na estrutura dos óvulos, o que pode danificar e prejudicar sua capacidade de fecundação.
Se o objetivo for a preservação social da fertilidade, a coleta deve ser preferencialmente realizada até os 36 anos, pois a partir dessa idade a reserva ovariana naturalmente diminui e, consequentemente, a qualidade e quantidade dos gametas também declinam.
É normal a ocorrência de cólicas, inchaço e pressão nos ovários após o procedimento, sintomas que geralmente tendem a desaparecer em algumas semanas. Por outro lado, a recuperação é rápida e as atividades normais podem ser retomadas em uma semana.
No entanto, durante esse período, é importante evitar a relação sexual desprotegida, uma vez que os medicamentos utilizados para estimulação ovariana aumentam as chances de gravidez.
Além de ser uma alternativa importante para mulheres que desejam adiar os planos de gravidez (preservação social da fertilidade) e para pacientes com o câncer (preservação oncológica da fertilidade), o congelamento de óvulos é também indicado quando há histórico familiar ou pessoal de insuficiência ovariana prematura, condição em que os sintomas da menopausa manifestam-se antes dos 40 anos.
Também é indicado para mulheres com endometriose em estágios graves, que serão submetidas a cirurgias que causam danos aos ovários, havendo o risco destes serem danificados pela doença e até nos casos em que precisam ser removidos.
Embora o congelamento de óvulos seja considerado um procedimento de baixo risco, após a punção folicular, em poucos casos, pode ocorrer um processo infeccioso. Sintomas como sangramento abundante, dor abdominal severa, dificuldades para urinar, ganho de peso repentino, febre alta e calafrios, indicando a necessidade de procurar auxílio médico.
O aumento da produção de hormônios pelos ovários para induzir a estimulação, mais raramente pode levar ao desenvolvimento da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO). No entanto, atualmente a SHO é uma condição bastante rara.
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