Considerada a causa mais comum de infertilidade masculina, a varicocele é uma condição em que há formação de varizes no cordão espermático, o que leva ao aumento da temperatura na região, alterando o processo de produção dos gametas masculinos.
No entanto, a varicocele pode ser corrigida cirurgicamente, possibilitando a restauração da fertilidade na maioria dos casos.
Este artigo explica a correção de varicocele, destaca as causas que provocam a formação de varizes, os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico e os métodos diagnósticos.
Embora a etiologia da varicocele permaneça desconhecida, algumas teorias explicam a formação das varizes. A mais aceita entre os especialistas sugere que o funcionamento inadequado das válvulas pode provocar o refluxo do sangue, resultando no alargamento das veias, causando o aumento da temperatura testicular.
Os testículos são armazenados dentro da bolsa testicular, que possui um sistema de termorregulação natural ideal para a produção dos gametas. Ou seja, o aumento da temperatura leva à diminuição da produção de espermatozoides e, consequentemente, à dificuldade em engravidar.
A varicocele é mais comum durante a puberdade, porém pode ocorrer em qualquer idade. Nos casos em que as varizes se formam acima dos 30 anos ou em estágios mais graves de desenvolvimento pode provocar alterações nas células responsáveis pela produção de testosterona, alterando os níveis do hormônio que atua diretamente no processo de produção.
Outra consequência da varicocele, a atrofia do testículo afetado, aumenta a pressão nas veias e o risco de danos testiculares.
Por ser assintomática nos estágios iniciais, a varicocele é tardiamente diagnosticada. Os sintomas se manifestam com a progressão do problema e alertam para a necessidade de procurar um médico.
A assimetria dos testículos é uma das principais indicações da condição. Outro sintoma comum à varicocele é a manifestação de dor testicular que varia de desconforto agudo a incômodo, aumenta com o esforço físico, piora ao logo do dia, é mais severa em pé e reduz de intensidade quando o homem deita.
Se houver a manifestação de qualquer sintoma, é importante procurar auxílio médico. Durante o exame físico, já é possível detectar alterações que sugerem o problema.
O exame físico identifica alterações testiculares, como a atrofia ou aumento no volume, critérios que sugerem o problema, ao mesmo tempo que orientam o tratamento cirúrgico.
Durante o exame físico é realizada também a manobra de Valsalva para classificar o grau de desenvolvimento das varizes. O teste é realizado da seguinte forma: o médico orienta o paciente a tampar os lábios e o nariz e forçar a expiração do ar. Isso evidencia as varizes se elas estiverem presentes.
A manobra de Valsalva classifica a varicocele em três graus de desenvolvimento:
Para confirmar o diagnóstico, outros exames podem ser realizados: o doppler estetoscópio, que possibilita auscultar um ruído característico de refluxo venoso quando a manobra de Valsalva é solicitada, e o ultrassom com doppler, que avalia a circulação dos vasos sanguíneos e o fluxo de sangue.
Já o espermograma, exame padrão para avaliar a fertilidade masculina, é indicado quando a varicocele causa diminuição da fertilidade.
A correção de varicocele é indicada principalmente quando as varizes causam diminuição da fertilidade masculina ou estão classificadas no grau III de desenvolvimento. O procedimento tem como objetivo ocluir todas as veias espermáticas que drenam o testículo afetado.
Em graus menores, a indicação é de que a varicocele seja apenas observada. No entanto, de acordo com a orientação da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), a observação da evolução deve ser feita apenas se o espermograma não apontar alterações na morfologia e motilidade dos gametas masculinos, além de critérios como:
Ainda que diferentes técnicas possam corrigir a varicocele, a mais utilizada atualmente é a varicocelectomia subinguinal assistida por microscópio ou microcirurgia subinguinal. O procedimento é minimamente invasivo e realizado com o auxílio de um microdoppler intraoperatório, facilitando a identificação das veias que serão ocluídas.
Os índices de sucesso proporcionados pela técnica são bastante expressivos, enquanto as taxas de recorrência são praticamente inexpressivas. Após a realização da cirurgia, a produção de espermatozoides é normalizada na maioria dos casos, possibilitando a obtenção da gravidez.
Quando isso não acontece, o tratamento mais adequado é a fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), que possibilita a recuperação dos espermatozoides diretamente do epidídimo ou dos testículos com a utilização de diferentes abordagens cirúrgicas.
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