A fertilidade da mulher é definida por uma série de fatores, dentre eles a idade. Isso ocorre porque a quantidade de folículos no organismo feminino diminui conforme a idade avança. Cada um desses folículos contém dentro um ovócito para ser amadurecido, possibilitando sua fecundação.
Em casos de mulheres na qual a reserva ovariana encontra-se muito diminuída ou já em falência, pode-se recorrer à doação de óvulos.
Não é somente o número de folículos que é alterado de acordo com a idade. A qualidade dos gametas femininos também decai com o passar da idade, aumentando o risco de gerar óvulos doentes, que pode causar insucesso da gravidez ou abortos.
Mulheres jovens, excepcionalmente, também podem apresentar esse contexto, por terem sido submetidas a cirurgias nos ovários ou doenças que afetaram o funcionamento deles.
A doação de óvulos ou ovodoação é uma opção para mulheres que desejam engravidar e, por algum motivo, não podem utilizar seus próprios ovócitos. A ovodoação é um dos procedimentos utilizados na reprodução assistida, e vêm sendo utilizado no Brasil nos últimos quinze anos.
A ovodoação ou doação de óvulos é uma técnica utilizada no contexto da reprodução assistida em que o gameta feminino utilizado para a fecundação não provém do organismo da paciente que receberá o embrião (receptora), e sim de uma doadora.
Essa importante técnica permite que mulheres que sofram de uma falência ovariana ou diminuição severa do estoque de óvulos tenham a possiblidade de ter filhos com uma taxa de sucesso mais otimista. Ela consiste na doação de gametas femininos, os ovócitos, de uma paciente à outra. O funcionamento da doação de óvulos é regulado pela resolução 2168/2017 do Conselho Federal de Medicina (CFM).
As normas éticas que essa resolução estabelece visam regularizar a realização das técnicas de reprodução assistida em solo brasileiro. Dessa forma, ela observa princípios éticos e bioéticos que trazem tanto segurança quanto eficácia para esses procedimentos.
De acordo com a resolução, a doação de ovócitos não pode ter caráter lucrativo ou comercial, ou seja, ela deve ser feita voluntariamente, sem que haja recompensa financeira.
A resolução também determina o anonimato nessa doação. A idade máxima para a doação de gametas em caráter voluntário é de 35 anos.
A doação pode ser feita de duas formas. A doadora pode voluntariamente se dirigir até uma clínica com a intenção de doar os ovócitos, ou a doação pode ser feita por pacientes que estejam no contexto da FIV (fertilização in vitro) e tenham ovócitos excedentes. Essa é a chamada doação compartilhada de ovócitos.
Isso ocorre porque, após as etapas de estimulação ovariana e aspiração folicular, pode ser obtida uma grande quantidade de gametas femininos, podendo a paciente dividir os ovócitos obtidos na punção sem prejudicar sua taxa de sucesso e minimiza o risco de essa doadora ficar com muitos embriões excedente congelados.
A doadora pode, nesse caso, compartilhar tanto o material biológico, ou seja, seus gametas, quanto os custos financeiros relacionados à técnica de FIV, de modo que a receptora arque com parte desses custos.
Independente da forma como é feita, em caráter voluntário ou compartilhada, a doação funciona do mesmo jeito. A doadora é submetida à técnica de estimulação ovariana a fim de que sejam obtidos os ovócitos a serem utilizados na FIV.
Essa etapa ocorre por meio da administração de medicamentos hormonais que têm como objetivo estimular o ovário a liberar mais do que um folículo para ser amadurecido durante o mesmo processo de ovulação.
Então, faz-se a coleta desses folículos na etapa de aspiração folicular, procedimento que tem duração média de 20 minutos. Ele é feito por meio de uma agulha guiada por ultrassom transvaginal, cujo formato fino e comprido permite que o instrumento chegue até os ovários. Esses folículos são, então, sugados por meio de um aparelho especializado.
Esses gametas são colocados em contato com os gametas masculinos em meio laboratorial para que a fecundação ocorra. Os gametas masculinos podem, também, ser injetados diretamente no citoplasma do ovócito, na chamada ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Então, o embrião gerado é transferido para o útero da paciente.
A doação de óvulos é indicada durante os procedimentos de reprodução assistida realizados em mulheres que estejam com reserva ovariana muito diminuída ou até na menopausa, seja ela precoce ou não. É importante ressaltar que a resolução 2168/2017 determina que a idade máxima para a realização da FIV é 50 anos, exceto que faça uma solicitação de liberação do CRM para o caso específico da paciente, que irá se pronunciar após análise do caso específico.
Além disso, a doação de óvulos também é importante em casos de casais homoafetivos masculinos, possibilitando a realização da FIV. Mulheres submetidas à FIV e que tenham sofrido sucessivas falhas de implantação também podem recorrer à ovodoação, caso seja constatado que as falhas ocorreram por problemas com o gameta feminino.
Há também mulheres que necessitam ter seus ovários removidos no contexto do tratamento de doenças e, dessa forma, não podem mais ovular. Nesses casos, a ovodoação também pode ser uma solução para aquelas que desejam ter filhos.
Conforme explicitado, a qualidade dos ovócitos utilizados é importante para determinar o sucesso da FIV, já que influi diretamente na qualidade dos embriões. Portanto, a mulher que deseja doar ovócitos deve ser submetida a exames que visam determinar sua saúde, de acordo com as regras estabelecidas pelo CFM.
A doação de óvulos é uma importante técnica cuja realização tem auxiliado mulheres e casais homoafetivos masculinos no contexto da realização da FIV. Se esse texto foi de auxílio e informativo, compartilhe-o em suas redes sociais.
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