Indicada para mulheres com disfunção na ovulação, a estimulação ovariana é um procedimento realizado nos tratamentos de reprodução assistida. Tem como propósito estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos, pois durante o ciclo menstrual normal a mulher libera apenas um.
A estimulação ovariana é o primeiro procedimento das três principais técnicas de reprodução assistida: relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e FIV (fertilização in vitro). A indicação da mais adequada para cada caso considera diferentes critérios, entre eles a idade da mulher que vai realizar o tratamento.
Os problemas de ovulação representam um percentual bastante expressivo de todos os casos de infertilidade feminina e geralmente surgem como consequência de irregularidades menstruais, que podem ser provocadas por diferentes condições.
Este texto explica a estimulação ovariana nos tratamentos de reprodução assistida, destacando os possíveis riscos associados ao procedimento e as causas que provocam distúrbios de ovulação.
A cada mês, em um ciclo natural, embora existam vários folículos, apenas um se desenvolve e ovula. O processo é estimulado pela ação de diferentes hormônios, que da mesma forma atuam em outras fases do ciclo menstrual e na gravidez.
Alterações nos níveis hormonais provocam irregularidades menstruais, que resultam em problemas de ovulação, caracterizados pelo desenvolvimento e amadurecimento inadequados do folículo ou pela falha em liberar o óvulo (ausência de ovulação ou anovulação).
Irregularidades menstruais, por outro lado, podem ser causadas por condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e distúrbios da tireoide.
Na estimulação ovariana, o crescimento e o desenvolvimento dos folículos são estimulados por medicamentos que contêm hormônios sintéticos semelhantes aos secretados pelo organismo, administrados desde o início do ciclo menstrual.
Para acompanhar o desenvolvimento, ultrassonografias transvaginais são realizadas periodicamente. Quando eles atingem o tamanho ideal, o amadurecimento final e a ovulação são induzidos, da mesma forma, por medicamentos hormonais.
No entanto, cada técnica de reprodução assistida utiliza um protocolo diferente. Nas técnicas de baixa complexidade, RSP e IIU, a dosagem hormonal é mais baixa, pois o objetivo é obter até três óvulos maduros, pois a fecundação ocorre naturalmente, nas tubas uterinas.
Já na FIV (fertilização in vitro), a dosagem é mais alta. Como a fecundação ocorre em laboratório, o objetivo é obter a maior quantidade de óvulos possíveis e esse número varia significativamente, principalmente de acordo com a idade da mulher.
Porém, em ambos os casos, a dosagem é individualizada de acordo com as características de cada paciente.
RSP e IIU são indicadas para mulheres com problemas de disfunção na ovulação que tenham até 37 anos e as tubas uterinas saudáveis. Na RSP, entretanto, os espermatozoides também devem estar saudáveis, pois o tratamento tem como objetivo programar a relação sexual para o período mais fértil apontado pelos exames de ultrassonografia.
Já na IIU, como os espermatozoides são selecionados por técnicas de preparo seminal, eles podem ter pequenas alterações. Após a indução da ovulação, a inseminação é realizada.
A FIV, por outro lado, é indicada para mulheres com disfunção de ovulação acima dos 37 anos. O tratamento pode ser feito também quando há problemas nas tubas uterinas, alterações mais graves nos gametas masculinos, ou mesmo quando há ausência deles no sêmen ejaculado, condição conhecida como azoospermia.
Os melhores espermatozoide também são selecionados por técnicas de preparo seminal, assim como cirurgias e punção permitem a coleta deles direto do epidídimo ou dos testículos em homens azoospérmicos.
Na FIV, após a indução da ovulação, os folículos são coletados por punção folicular e os óvulos são coletados.
Óvulos e espermatozoides mais saudáveis seguem para a etapa de fecundação, que pode ser realizada de duas formas: FIV clássica, pouco realizada hoje, ou pela FIV com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Na FIV clássica, ambos os gametas são colocados em placas de cultivo para que fecundem naturalmente. Na ICSI, cada espermatozoide é injetado no interior do óvulo, portanto quando há poucos espermatozoides essa é a melhor indicação.
Os embriões formados são cultivados por até seis dias em laboratório e podem ser transferidos para o útero em três estágios de desenvolvimento: D2, D3 ou D5. Em D5, está em estágio de blastocisto.
A estimulação ovariana aumenta as chances de gestação gemelar, que pode causar complicações para a mulher e para o feto, como pré-eclâmpsia — quando há aumento da pressão arterial —, parto prematuro e bebês nascidos com baixo peso.
O aumento da produção hormonal pelos ovários, mais raramente, resulta em uma condição conhecida como síndrome da hiperestimulação ovariana (SHO), que pode causar alterações metabólicas e problemas mais sérios, como a trombose venosa profunda (TVP) ou a perda da gravidez. Essa, no entanto, é uma condição bastante rara que pode ser facilmente evitada.
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