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Falha de implantação: quais podem ser as causas

Falha de implantação: quais podem ser as causas

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Problemas durante o processo de implantação embrionária, talvez menos conhecidos pelos casais tentantes, podem inviabilizar a gestação, provocando perdas gestacionais e aborto de repetição. Podem, inclusive, estar por trás de um quadro mais severo de infertilidade conjugal, por fatores femininos.

Milhões de pessoas em idade reprodutiva no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), receberam ou receberão o diagnóstico de infertilidade. Desses casos, cerca de 50% são exclusivamente problemas relacionados à infertilidade feminina.

A saúde do endométrio – tecido que reveste a parede interna do útero –, está diretamente relacionada com a falha de implantação embrionária: o tecido precisa estar devidamente preparado para receber o embrião, caso contrário, ele pode não conseguir se fixar de forma satisfatória.

Este texto tem por objetivo explicar a falha de implantação embrionária e suas possíveis causas. Aproveite a leitura!

O que é o endométrio?

O útero é um órgão oco, cuja parede é formada por três camadas de tecido distintas. A intermediária, o miométrio, é uma camada espessa de músculo, cujo papel está ligado principalmente às contrações no momento do parto. O perimétrio é a camada serosa externa em contato com o peritônio, e o endométrio.

O endométrio é a camada de revestimento interna, tecido altamente vascularizado em que acontece a implantação do embrião para o início da gestação. Nele, posteriormente, a placenta também se desenvolve.

O que é implantação embrionária?

A implantação embrionária, chamada ainda de nidação ou fixação, marca o início da gravidez propriamente dita, tanto na concepção natural, quanto na reprodução assistida, e acontece entre 5 e 7 dias após a fecundação.

A fecundação por vias naturais ocorre no interior das tubas uterinas, com a fusão dos pronúcleos do óvulo e do espermatozoide, formando o zigoto, cujo núcleo contém todo o material genético de um ser humano completo. Essa célula primordial começa, então, a se dividir e multiplicar, formando o embrião.

Durante os primeiros dias após a fecundação, o embrião se dirige ao interior do útero, atingindo o endométrio, onde precisa buscar um local adequado para se fixar.

A implantação embrionária ou fixação acontece após o rompimento da zona pelúcida embrionária e a infiltração do embrião no tecido endometrial.

O que é falha na implantação embrionária?

A falha na implantação embrionária acontece quando o embrião não consegue se fixar e é expelido antes que a gestação tenha início.

Esse processo pode ocorrer espontaneamente, em ciclos naturais, sem grandes alterações que justifiquem a perda gestacional – inclusive sem que a mulher sequer tome conhecimento de que estava grávida –, embora algumas doenças possam dificultar as tentativas para engravidar, por provocar falhas na implantação embrionária.

Quando isso ocorre durante um tratamento com a FIV (fertilização in vitro), suas causas podem estar relacionadas à fase da estimulação ovariana, etapa inicial do tratamento, que utiliza medicação hormonal com potencial para interferir na dinâmica hormonal do útero e do ciclo reprodutivo como um todo.

Como a falha na implantação embrionária pode ocorrer?

De forma geral, a infertilidade por falha na implantação embrionária pode estar ligada a doenças genéticas, hereditárias ou não, e adquiridas, entre outras causas:

A janela de implantação corresponde ao período mais propício para que o embrião consiga se implantar no endométrio. O sucesso da gravidez depende da perfeita sincronia entre a chegada do embrião ao útero e a receptividade do endométrio, inclusive nos tratamentos com as técnicas de reprodução assistida.

O desencontro entre a janela de implantação e o desenvolvimento do embrião, pode impossibilitar uma gestação.

A falha na implantação do embrião também pode ocorrer devido a inflamações no endométrio, causadas principalmente por DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), com destaque para clamídia e gonorreia, que são as mais comuns em homens e mulheres durante a idade reprodutiva.

Doenças como miomas uterinos, principalmente os submucosos, pólipos endometriais e outras estrogênio-dependentes, que provocam a formação de massas celulares, normalmente resultam em inflamações locais, que podem levar a falhas na implantação embrionária.

A DIP, outra condição que pode provocar falhas na implantação, é uma inflamação crônica que, na maior parte as vezes, surge de quadros inflamatórios primários para os quais não foi realizado tratamento ou o tratamento não foi bem-sucedido.

Algumas vezes a falha na implantação do embrião ocorre devido incompatibilidade genética, já que uma das etapas da implantação embrionária é o reconhecimento do embrião pelo endométrio.

O que pode acontecer é o endométrio, por causa do material genético do parceiro presente no embrião, sinalizar às células imunológicas da mulher que identifiquem o embrião como um corpo estranho e realizem sua eliminação por esse motivo.

Quais são as formas de minimizar o problema?

Assim como na maior parte das causas da infertilidade, o primeiro passo para lidar com os casos de falha na implantação embrionária é compreender os motivos pelos quais isso acontece. Para se chegar ao diagnóstico preciso, no entanto, é necessário avaliar a saúde reprodutiva da mulher, com a realização de exames de imagem e laboratoriais.

Dependendo do diagnóstico por trás das falhas de implantação, podem ser escolhidos tratamentos primários, que focam a remissão dessas doenças, ou a mulher pode receber indicação para tratamento com reprodução assistida.

A técnica de reprodução assistida mais apta a auxiliar casais com infertilidade por falhas na implantação embrionária é a FIV.

Isso porque é uma técnica complexa, em que os gametas são coletados e posteriormente a fecundação acontece em ambiente laboratorial. Após a fecundação, os embriões são cultivados por até 6 dias e, em seguida, transferidos para o útero, onde se espera que a implantação aconteça.

Além de permitir o controle e monitoramento de todo esses processo, a FIV conta com a possibilidade do freeze-all, que consiste no congelamento de todos os embriões obtidos na fecundação.

Os embriões congelados podem ser transferidos no próximo ciclo reprodutivo ou quando o monitoramento do preparo endometrial mostrar um endométrio receptivo para receber o embrião.

Se após o freeze-all a mulher não apresentar um bom preparo endometrial naturalmente, esse processo pode ser feito com auxílio de medicação hormonal – normalmente à base de estrogênio e progesterona –, induzindo o espessamento do endométrio.

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