A infertilidade feminina é uma condição que afeta uma parcela considerável de mulheres em idade reprodutiva e normalmente está associada ao desequilíbrio na dinâmica dos hormônios sexuais e ao comprometimento de alguma das estruturas reprodutivas.
Os órgãos e estruturas mais internos do aparelho reprodutor feminino incluem os ovários e tubas uterinas, além do útero – onde toda a gestação se desenvolve. Localizado no centro da cavidade pélvica, o útero é um órgão oco e por isso formado principalmente pelos tecidos que compõem sua parede.
Em formato de pera invertida, o útero se comunica com os ovários pelas tubas. Estas estruturas tubulares recebem o óvulo após a ovulação e sediam a fecundação, se esta ocorrer. Com a formação do embrião, as tubas também auxiliam sua chegada ao interior da cavidade uterina, onde a nidação dá início à gestação propriamente dita.
Algumas alterações uterinas e tubárias podem comprometer a fertilidade das mulheres e devem ser investigadas principalmente com auxílio de exames de imagem, como a histerossalpingografia.
Continue conosco na leitura deste texto e saiba o que a histerossalpingografia pode diagnosticar, além de entender melhor como o exame é feito e qual seu papel na investigação das causas da infertilidade feminina.
A histerossalpingografia é uma modalidade ginecológica de radiografia, que obtém imagens da região pélvica, com um contraste marcando especificamente o útero e as tubas uterinas.
Por ser à base de iodo, o contraste reage com a radiação do exame tornando-se mais brilhante do que as estruturas não marcadas pela substância.
O contraste da histerossalpingografia é inseminado diretamente na cavidade uterina e preenche também as tubas uterinas, marcando especialmente a passagem no interior dessas estruturas, seu formato anatômico e a presença de massas celulares salientes.
Para que a histerossalpingografia possa ser realizada é importante garantir que a mulher não esteja grávida e que também não existam infecções ativas no útero e nas tubas.
Além disso, aconselha-se que o exame não seja feito durante o período menstrual, para que a descamação do endométrio não atrapalhe a visualização do útero.
A mulher pode receber indicação para o uso de laxantes na véspera do exame, para que o esvaziamento do intestino facilite a obtenção de boas imagens. Uma medicação anti-inflamatória também pode ser utilizada antes do procedimento, para diminuir a possibilidade de desconfortos, principalmente durante a inseminação do contraste.
A histerossalpingografia tem início com a infusão do contraste, com a mulher em posição ginecológica, por via transvaginal. Alguns minutos depois, o aparelho de radiografia é posicionado próximo ao abdômen pélvico, disparando um feixe contínuo de raios-X, que produz imagens em tempo real.
Alguma cólica e desconforto podem ser sentidos nas horas que se seguem ao procedimento. Caso a mulher apresente febre, sangramentos abundantes e dor pélvica, deve procurar atendimento médico rapidamente.
A metodologia utilizada pela histerossalpingografia, principalmente em função do contraste, permite a identificação de algumas doenças e condições especialmente envolvidas com a formação de tumorações uterinas e a obstrução das tubas uterinas.
Normalmente a histerossalpingografia é solicitada quando algumas hipóteses diagnósticas são levantadas por exames mais simples, como a ultrassonografia pélvica transvaginal.
A histerossalpingografia pode ser uma forma de fechar o diagnóstico levantado por esses exames mais simples, mas também pode ser um exame intermediário, que aponta a necessidade de mais exame, como a ressonância magnética.
Miomas uterinos – especialmente os miomas submucosos – e pólipos endometriais, doenças estrogênio-dependentes que provocam a formação de massas celulares no útero, estão entre as condições que podem ser identificadas pela histerossalpingografia.
Sinequias e aderências, que podem ser resultado de processos cirúrgicos no útero, partos, curetagens e abortos, podem comprometer o formato e o funcionamento deste órgão. Essas cicatrizes podem interferir na fertilidade feminina e são passíveis de identificação com a histerossalpingografia.
As tubas uterinas também podem ser danificadas por aderências, normalmente resultado da atividade de algumas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e de procedimentos cirúrgicos. Essas cicatrizes normalmente levam à obstrução das tubas uterinas, uma das principais condições diagnosticadas pela histerossalpingografia.
Nestes casos, é importante lembrar que a histerossalpingografia não pode ser realizada durante o período ativo da infecção, nos casos de ISTs. É imprescindível que a infecção seja tratada e erradicada antes do procedimento.
A histerossalpingografia normalmente é utilizada para avaliar as chances de que as cicatrizes da atividade microbiana possam ter deixado obstruções nas tubas uterinas.
As malformações uterinas também podem ser observadas pela histerossalpingografia, embora o exame somente seja solicitado em situações específicas, já que a ultrassonografia pélvica, mais simples que a histerossalpingografia, também é capaz de diagnosticar, nestes casos.
A histerossalpingografia é um exame de imagem que avalia exclusivamente aspectos da saúde uterina e tubária e por isso frequentemente solicitado para avaliação da fertilidade feminina.
A fertilidade das mulheres está associada à produção de óvulos, na ovulação, mas também ao acesso dos espermatozoides a este óvulo para a fecundação, que ocorre nas tubas, e às condições para manter a gestação, que se desenvolve no útero, até o parto.
As alterações uterinas passíveis de identificação pela histerossalpingografia podem prejudicar a implantação embrionária e os primeiros estágios do desenvolvimento embrionário, provocando infertilidade feminina que se manifesta em dificuldade para engravidar, aborto espontâneo e aborto de repetição.
No caso das doenças que provocam obstrução tubária, uma condição também identificada pela histerossalpingografia, além das dificuldades para engravidar já que a fecundação pode ser impedida, a mulher também tem mais chance de desenvolver uma gestação ectópica – o que não somente leva à perda gestacional, mas também oferece riscos graves à saúde da mulher.
A reprodução assistida é uma possibilidade de tratamento para a infertilidade, incluindo os casos de infertilidade feminina por fatores tubários e uterinos, principalmente quando os tratamentos primários não conseguem restabelecer a capacidade reprodutiva.
A indicação de cada técnica é feita considerando as causas da infertilidade e as limitações metodológicas de cada procedimento. Nesse sentido, a FIV (fertilização in vitro) é a única técnica que atende às demandas dessas formas de infertilidade feminina.
Isso porque na FIV a fecundação acontece fora do corpo da mulher, em laboratório, com óvulos e espermatozoides coletados previamente, e transferidos diretamente para o útero, após o desenvolvimento inicial dos embriões. Dessa forma, é possível realizar a fecundação dispensando o papel das tubas uterinas.
Além disso, a fecundação em laboratório permite que os embriões obtidos sejam criopreservados (congelados) para que a transferência embrionária aconteça somente quando o útero estiver realmente receptivo.
A FIV com criopreservação dos embriões abre espaço também para o atendimento dos casos mais graves de infertilidade feminina por fator uterino, em que o casal pode buscar uma mulher que aceite passar pela gestação dos embriões conseguidos com as células reprodutivas dos pais.
Leia mais sobre a histerossalpingografia e suas aplicações tocando neste link.
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