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O que é aborto de repetição?

O que é aborto de repetição?

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Existe uma diferença entre aborto e abortamento. Enquanto o abortamento é o evento de eliminação do concepto antes da 22ª semana ou se peso do feto for inferior a 500g, o aborto é o produto do abortamento. Dessa forma, podemos dizer que o aborto de repetição se caracteriza por duas ou mais perdas consecutivas antes da 22ª semana de gestação.

São chamados abortos espontâneos aqueles que ocorrem sem que causas externas intencionais sejam responsáveis pela perda gestacional. O aborto provocado no Brasil é proibido por lei, com as devidas exceções para os casos de gestação resultante de estupro, anencefalia e risco de vida para a mãe.

A perda gestacional pode ser um processo bastante dolorido para o casal, por isso o acolhimento é muito importante. Quanto mais planejada a gestação, mais frustrante é essa perda, que ganha proporções maiores ainda para os casais que abortam repetidas vezes.

As causas mais comuns que levam as mulheres a perder a gestação de forma muito precoce são anomalias no processo de implantação embrionária causada por problemas genéticos, a presença de miomas e pólipos, além de doenças como endometriose, adenomiose e SOP (síndrome dos ovários policísticos), trombofilias, entre outras.

Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e entenda o que é aborto de repetição e como é possível cuidar dessa condição e devolver o sonho de ter filhos aos casais que passam por isso.

Aborto de repetição

Quando qualquer gravidez não resulta em pelo menos um nascimento vivo, sendo interrompida antes do feto ser viável para a vida extra uterina, seja essa interrupção espontânea, seja induzida (independentemente dos motivos), chamamos “perda gestacional”.

A gestação costuma ser um processo que carrega consigo, além das transformações fisiológicas que pressupõe, também uma carga emocional grande, que inclui tanto as esperanças da realização de um sonho, como pressões externas, cobranças e autocobranças e muita expectativa.

Quando as perdas gestacionais não intencionais acontecem duas ou mais vezes seguidas, são chamadas aborto de repetição. O casal que passa pelas diversas perdas gestacionais que caracterizam o aborto de repetição corre o risco de desenvolver patologias psicológicas, como depressão e ansiedade, nesse processo.

Causas do aborto de repetição

O aborto espontâneo é uma condição relativamente frequente, com frequência estimada entre 15% e 25% de todas as gestações. Já o aborto de repetição tem prevalência bem menor, em torno de 1% a 5%. Por isso, diante de um primeiro aborto, o mais provável é que esse evento não se repita, sendo uma fatalidade isolada e ao acaso.

Acredita-se que em até 60% dos casos de aborto espontâneo uma ou mais anomalias relacionadas ao aborto de repetição estejam envolvidas na etiologia dessas situações.
Os problemas de saúde que podem resultar nesse quadro incluem alterações cromossômicas, imunológicas, endócrinas, trombofílicas, anatômicas, infecciosas, ambientais e psicológicas.

Condutas pós-aborto

O acolhimento é uma das condutas mais importantes dos profissionais de saúde com a mulher e mesmo com o casal que passou por uma perda gestacional, independentemente das suas causas.

Assim, a mulher deve esperar apoio emocional imediato, reforço da importância da mulher, buscando estimular sua autoestima e respeitando seu estado emocional, assim como a abordagem de assuntos como o contexto da relação em que se deu a gravidez e as possíveis repercussões do abortamento no relacionamento com o parceiro e dentro dos grupos sociais em que essa mulher está inserida, como família, amigos, colegas etc.

As condutas médicas fisiológicas envolvidas no cuidado após a perda gestacional podem incluir a aspiração manual intrauterina (AMIU), ou por meio da curetagem convencional, repouso nas 2 horas seguintes ao procedimento e atenção a alterações que possam significar complicações pós-aborto.

O casal deve ficar atento e procurar atendimento médico imediato caso observem cólicas por tempo prolongado, sangramento por mais de duas semanas ou mais abundante do que uma menstruação normal, dor intensa ou prolongada e principalmente febre, calafrios, mal-estar geral e desmaios.

Investigação das causas do aborto

A investigação deve incluir uma boa anamnese (história clínica do processo de abortamento para ajudar o médico a nortear a investigação da causa), bateria de exames laboratoriais e de imagem que possam rastrear a saúde da mulher como um todo.

Entre os exames laboratoriais estão a análise genética do casal, a dosagem hormonal, que pode identificar doenças estrogênio-dependentes (como miomas e endometriose), e alterações de androgênios (como na SOP, síndrome dos ovários policísticos), entre outras, como distúrbios de hormônios da tireoide, prolactina e até glicemia.

Também muito importantes são os testes sorológicos para suspeitas de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e os testes para trombofilias, caso sejam detectados casos de trombofilia durante a análise do histórico familiar e individual da mulher. Entre os exames de imagem, a ultrassonografia endovaginal e a RM (ressonância magnética) são especialmente úteis em avaliar patologias uterinas como causa do aborto.

O tratamento mais adequado para cada caso é, como era de se esperar, definido com base nos resultados diagnósticos.

Reprodução assistida

Quando a repetição sequencial de perdas gestacionais tem origens cromossômicas ou quando suas causas não podem ser identificadas, a melhor alternativa será a FIV (fertilização in vitro).

A FIV abre a possibilidade de seleção embrionária após a aplicação de testes que promovem análises genéticas do embrião, evitando a implantação de embriões que podem ter riscos de não serem implantados no útero materno.

O teste genético pré-implantacional (PGT) é feito, dentro dos procedimentos da FIV, na etapa de cultivo embrionário e ajuda a identificar alterações cromossômicas e algumas alterações gênicas, não necessariamente hereditárias, que podem estar causando os abortos de repetição.

Leia mais sobre abortos de repetição, suas causas e tratamento tocando aqui.

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