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O que é adenomiose?

O que é adenomiose?

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É no útero que o embrião implanta e desenvolve até o nascimento. O órgão, um dos mais importantes do sistema reprodutor feminino, é revestido por três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio ou camada serosa. Duas delas, o endométrio e o miométrio, são particularmente importantes para a gravidez.

O endométrio, formado por tecido epitelial vascularizado, o reveste internamente. É nele que o embrião implanta e fica abrigado até que a placenta seja formada.

Miométrio é a camada intermediária, de musculatura lisa, com fibras que aumentam em quantidade e tamanho na hora do parto, permitindo, assim, as contrações.

Já o perimétrio é a mais externa e é formado principalmente por uma camada serosa, constituída de mesotélio e tecido conjuntivo.

A adenomiose ocorre quando o endométrio cresce na camada muscular (miométrio). Continue a leitura para entender melhor esta patologia uterina.

Saiba mais sobre a adenomiose

Apesar de não ser muito conhecida, a adenomiose é bastante comum e pode afetar uma em cada dez mulheres no mundo todo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por ser quase sempre assintomática geralmente é tardiamente diagnosticada e, com a progressão da doença, que causa a formação de pequenas bolsas no miométrio, os sintomas podem surgir de forma mais severa, comprometendo a qualidade de vida das mulheres portadoras.

No entanto, quando é diagnosticada precocemente, os sintomas podem ser evitados pela administração de medicamentos.

Até o momento não existe uma causa definida para o crescimento do tecido anormal no miométrio, mas estudos vêm demostrando que os receptores de hormônios esteroides sexuais, moléculas inflamatórias, enzimas da matriz extracelular e fatores de crescimento, por exemplo, desempenham um papel importante no seu surgimento.

De acordo com a teoria mais comum, a adenomiose resulta da invaginação do endométrio basal no miométrio através de uma zona juncional, limite entre o miométrio e o endométrio, alterada ou interrompida.

O que pode ser consequência de contrações miométricas, resultando em microtraumas contínuos à zona juncional, causando inflamação que, por sua vez, promove o aumento da dor e contração e por consequência mais inflamação, induzindo a um ciclo vicioso e mantido sob influência da ação hormonal de estrogênios.

Ou seja, a cada vez que ocorre a lesão ela é reparada e a continuidade leva à invasão de glândulas e estroma endometriais ao miométrio. Essa teoria apoia o entendimento comum de que a adenomiose está associada à multiparidade, à cesariana prévia e à cirurgia uterina prévia.

Outra teoria alternativa propõe que a doença surge a partir da metaplasia de células-tronco embrionárias ou adultas no miométrio, levando ao estabelecimento de novo tecido endometrial ectópico dentro da parede miometrial.

Por ser dependente de estrogênio, assim como outras patologias uterinas, geralmente retrocede na menopausa, período em que os níveis do hormônio são naturalmente muito baixos a ausentes. Além disso, a adenomiose é benigna e raramente afeta a fertilidade feminina.

Embora sempre tenha sido considerada uma condição clássica de mulheres multíparas acima de 40 anos com dor e sangramento menstrual intenso, o cenário epidemiológico mudou completamente. A adenomiose é cada vez mais identificada em mulheres jovens com dor e infertilidade ou nenhum sintoma. Geralmente é detectada por técnicas de imagem como a ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética (RM).

A relação com a infertilidade também é justificada por diferentes estudos. Eles sugerem, por exemplo, que a alteração na zona juncional pode causar falhas na implantação do embrião, na gravidez natural ou por fertilização in vitro (FIV), principalmente se forem muitos focos e de forma difusa no miométrio.

E ainda que as bolsas formadas no miométrio como consequência do processo inflamatório tendem a causar hipermobilidade uterina irregular, inibindo, dessa forma, o transporte de espermatozoides até as tubas uterinas e, consequentemente, a fecundação. A mobilidade do embrião também pode ser afetada, assim como a sua capacidade de implantação.

Quais são os sintomas de adenomiose?

Mulheres afetadas por adenomiose podem apresentar sangramento uterino anormal, dismenorreia (cólicas severas), dispareunia (dor durante a relação sexual) ou infertilidade, mas um terço delas são assintomáticas. Em muitos casos, o sangramento pode ocorrer durante um tempo maior ou mesmo entre os períodos menstruais.

Um especialista deverá ser consultado quando os sintomas manifestarem por mais de dois meses consecutivos. Se for diagnosticada precocemente, as chances de serem aliviados por medicamentos são bem maiores.

Como a adenomiose é diagnosticada e tratada?

A evolução de técnicas de imagem, como ressonância magnética e ultrassonografia transvaginal, possibilitou um diagnóstico não invasivo de adenomiose. Entre as características que podem indicar a doença estão as alterações da zona juncional, como o espessamento, a presença de bolsas (cistos) no miométrio, assimetria da parede uterina e sombreamento do miométrio.

O tratamento tem como objetivo a redução dos sintomas provocados pela doença. Se a mulher não deseja engravidar, para controlar o fluxo menstrual abundante e cólicas severas, são prescritos medicamentos hormonais.

A cirurgia é indicada quando há o desejo de engravidar ou os sintomas impactarem a qualidade de vida. O objetivo é a eliminação do tecido ectópico por ablação endometrial por histeroscopia.

Adenomiose, infertilidade e técnicas de reprodução assistida

Se a mulher for infértil e a adenomiose a principal causa, a técnica mais indicada para aumentar as chances de gravidez é a FIV, considerada a mais eficiente entre os tratamentos de reprodução assistida, por possuir maiores índices de sucesso.

Antes, porém, os níveis hormonais são bloqueados por um período de dois a seis meses, causando, assim, uma redução da inflamação e, garantindo ao mesmo tempo, maior receptividade uterina.

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