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O que é ciclo menstrual irregular?

O que é ciclo menstrual irregular?

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É comum que os casais, especialmente aqueles que dão início às tentativas para engravidar, busquem informações sobre o funcionamento do sistema reprodutivo e da fertilidade feminina para saber em qual momento do ciclo menstrual existe mais chance de engravidar naturalmente.

Nesse sentido, o ciclo menstrual irregular pode interferir no cálculo do período fértil, sendo um dos principais obstáculos para que o casal consiga engravidar.

Quando a mulher apresenta um quadro de ciclo menstrual irregular, precisa procurar atendimento médico, já que essa alteração pode ser sintoma de alguma doença reprodutiva, inclusive com potencial para causar infertilidade feminina.

Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor o que é o ciclo menstrual irregular e como a fertilidade da mulher pode ser afetada por esse quadro. Boa leitura!

Entenda melhor como acontece o ciclo menstrual

A fertilidade das mulheres, diferente do que acontece na dinâmica do corpo masculino, se organiza de forma cíclica. Isso significa que uma série de eventos encadeados precisam ocorrer para que uma única célula reprodutiva amadureça por completo e fique disponível para a fecundação.

Além da ovulação, o ciclo reprodutivo também é marcado pela saída do sangue menstrual, resultado do preparo endometrial e ausência de fecundação, que também é consensualmente considerado o primeiro dia do ciclo reprodutivo.

No momento da menstruação, o endométrio acabou de descamar e conta somente com sua camada basal. Os níveis de estrogênios e progesterona são os menores do ciclo, o que induz o hipotálamo a retomar a produção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas).

O GnRH ativa a produção das gonadotrofinas, FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), e a hipófise libera esses hormônios na corrente sanguínea, para que cheguem aos ovários, órgãos alvo.

Nos ovários, as gonadotrofinas atuam principalmente na produção do estradiol, o tipo de estrogênio predominante na mulher quando ela não está grávida. Para isso, o LH estimula algumas células foliculares a produzir testosterona e esse hormônio é convertido em estradiol pelo FSH.

O estradiol atua, nessa fase do ciclo menstrual, principalmente, no espessamento do revestimento da cavidade uterina para o preparo endometrial.

Quando estradiol e LH alcançam seu pico máximo de concentração acontece a ovulação, rompimento do folículo dominante para liberação do óvulo maduro para as tubas uterinas, em que fica por 24h disponível para a fecundação.

A ovulação acontece aproximadamente 14 dias após a chegada do sangue menstrual, em um ciclo regular médio de 28 dias, marcando o momento mais fértil da mulher.

A formação do corpo lúteo é outra consequência da ovulação, já que essa estrutura é constituída pelas células do folículo rompido que permanecem nos ovários e produzem progesterona sob estímulo do LH.

A progesterona complementa a ação do estradiol no endométrio, finalizando o preparo endometrial e tornando o útero receptivo a um possível embrião.

Se a fecundação não ocorrer, o corpo lúteo degenera, interrompendo a produção de progesterona. A alguns dias depois o endométrio descama e a mulher menstrua novamente.

Como saber se meu ciclo menstrual é irregular?

Embora a duração dos ciclos menstruais possa variar tanto entre as mulheres, como entre os diversos ciclos menstruais de uma mesma mulher, acredita-se que em média o ciclo normal seja de 28 dias.

Ainda dentro da normalidade, as mulheres podem apresentar uma variação de 26 a 34 dias de duração para cada ciclo.

Mulheres que apresentam frequentemente ciclos menstruais menores que 25 dias e maiores que 35 dias podem considerar que têm ciclo menstrual irregular.

O que pode causar ciclo menstrual irregular?

O ciclo menstrual irregular pode ter causas idiopáticas, ou seja, impossíveis de determinar com precisão, mas a maior parte dos casos está envolvida com quadros de diversas doenças.

A SOP (síndrome dos ovários policísticos) é uma das principais causas do ciclo menstrual irregular, ao lado da endometriose ovariana, que produz os endometriomas.

Nessas doenças, a irregularidade do ciclo menstrual se deve a um quadro de oligovulação, que se manifesta na oligomenorreia, ou seja, ciclos menstruais irregulares e escassos, que pode chegar à anovulação completa e amenorreia.

Na SOP, a oligomenorreia é resultado das alterações decorrentes principalmente da inibição da ovulação, resultado da produção anormal de testosterona. O aumento na testosterona corresponde também, na SOP, a um rebaixamento na concentração de estrogênios.

Essa dinâmica faz com que o pico hormonal pré-ovulatório não aconteça, inibindo a ovulação, além de produzir reflexos no preparo endometrial, que fica deficiente pela ausência de estradiol e progesterona.

No caso da endometriose ovariana, os endometriomas e os desequilíbrios estrogênicos, que induzem o crescimento e a inflamação desses cistos, criam um ambiente tóxico para o córtex, onde está armazenada a reserva ovariana.

Além da anovulação, os endometriomas também podem danificar a reserva ovariana, levando à infertilidade feminina permanente.

Ciclo menstrual irregular e infertilidade feminina

A dificuldade para engravidar é a principal consequência do ciclo menstrual irregular, além dos sintomas específicos das doenças por trás desse quadro, quando são diagnosticadas.

Quando a mulher apresenta ciclo menstrual irregular, o cálculo do período fértil pode ser incerto, já que é mais difícil estimar o momento da ovulação. Isso pode levar a dificuldades para engravidar, mas também pode resultar em infertilidade feminina.

A anovulação com amenorreia ou não, é considerado um dos diagnósticos mais graves entre os quadros de infertilidade por fatores ovarianos que apresentam ciclo menstrual irregular, já que os processos do ciclo menstrual responsáveis pela ovulação não acontecem.

A reprodução assistida para a mulher com ciclo menstrual irregular

Todas as técnicas de reprodução assistida podem ajudar, de alguma forma, a mulher com ciclo menstrual irregular a engravidar, já que a medicação utilizada na estimulação ovariana, etapa compartilhada por elas, atua sobre o ciclo menstrual.

Na RSP (relação sexual programada) e na IA (inseminação artificial), técnicas de baixa complexidade, a estimulação ovariana é feita com doses baixas da medicação hormonal, que atuam de forma mais leve sobre o ciclo menstrual. Por isso, essas técnicas são indicadas para os casos iniciais e mais leves de SOP e endometriose ovariana, em que a mulher apresenta oligovulação.

Na FIV (fertilização in vitro), técnica de alta complexidade indicada inclusive para casos mais graves de anovulação, a estimulação ovariana é mais robusta, pois a técnica necessita de uma quantidade mais expressiva de gametas femininos para a coleta e fecundação em laboratório.

A intensidade da estimulação ovariana na FIV é interessante para os casos de anovulação não somente porque induz a ovulação com mais chances de sucesso, mas também porque ao atuar na dinâmica do ciclo menstrual favorece o preparo endometrial.

Em todas as técnicas de reprodução assistida a estimulação ovariana ajuda na determinação do período fértil quando o ciclo menstrual é irregular. Quer saber como calcular o seu período fértil? Toque neste link!

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