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O que é gestação compartilhada?

O que é gestação compartilhada?

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A década de 2010 trouxe avanços importantes à luta por direitos civis, empreendida pela comunidade LGBT+, para o reconhecimento da unidade familiar homoafetiva em toda a sua complexidade: em 2011, o reconhecimento legal da união civil e em 2015, a autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM) para utilizar a reprodução assistida com objetivo de ter filhos biológicos.

A reprodução assistida para casais homoafetivos depende obrigatoriamente da doação de sêmen, no caso das mulheres, e da ovodoação, no caso dos homens – que também dependem da cessão temporária de útero, um processo igualmente regulamentado pelo CFM, em que o casal deve buscar uma mulher, aparentada em até 4 graus com um dos parceiros, que aceite passar pela gestação.

No caso das uniões homoafetivas femininas, os procedimentos são mais simples. Como não há necessidade do útero de substituição nem da ovodoação, o casal não depende exclusivamente da FIV (fertilização in vitro) – como acontece com os homens – podendo buscar auxílio da IA (inseminação artificial): uma técnica de baixa complexidade, em que o sêmen do doador é inseminado no útero de uma das parceiras.

Contudo, a FIV para casais homoafetivos femininos permite a gestação compartilhada, em que as duas mulheres do casal participam diretamente da gestação, assunto que trataremos com mais profundidade no texto a seguir.

Boa leitura!

O que é gestação compartilhada?

A gestação compartilhada é feita exclusivamente pela FIV, e busca inserir o casal homoafetivo feminino como um todo no processo gestacional: enquanto a fecundação acontece com oócitos de uma das mulheres e o sêmen de um doador anônimo, sua companheira é quem recebe os embriões e passa por toda a gestação.

Para isso, as etapas tradicionais da FIV sofrem algumas alterações, para se adaptar às demandas específicas da gestação compartilhada.

FIV e gestação compartilhada

Estimulação ovariana e preparo endometrial

A primeira etapa da FIV normalmente é a estimulação ovariana, em que a mulher recebe doses de medicamentos hormonais, no início do ciclo menstrual, para induzir o recrutamento e amadurecimento de um número específico de folículos.

No caso dos casais homoafetivos femininos que optam pela gestação compartilhada, a mulher que fornece os oócitos deve passar pela estimulação ovariana ao mesmo tempo que o preparo endometrial de sua parceira é monitorado e, caso necessário, estimulado também por medicação hormonal.

Por isso, antes de dar início à FIV, os ciclos reprodutivos das mulheres precisam ser alinhados e seu início precisa ser simultâneo. A estimulação ovariana leva alguns dias e é monitorada por ultrassonografia transvaginal, exame também utilizado para acompanhar o preparo endometrial de sua parceira, até que seja constatado o auge do crescimento folicular, abrindo espaço para a segunda etapa da FIV: coleta de gametas.

Coleta de gametas e fecundação

A coleta de óvulos é feita por um procedimento simples, a aspiração folicular, realizada por via transvaginal.

Antes da fecundação, a amostra de sêmen do doador é selecionada, descongelada e submetida ao preparo seminal, em que se extrai subamostras com uma concentração maior de espermatozoides viáveis.

A fecundação, atualmente, é feita com mais frequência por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica que aumenta as chances de gravidez. Nesta, um espermatozoide é selecionado e inserido diretamente no meio intracelular do oócito, através de uma agulha especial.

Cultivo embrionário e o monitoramento do preparo endometrial

Após a fecundação, os embriões obtidos são cultivados de 3 a 5 dias, período utilizado para observar o desenvolvimento deles. Este é também o momento adequado para a realização do PGT (teste genético pré-implantacional), caso seja optado e o casal tenha indicação para tal.

Ao mesmo tempo, deve ser realizado o monitoramento do preparo endometrial da mulher que receberá os embriões, para que a transferência possa ser realizada.

Transferência dos embriões para a parceira

A transferência embrionária é feita, então, ao final do período de cultivo embrionário, de forma semelhante ao que acontece com os tratamentos tradicionais da FIV: os embriões são aspirados do local de cultivo e depositados na cavidade uterina da mulher que passará pela gestação.

Recomenda-se repouso moderado nos dias que sucedem a transferência embrionária, e as atividades normais, exceto a prática intensa de esportes, é aconselhada durante todo esse período.

Cerca de 20 dias após o procedimento, recomenda-se a realização do teste de gravidez e a confirmação ultrassonográfica da gestação.

Posso passar pela gestação compartilhada com outras técnicas de reprodução assistida?

Embora os casais homoafetivos femininos possam recorrer à IA para ter filhos biológicos, a gestação compartilhada só pode ser feita pela FIV, a única técnica que permite a fecundação dos oócitos fora do corpo da mulher, um processo fundamental para que a gestação seja, precisamente, compartilhada.

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