Prostatite ou inflamação da próstata é uma patologia masculina bastante comum que pode afetar homens de todas as idades, embora seja mais frequente acima dos 40 anos.
Localizada logo abaixo da bexiga, a próstata é uma glândula do tamanho de uma noz. Ela tem como principal função a produção do líquido seminal, que protege os espermatozoides do ambiente ácido da vagina e forma o sêmen ejaculado.
O processo inflamatório estimula o crescimento anormal da glândula, causando sintomas como dor e dificuldades para urinar, e pode resultar em diferentes complicações, incluindo infertilidade.
Os sintomas e interferências na saúde variam de acordo com o tipo de prostatite. Atualmente, os principais órgãos de saúde mundial classificam a prostatite em quatro diferentes tipos:
Este texto explica a prostatite. Destaca os tipos, sintomas e complicações provocados por cada um, o que causa o processo inflamatório, diagnóstico e tratamento.
As causas que provocam a prostatite também são diferentes em cada tipo. A prostatite inflamatória assintomática, por exemplo, geralmente é descoberta incidentalmente durante a investigação de outros problemas no trato urinário ou reprodutivo. Embora geralmente não cause complicações, tem sido associada de acordo com vários estudos à presença de leucócitos (glóbulos brancos) em amostras específicas da próstata ou do líquido seminal, e, em alguns casos, a presença de bactérias.
Como a próstata está localizada próxima ao trato urinário, geralmente a prostatite bacteriana aguda ocorre a partir da disseminação de uma infecção urinária, causada na maioria das vezes por cepas comuns de bactérias. No entanto, da mesma forma que outras inflamações no sistema reprodutor masculino, pode resultar também de bactérias sexualmente transmissíveis, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae.
A prostatite aguda ocorre repentinamente e, se não for tratada, tende a tornar-se recorrente e crônica.
Já na prostatite crônica ou síndrome da dor pélvica crônica, embora seja o tipo mais comum, as causas ainda permanecem desconhecidas. Alguns estudos sugerem uma associação a danos nos nervos da região pélvica, que ocorrem como consequência de cirurgias e traumas, à presença de produtos químicos na urina ou resposta do sistema imunológico a infecções no trato urinário. Fatores de risco como o estresse psicológico também podem contribuir.
A prostatite inflamatória assintomática, como o nome indica, não apresenta nenhum sintoma, por isso normalmente é descoberta durante a investigação de outras condições. E pesquisas atuais indicam que ela pode resultar em hiperplasia prostática benigna (HPB).
Essa condição causa alterações no trato urinário e afeta muito a qualidade de vida de homens de meia-idade e idosos, nos quais a incidência é maior. A HPB tem como característica o crescimento da glândula prostática em decorrência da proliferação das células epiteliais.
Nos outros tipos de prostatite, os sintomas variam de acordo com a causa que levou ao processo inflamatório e nem sempre manifestam da mesma forma em todos os homens.
Na prostatite bacteriana aguda, por exemplo, manifestam subitamente e em maior severidade. Os mais comuns são necessidade urgente e frequente de urinar, inclusive durante os períodos de sono, geralmente com sensação de ardor e muitas vezes com presença de sangue, além de retenção urinária, dificuldade para iniciar o fluxo, esse fica fraco ou interrompido e incapacidade de urinar (bloqueio urinário).
Dores no corpo, principalmente na região inferior do abdome e costas, na virilha e na região genital, náuseas, vômito, febre e calafrios, também estão entre os sintomas.
Se não for tratada, a prostatite bacteriana aguda pode causar complicações, como epididimite, que é uma inflamação dos epidídimos, abscessos na próstata e, em estágios mais graves, bacteremia, presença de bactérias na corrente sanguínea.
Quando a inflamação é persistente, a prostatite torna-se crônica. Na prostatite bacteriana crônica, os sintomas são semelhantes aos que ocorrem na fase aguda, mas manifestam em menor severidade, da mesma forma que tendem a ser intermitentes. Esse tipo de prostatite resulta em anormalidades no sêmen e, consequentemente, em infertilidade.
O tipo mais comum, a prostatite crônica ou síndrome da dor pélvica crônica, geralmente é sinalizada pela dor em algumas regiões, que surge e desaparece repentinamente, ao mesmo tempo que pode manifestar simultaneamente em diferentes locais e tende a ocorrer durante a ejaculação. Os mais comuns são testículo, ânus, períneo e parte inferior das costas.
Outros sintomas menos comuns incluem dor no pênis durante ou após urinar, vontade frequente e urgente de urinar, fluxo fraco ou interrompido.
Esse tipo de prostatite não resulta em complicações, no entanto os sintomas podem impactar bastante a qualidade de vida dos homens portadores.
Durante o exame digital da próstata, é possível detectar alterações na glândula, como inchaço e sensibilidade, que indicam a possibilidade de prostatite. Exames laboratoriais e de imagem são realizados posteriormente para confirmar o diagnóstico e identificar a causa ou mesmo descartar a incidência de outras patologias que podem manifestar sintomas semelhantes.
Entre os exames laboratoriais estão o exame de sangue, que confirma a inflamação indicando o tipo de bactéria, o teste de urina, que permite determinar se a prostatite resulta de infecções urinárias, da mesma forma que aponta o tipo de bactéria, e o rastreio para bactérias sexualmente transmissíveis.
O espermograma, padrão para avaliar a fertilidade masculina, é realizado para analisar a qualidade seminal e verificar se há presença de sangue no sêmen, assim como indica possíveis alterações nos gametas masculinos.
Exames de imagem são realizados para analisar a próstata e o trato urinário, possibilitando a detecção de infecções ou a presença de tumores, ao mesmo tempo que excluem outras causas. Os mais comumente realizados são a ultrassonografia da próstata, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada.
Em alguns casos, uma biópsia das células prostáticas pode ser realizada para confirmar a inflamação e excluir a incidência de neoplasias.
Quando há suspeita de prostatite inflamatória assintomática, pode ser indicada a massagem prostática, procedimento que possibilita a análise das secreções da próstata.
Os resultados diagnósticos contribuem para orientar o tratamento adequado para cada caso.
O tratamento para prostatite geralmente é farmacológico, embora em alguns casos seja necessária a intervenção cirúrgica.
Antibióticos são prescritos para a prostatite bacteriana aguda, de acordo com a bactéria, em ciclos mais curtos. No entanto, quando a infecção é recorrente, o tratamento é realizado em ciclos mais longos.
Nos casos mais graves, pode ser ainda necessária uma internação de curto prazo para administração de antibióticos injetáveis e fluidos, posteriormente associados aos orais. A inflamação tende a desaparecer completamente após os ciclos de tratamento.
Se a inflamação for provocada por bactérias sexualmente transmissíveis, indica-se o tratamento da parceira, pois pode haver reinfecção e outras complicações.
A prostatite bacteriana crônica também é tratada por antibióticos, porém eles são administrados por um período mais longo, cerca de seis meses e em baixas doses para prevenir a recorrência da infecção. Se houver recorrência após o tratamento, podem ser prescritos outros tipos de antibióticos ou a combinação de vários.
Medicamentos alfa-bloqueadores são prescritos se houver problemas de micção, para relaxar os músculos da próstata e bexiga.
Já para a prostatite crônica ou síndrome da dor pélvica crônica são prescritos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) para combater a inflamação e aliviar a dor e medicamentos alfa-bloqueadores para os problemas de micção.
A abordagem cirúrgica é indicada apenas quando há a formação de abscessos, para drená-los.
A aplicação de compressas quentes ou banho de assento morno, evitar atividades que podem irritar a próstata, como ficar sentado por períodos longos ou andar de bicicleta, e beber bastante água para facilitar a eliminação das bactérias são medidas que contribuem para o sucesso do tratamento, da mesma forma que diminuem o desconforto provocado pela inflamação.
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