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Quem pode recorrer à FIV (fertilização in vitro)?

Quem pode recorrer à FIV (fertilização in vitro)?

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A FIV (fertilização in vitro), é provavelmente a técnica de reprodução assistida mais conhecida entre as pessoas, embora não seja a única da medicina reprodutiva que auxilia na obtenção da gravidez. A RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), também podem ser indicados para infertilidade conjugal.

No entanto, a FIV não atende somente aos casos de infertilidade, mas também a outras demandas reprodutivas, como a preservação da fertilidade e o atendimento de casais homoafetivos masculinos e femininos que desejam ter filhos.

Continue a ler este texto e saiba quem pode recorrer à FIV para ter filhos.

A FIV é a técnica mais abrangente

A FIV é considerada a técnica de reprodução assistida mais abrangente entre as disponíveis atualmente, particularmente por permitir a realização de diversas etapas do processo reprodutivo em laboratório, de forma altamente controlada.

A possibilidade de obter gametas masculinos e femininos, inclusive por doação, e realizar a fecundação em laboratório, não somente melhora as chances de sucesso da gestação com a FIV para casais inférteis, mas abre portas para o atendimento de outras demandas reprodutivas, além da infertilidade conjugal.

Geralmente, as chances de sucesso da FIV são em média 40% por ciclo, podendo ser mais altas após três ciclos de tratamento.

Como a FIV é feita?

Estimulação ovariana

A primeira etapa da FIV também é realizada nas demais técnicas de reprodução assistida. A estimulação ovariana, um tratamento hormonal iniciado normalmente no primeiro dia do ciclo menstrual, em são administradas doses diárias de análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e das próprias gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante).

O objetivo da estimulação ovariana na FIV é induzir o recrutamento e amadurecimento de uma boa quantidade de folículos ovarianos para a coleta. A evolução dos folículos, nessa etapa, é monitorada por ultrassonografia pélvica transvaginal, que indica o momento para induzir a ovulação.

A indução da ovulação é feita com uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana) e a coleta de folículos é realizada cerca de 34 horas após a aplicação de hCG.

Aspiração folicular e preparo seminal para coleta de gametas

Na FIV, tanto gametas femininos como masculinos são coletados e manipulados em laboratório.

A coleta das células reprodutivas femininas é feita após cerca de 34 horas da indução da ovulação, por aspiração folicular, um procedimento simples, em que uma agulha é introduzida por via transvaginal até os ovários para aspirar individualmente os folículos dominantes, que contêm óvulos maduros e prontos para a fecundação.

Para coletar os espermatozoides, a FIV pode utilizar uma amostra de sêmen obtida por masturbação, mas também recorrer à recuperação espermática, nos casos de infertilidade masculina grave.

Antes da fecundação, a amostra de sêmen é submetida ao preparo seminal para seleção de subamostras contendo uma concentração maior de espermatozoides viáveis, enquanto os óvulos são extraídos dos folículos e selecionados.

Fecundação

A fecundação na FIV é feita em ambiente laboratorial, com a indução da união dos gametas feminino e masculino em uma placa de vidro contendo meio nutritivo e protetivo, daí o nome da técnica, fertilização in vitro.

Atualmente, existem duas formas de realizar a fecundação na FIV: a tradicional, em que os gametas são simplesmente colocados na placa de vidro e espera-se que a fecundação ocorra de forma bastante semelhante ao que acontece nas tubas uterinas, com a disputa do óvulo por vários espermatozoides, e por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).

Na ICSI, um único espermatozoide é selecionado, após o preparo seminal, e injetado diretamente no meio intracelular do óvulo, por um micromanipulador de gametas. Embora a fertilização tradicional ainda seja utilizada, a ICSI é cada vez mais um procedimento padrão na FIV, por aumentar consideravelmente as chances de sucesso dessa etapa.

Cultivo embrionário

Na FIV, é praxe buscar a formação de mais de um embrião, já que nos 3 a 5 dias que sucedem a fecundação, período chamado cultivo embrionário, os embriões são observados quanto à normalidade dos primeiros eventos para a sua formação.

No cultivo embrionário da FIV é possível realizar o PGT (teste genético pré-implantacional), indicado principalmente para a prevenção da transmissão de doenças genéticas. No PGT, uma amostra das células embrionárias é obtida por biópsia e seu DNA é sequenciado, em busca de alterações e anomalias.

Os embriões em que são localizados esses problemas genéticos são descartados, enquanto os saudáveis podem ser transferidos para o útero, última etapa da FIV.

Transferência dos embriões

Para que a transferência dos embriões na FIV seja feita com chances maiores de sucesso, é importante acompanhar o preparo endometrial da mulher. É comum que a etapa de estimulação ovariana prejudique esse processo, embora isso não seja uma regra, demandando a realização do freeze-all.

O freeze-all consiste no congelamento dos embriões durante o cultivo embrionário, para que a transferência aconteça no ciclo em que o endométrio se mostre mais receptivo.

Para a transferência, os embriões são depositados, por via transvaginal, no interior da cavidade uterina e espera-se que a nidação, e consequentemente o começo da gestação, aconteça.

Quem pode recorrer à FIV?

Por ser uma técnica altamente complexa e abrangente, uma boa parte das pessoas pode recorrer à FIV para ter filhos. O tratamento da infertilidade conjugal é uma das principais indicações da FIV, ao lado da preservação da fertilidade.

Na preservação da fertilidade, óvulos e espermatozoides são criopreservados (congelados) para que a fecundação aconteça quando houver desejo reprodutivo. A preservação da fertilidade auxilia principalmente mulheres que desejam adiar a maternidade com segurança e pacientes oncológicos, cujo tratamento pode provocar infertilidade.

No caso da infertilidade feminina, a FIV contorna problemas ovarianos pela intensidade da etapa de estimulação ovariana, problemas tubários, por permitir a fecundação em laboratório, e problemas uterinos, por possibilitar o freeze-all e um preparo endometrial controlado.

Para infertilidade masculina, a FIV com ICSI e recuperação espermática por PESA ou TESA, que obtêm espermatozoides diretamente dos epidídimos e testículos, respectivamente, é especialmente indicada quando há escassez de gametas masculinos, permitindo a fecundação.

A fecundação na FIV também pode ser feita com gametas obtidos por doação de sêmen e ovodoação, o que é interessante não somente para os casos de infertilidade conjugal graves, em que o casal não pode contar com seus gametas para ter filhos, mas também para o atendimento de casais homoafetivos.

Os casais homoafetivos femininos também podem recorrer à IA, mas na FIV é possível a gestação compartilhada, em que uma das mulheres do casal fornece os óvulos, que são fecundados com espermatozoides de um doador, e após o cultivo embrionário os embriões são transferidos para o útero da outra mulher do casal.

No caso dos casais homoafetivos masculinos, além da ovodoação, também há necessidade de buscar uma mulher que aceite passar pela cessão temporária de útero e gestar o bebê.

A cessão temporária de útero também é uma opção para mulheres que passaram pela histerectomia, a cirurgia de retirada do útero.

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