Durante algum tempo, a infertilidade conjugal foi atribuída exclusivamente a problemas relacionados à infertilidade feminina, o que representou um verdadeiro desafio, especialmente para os estudos sobre infertilidade masculina e o aprimoramento das técnicas de reprodução assistida para esses casos.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a quantidade de casos de infertilidade conjugal causados por fatores femininos ou masculinos isolados é relativamente proporcional, mostrando definitivamente que a infertilidade conjugal não é causada exclusivamente por problemas no aparelho reprodutivo das mulheres.
Entre as principais causas de infertilidade masculina, a azoospermia é não só a mais comum, como também pode ser das mais graves. Em muitos casos, essa condição pode impossibilitar os homens de ter filhos por vias naturais.
Para estes casos, a medicina reprodutiva oferece a possibilidade de realizar a recuperação espermática, com auxílio de técnicas complementares à FIV (fertilização in vitro), como PESA e MESA, TESE e Micro-TESE – os dois últimos, mais complexos e indicados para os casos de azoospermia não obstrutiva.
Este texto apresenta as técnicas complementares de TESE e Micro-TESE, mostrando como podem auxiliar homens com azoospermia não obstrutiva a ter filhos biológicos.
A infertilidade masculina pode ser causada por problemas na espermatogênese – processo de formação dos espermatozoides, a partir do amadurecimento dos espermatócitos, nos túbulos seminíferos – ou pela presença de obstruções no trajeto dessas células em direção aos ductos deferentes e uretra.
A azoospermia é uma das formas mais severas de infertilidade masculina, e consiste na ausência de espermatozoides no líquido ejaculado. Esta condição é capaz de inviabilizar a fecundação e seu tratamento normalmente é feito com reprodução assistida.
A azoospermia pode ser causada por uma série de alterações, dentre as quais destacamos as mais recorrentes:
Dependendo dos motivos que levaram ao quadro de azoospermia, podemos classificar essa condição como obstrutiva ou não obstrutiva.
Normalmente decorrente de anomalias genéticas, na azoospermia não obstrutiva o processo de formação e amadurecimento dos espermatozoides está prejudicado e as células reprodutivas masculinas não se formam ou não chegam aos epidídimos.
Isso pode acontecer como resultado de alterações hormonais, que diminuem a produção espermática, alterações nas condições físicas do interior da bolsa escrotal, como na varicocele, ou como sequela de ISTs e inflamações testiculares.
No casos de varicocele, a primeira abordagem normalmente é a correção da varicocele, que cauteriza os vasos defeituosos e visa restabelecer as condições normais de temperatura e pressão no interior da bolsa escrotal – contudo, para a maior parte dos casos de infertilidade por azoospermia não obstrutiva, a reprodução assistida é indicada.
A FIV (fertilização in vitro) é considerada hoje a primeira abordagem para diversos casos de infertilidade masculina, especialmente aqueles causados por azoospermia não obstrutiva.
A indicação deve-se principalmente à possibilidade de realizar diferentes técnicas complementares para a recuperação espermática, imprescindíveis para viabilizar a coleta de gametas masculinos, o que não acontece nas demais técnicas – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial).
As técnicas complementares utilizadas especificamente nesses casos, são a TESE e a Micro-TESE, que recuperam espermatozoides diretamente dos túbulos seminíferos, e são procedimento cirúrgicos.
Na TESE, a recuperação espermática é feita pela realização de uma biópsia do tecido testicular onde encontram-se os túbulos seminíferos. A coleta de material para biópsia demanda que os testículos sejam expostos, por isso é realizada uma incisão na bolsa escrotal, com objetivo de acessar essas estruturas.
A análise da biópsia é feita na mesma ocasião da coleta de material para esse procedimento e, por isso, pode ser repetido, inclusive no outro testículo, caso não sejam encontrados espermatozoides viáveis na primeira coleta.
O procedimento por trás da Micro-TESE é muito parecido com o que acontece na TESE, com o diferencial do uso de um microscópio cirúrgico, que permite a visualização mais detalhada dos túbulos seminíferos.
A necessidade de manipulação dos testículos para o uso do microscópio faz com que este procedimento seja, no entanto, mais complexo. Em alguns casos, usa-se anestesia geral, e por isso devem ser feitos em ambiente hospitalar.
A Micro-TESE é um procedimento mais preciso, se comparado à TESE, e é considerada uma evolução da primeira técnica, principalmente por possibilitar a coleta de um número mais expressivo de espermatozoides.
Esses procedimentos interferem nas taxas de sucesso da FIV?
Sim, todas as técnicas complementares de recuperação espermática têm a principal função ampliar a abrangência da técnica e aumentar as chances de gestação, por viabilizar a obtenção de espermatozoides saudáveis, nos casos de infertilidade masculina em que não é possível ter acesso às células reprodutivas pela amostra de sêmen, normalmente conseguida por masturbação.
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