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TESE e Micro-TESE: possibilidades para a infertilidade masculina grave

TESE e Micro-TESE: possibilidades para a infertilidade masculina grave

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Durante algum tempo, a infertilidade conjugal foi atribuída exclusivamente a problemas relacionados à infertilidade feminina, o que representou um verdadeiro desafio, especialmente para os estudos sobre infertilidade masculina e o aprimoramento das técnicas de reprodução assistida para esses casos.

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a quantidade de casos de infertilidade conjugal causados por fatores femininos ou masculinos isolados é relativamente proporcional, mostrando definitivamente que a infertilidade conjugal não é causada exclusivamente por problemas no aparelho reprodutivo das mulheres.

Entre as principais causas de infertilidade masculina, a azoospermia é não só a mais comum, como também pode ser das mais graves. Em muitos casos, essa condição pode impossibilitar os homens de ter filhos por vias naturais.

Para estes casos, a medicina reprodutiva oferece a possibilidade de realizar a recuperação espermática, com auxílio de técnicas complementares à FIV (fertilização in vitro), como PESA e MESA, TESE e Micro-TESE – os dois últimos, mais complexos e indicados para os casos de azoospermia não obstrutiva.

Este texto apresenta as técnicas complementares de TESE e Micro-TESE, mostrando como podem auxiliar homens com azoospermia não obstrutiva a ter filhos biológicos.

O que é infertilidade masculina grave?

A infertilidade masculina pode ser causada por problemas na espermatogênese – processo de formação dos espermatozoides, a partir do amadurecimento dos espermatócitos, nos túbulos seminíferos – ou pela presença de obstruções no trajeto dessas células em direção aos ductos deferentes e uretra.

A azoospermia é uma das formas mais severas de infertilidade masculina, e consiste na ausência de espermatozoides no líquido ejaculado. Esta condição é capaz de inviabilizar a fecundação e seu tratamento normalmente é feito com reprodução assistida.

O que causa azoospermia?

A azoospermia pode ser causada por uma série de alterações, dentre as quais destacamos as mais recorrentes:

Dependendo dos motivos que levaram ao quadro de azoospermia, podemos classificar essa condição como obstrutiva ou não obstrutiva.

O que é azoospermia não obstrutiva?

Normalmente decorrente de anomalias genéticas, na azoospermia não obstrutiva o processo de formação e amadurecimento dos espermatozoides está prejudicado e as células reprodutivas masculinas não se formam ou não chegam aos epidídimos.

Isso pode acontecer como resultado de alterações hormonais, que diminuem a produção espermática, alterações nas condições físicas do interior da bolsa escrotal, como na varicocele, ou como sequela de ISTs e inflamações testiculares.

No casos de varicocele, a primeira abordagem normalmente é a correção da varicocele, que cauteriza os vasos defeituosos e visa restabelecer as condições normais de temperatura e pressão no interior da bolsa escrotal – contudo, para a maior parte dos casos de infertilidade por azoospermia não obstrutiva, a reprodução assistida é indicada.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

A FIV (fertilização in vitro) é considerada hoje a primeira abordagem para diversos casos de infertilidade masculina, especialmente aqueles causados por azoospermia não obstrutiva.

A indicação deve-se principalmente à possibilidade de realizar diferentes técnicas complementares para a recuperação espermática, imprescindíveis para viabilizar a coleta de gametas masculinos, o que não acontece nas demais técnicas – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial).

As técnicas complementares utilizadas especificamente nesses casos, são a TESE e a Micro-TESE, que recuperam espermatozoides diretamente dos túbulos seminíferos, e são procedimento cirúrgicos.

TESE (testicular sperm extraction)

Na TESE, a recuperação espermática é feita pela realização de uma biópsia do tecido testicular onde encontram-se os túbulos seminíferos. A coleta de material para biópsia demanda que os testículos sejam expostos, por isso é realizada uma incisão na bolsa escrotal, com objetivo de acessar essas estruturas.

A análise da biópsia é feita na mesma ocasião da coleta de material para esse procedimento e, por isso, pode ser repetido, inclusive no outro testículo, caso não sejam encontrados espermatozoides viáveis na primeira coleta.

Micro-TESE (microdissection testicular sperm extraction)

O procedimento por trás da Micro-TESE é muito parecido com o que acontece na TESE, com o diferencial do uso de um microscópio cirúrgico, que permite a visualização mais detalhada dos túbulos seminíferos.

A necessidade de manipulação dos testículos para o uso do microscópio faz com que este procedimento seja, no entanto, mais complexo. Em alguns casos, usa-se anestesia geral, e por isso devem ser feitos em ambiente hospitalar.

A Micro-TESE é um procedimento mais preciso, se comparado à TESE, e é considerada uma evolução da primeira técnica, principalmente por possibilitar a coleta de um número mais expressivo de espermatozoides.

Esses procedimentos interferem nas taxas de sucesso da FIV?

Sim, todas as técnicas complementares de recuperação espermática têm a principal função ampliar a abrangência da técnica e aumentar as chances de gestação, por viabilizar a obtenção de espermatozoides saudáveis, nos casos de infertilidade masculina em que não é possível ter acesso às células reprodutivas pela amostra de sêmen, normalmente conseguida por masturbação.

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