Uma ferramenta molecular, o teste ERA utiliza a tecnologia NGS (next generation sequencing ou sequenciamento de nova geração) para definir o momento de maior receptividade do endométrio ao embrião e tentar prevenir falhas de implantação.
Analisa simultaneamente o sequenciamento genético de cerca de 200 genes envolvidos no ciclo endometrial, indicando, assim, o período mais receptivo para a transferência embrionária, conhecido como janela da implantação.
É uma das técnicas complementares ao tratamento por FIV (fertilização in vitro) e visa aumentar as taxas de gravidez.
Este texto mostra o funcionamento do ERA, destacando os casos em que ele é indicado.
Desde o início do ciclo natural, o espessamento do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina, é estimulado pela ação de diferentes hormônios envolvidos no processo reprodutivo, até ele adquirir um fenótipo receptivo para a implantação do embrião: é responsável por abrigá-lo e nutri-lo enquanto a placenta é formada.
Uma das principais etapas do tratamento por FIV, a estimulação ovariana controlada é um procedimento realizado com medicamentos hormonais com o objetivo de obter mais óvulos maduros para serem fecundados.
No entanto, assim como estimulam o desenvolvimento e maturação de mais folículos, os medicamentos também podem interferir na receptividade endometrial, levando a uma variação na janela de implantação, momento que o útero estaria pronto para receber o embrião.
Dessa forma, para minimizar falhas na implantação do embrião, um dos fatores que levam ao insucesso do tratamento, surgiu o teste ERA. Este é realizado antes de o embrião ser transferido para o útero. A análise é feita a partir da coleta de células do endométrio, sendo, portanto, invasivo no útero, e não podendo transferir os embriões de imediato.
O diagnóstico é obtido em cerca de 15 dias, logo os embriões obtidos na FIV e selecionados, devem ser congelados e transferidos apenas em ciclos consecutivos ao tratamento da FIV, quando já de posse do resultado do teste do ERA, indicando o período em que o útero estaria receptivo.
Como o resultado não é em tempo real, seria um teste de presunção, pois se presume que nos ciclos seguintes, fazendo o mesmo preparo no útero, a paciente teria resposta semelhante. No entanto, ainda não há estudos de meta-análise confirmando a real eficácia desse teste.
O embrião pode ser transferido para o útero em dois estágios de desenvolvimento: D3 ou blastocisto (D5), dependendo da indicação.
A opção em D3, geralmente, é indicada nos casos em que o casal tem menos embriões para selecionar, sendo mais adequado, nesse caso, o desenvolvimento dos embriões em ambiente natural (útero). O embrião em D3 deve ser transferido dois dias antes do melhor período determinado pelo ERA.
Nos casos em que o casal tem muitos embriões, geralmente os embriões são levados até o D5 visando selecionar o melhor embrião.
O ERA é principalmente indicado quando os embriões têm uma boa qualidade morfológica e/ ou genética ou ainda o útero morfologicamente normal e espessura endometrial adequada e ainda assim ocorrem falhas de implantação repetida (RIF), condição caracterizada como a falha de gravidez nos tratamentos por FIV após três tentativas consecutivas.
Porém, vale ressaltar que diferentes condições também podem levar a falhas na implantação do embrião e/ou abortamento, incluindo alterações cromossômicas como a aneuploidia, anormalidades uterinas, entre elas o endométrio fino, fatores imunológicos e defeitos espermáticos.
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