Blastocisto é a fase de desenvolvimento entre o quinto e o sexto dia, quando as células começam a se diferenciar por função. Na FIV (fertilização in vitro), após serem formados, os embriões são cultivados em laboratório por até cinco dias antes da transferência para o útero materno.
Anteriormente, o embrião era tradicionalmente transferido entre o segundo e terceiro dia de desenvolvimento, fase conhecida como D3 ou clivagem. Hoje, a possibilidade de cultivo por mais tempo, com segurança, se tornou possível. Assim, a opção principal nos tratamentos por FIV passou a ser a transferência de blastocisto. O processo se tornou conhecido como cultura estendida e possibilitou a solução de diferentes problemas que podem levar a falhas na gestação.
Este texto demonstra o funcionamento da transferência de blastocisto, destacando os benefícios de ela ocorrer nessa fase de desenvolvimento embrionário.
O tratamento por FIV é realizado em cinco diferentes etapas: estimulação ovariana ou indução da ovulação, punção folicular, coleta de sêmen, fecundação, cultivo embrionário e transferência do embrião.
Os embriões são formados através da técnica de ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), onde um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, pelo embriologista.
Cerca de 18h após a fertilização, é verificado formação do zigoto (D1), e o embrião inicia o processo de divisão celular, sendo acompanhado diariamente pelo embriologista, dependendo da estratégia adotada de transferência. Entre 45 e 46h após a fertilização (D2), os embriões atingem o estágio de 4 células (também chamadas de blastômeros), e com 54 a 57h (D3), o estágio de 8 células. A partir de então, inicia o processo de compactação, e os embriões atingem o estágio de mórula (D4). Ocorre uma intensa atividade metabólica, as células apresentam junções comunicantes, e entre o dia 5 a 7 (D5 a D7) ocorre polarização dos blastômeros e diferenciação celular, e o embrião é agora chamado de blastocisto.
A transferência de blastocisto é realizada no quinto dia de desenvolvimento do embrião, quando ele já atingiu essa fase. Entre as vantagens proporcionadas pela transferência em D5 está a maior sincronização com o útero, pois é nessa fase que a implantação do embrião ocorre em um processo natural. No entanto, ainda que a transferência de blastocisto seja a principal indicação atualmente, em alguns casos o desenvolvimento em ambiente natural (útero) é mais favorável, por isso em alguns casos opta-se pela transferência de embriões em estágio de clivagem (D2 e D3).
Esse cultivo prolongado dos embriões em laboratório, até a fase de blastocisto, permitiu a aplicação de outras técnicas, como o teste genético pré implantacional, que permite a avaliação das células embrionárias e a detecção de diferentes distúrbios genéticos e anormalidades cromossômicas.
A transferência de blastocisto está associada a maiores taxas de sucesso gestacional quando comparada à transferência em D2/D3. Ainda assim, não é sempre necessário e cada caso deve ser avaliado individualmente para a melhor indicação.
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