Toda infecção subentende a interferência de agentes externos ao corpo, como fungos, vírus e bactérias, que se instalam em tecidos ou órgãos específicos e usam a estrutura das células afetadas para se alimentar e se reproduzir.
Normalmente o corpo ataca esses agentes pela ação do sistema imunológico, causando inflamações nos tecidos afetados, que, ao se tornarem crônicas, podem alterar sua anatomia ou fisiologia.
Quando a via de transmissão dessas infecções se dá por contato sexual, elas são chamadas ISTs ou infecções sexualmente transmissíveis. As consequências das ISTs para homens e mulheres são inúmeras e podem ser graves, mas muitas vezes são assintomáticas e, por isso, a demora em buscar tratamento pode deixar sequelas indesejáveis, como a infertilidade.
As ISTs que mais causam infertilidade, em homens e mulheres, são o papilomavírus humano ou HPV, a sífilis, herpes genital, gonorreia e a clamídia – essa última considerada a IST de maior prevalência do mundo, sendo 5% da população mundial adulta portadora de clamídia, que, ao lado da gonorreia, é responsável por cerca de 25% dos casos de infertilidade.
Acompanhe a leitura a seguir e conheça melhor os sintomas da clamídia e saiba identificá-la, procurando atendimento médico adequado!
Chamamos clamídia a infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, uma IST que pode atingir não somente os órgãos do aparelho sexual, mas também os olhos, pulmão, uretra e intestinos.
A infecção por clamídia é a IST de maior frequência nos países desenvolvidos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), algumas regiões de países desenvolvidos têm cerca de 90% da sua população infectada.
A clamídia infecta homens e mulheres, e sua transmissão se dá principalmente por duas vias: a sexual (incluindo sexo anal e oral) e também pode ser transmitida da mãe para o feto na passagem pelo canal do parto.
O fato de a clamídia ser uma IST muito comum faz com que alguns mitos surjam a seu respeito. Por isso, lembramos que não se pega clamídia em banheiros ou piscinas públicas, nem pelo contato bucal durante um beijo.
Porém, é possível aumentar as áreas de contaminação da doença, especialmente para os olhos, se as mãos estiverem contaminadas com secreções vaginais e o indivíduo coçar os olhos sem lavá-las antes.
Apesar de ser uma bactéria com potencial para atacar uma diversidade de órgãos no corpo humano, a clamídia é, na maior parte das vezes, assintomática. Estima-se que até 80% das mulheres não apresente sintomas claros dessa doença, que atinge especialmente a uretra e órgãos genitais, mas pode também se manifestar no reto e ânus, na faringe e pulmões, em ambos os sexos.
Nos homens, as principais manifestações da clamídia são ardência ou dor ao urinar, corrimento purulento saindo pela uretra, dor nos testículos, inchaço da bolsa testicular e proctite, que é uma inflamação na mucosa do reto, causando dor local e sensação contínua de necessidade de evacuar.
Ainda que a maioria das mulheres seja assintomática, alguns sintomas são bastante comuns às que os manifestam. Dentre eles podemos destacar corrimento e coceira vaginais, acompanhados de sangramento vaginal, dor abdominal e durante o sexo, além de ardência ou dor ao urinar.
A principal complicação da falta de tratamento da clamídia está relacionada à infertilidade tanto em homens quanto em mulheres.
Como consequências da infecção por clamídia nos homens, os quadros mais comuns são epididimite e orquite, com processos inflamatórios obstrutivos que impedem a passagem dos espermatozoides dos testículos para a uretra, e por isso levam à infertilidade masculina por azoospermia obstrutiva.
Já nas mulheres, as complicações mais graves acontecem quando a infecção atinge outros órgãos do sistema reprodutivo feminino, levando à DIPA, doença inflamatória pélvica aguda, especialmente quando essa atinge as tubas uterinas, causando salpingite e levando à obstrução tubária. Dentro das possibilidades de manifestação da DIPA, a obstrução ou dano tubário é a que mais causa infertilidade feminina.
Estudos mostram que entre mulheres cujos exames não apontaram a presença de anticorpos para clamídia (mostrando que nunca tiveram contato com a bactéria), somente 6% tinham lesões tubárias severas, enquanto entre mulheres com exames que indicaram a presença de clamídia essa porcentagem sobre para 73%.
O foco da ação preventiva da clamídia hoje, em todo o mundo, é obter cada vez mais o diagnóstico dessa infecção antes que suas consequências evoluam para uma DIPA.
A infecção por clamídia durante a gestação ou em mulheres gestantes chega a atingir o feto em 50% a 75% das vezes. Acredita-se que pelo menos 30% das crianças nascidas de mães portadoras de clamídia tenham conjuntivite e cerca de 50% tenham infecção nasofaríngea, que em 30% dos casos chega ao quadro de pneumonia por clamídia.
Além disso, prejudica muito a gestação, podendo provocar parto prematuro, amniorrexe prematura (ruptura da bolsa amniótica), baixo peso do bebê ao nascer, e até mesmo óbito neonatal e endometrite pós-parto.
O diagnóstico de clamídia é bastante simples. Ele começa no exame clínico, em que se observa a presença ou não de secreções purulentas nos órgãos genitais e dor à palpação abdominal em mulheres.
Ainda assim, são necessários exames laboratoriais que confirmem o diagnóstico. O exame laboratorial é feito em amostras dessas secreções da uretra (em homens) e do colo do útero (mulheres). Para ambos, quando há também a prática de sexo anal, amostras colhidas do reto também podem ser solicitadas.
Quando os exames apontam para a presença de anticorpos para clamídia, mesmo em casos assintomáticos, o diagnóstico é positivo.
O tratamento da clamídia, como da maior parte das ISTs, é feito com antibióticos, como por azitromicina ou doxiciclina, ou, no caso de gestantes portadoras, com antibióticos específicos para cada caso e monitoramento especial no pré-natal. Essa é uma terapêutica eficiente e bastante para erradicar completamente a bactéria.
O tratamento deve se estender ao parceiro ou parceira e não evita reinfecção, portanto é importante sempre usar preservativos durante o tratamento de ambos ou se for ter novos parceiros.
Ainda que o tratamento com antibióticos seja altamente eficiente na cura da clamídia, por sua prevalência assintomática, muitas vezes o diagnóstico é feito depois que os efeitos dessa infecção sobre a fertilidade já são graves.
Nesses casos, os casais que sonham ter filhos são aconselhados a recorrer especificamente à FIV (fertilização in vitro) para conseguir engravidar. De qualquer forma, é imprescindível que a clamídia seja devidamente tratada antes de se submeter à FIV, porque a infecção pode chegar ao feto.
A FIV é uma boa ferramenta porque a maior parte dos danos à fertilidade feminina causados pela clamídia afetam as tubas uterinas, causando obstrução parcial, e na fiv coleta os óvulos da mulher diretamente do ovário, faz a fecundação em laboratório e transfere os embriões já para o útero e no homem causando como consequência a azoospermia obstrutiva.
Por isso não é indicada a IIU (inseminação intrauterina) nem a relação sexual programada (RSP), já que nessas técnicas a fecundação ocorre nas tubas uterinas e precisa de espermatozoides no ejaculado em boa concentração e motilidade progressiva.
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