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Congelamento de gametas e embriões: veja as possibilidades

Congelamento de gametas e embriões: veja as possibilidades

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O intenso desenvolvimento que a medicina reprodutiva teve nas últimas décadas, lançando mão inclusive de técnicas utilizadas em outros tipos de procedimento, possibilitou que hoje tanto espermatozoides como oócitos e até mesmo embriões pudessem ser preservados por tempo indefinido por meio da criopreservação.

O prefixo do termo criopreservação vem do grego cryo ou literalmente frio – e esta é uma técnica utilizada para conservação de material biológico, especialmente células e alguns tipos de tecidos, normalmente imersos em nitrogênio líquido, uma substância que tem um ponto de fusão extremamente baixo.

A criopreservação desse tipo de material biológico possibilitou a ampliação das situações em que a fertilização in vitro pode ser indicada de forma adequada, incluindo não somente casais com formas mais agressivas de infertilidade, como também mulheres e casais que desejam adiar a maternidade e casais homoafetivos que buscam ter filhos biológicos.

A doação de espermatozoides, óvulos e embriões também são exemplos de procedimentos possíveis pelo desenvolvimento das técnicas de criopreservação.

Neste texto, vamos mostrar como é realizada a criopreservação de gametas e embriões, além de abordar quais benefícios essa técnica complementar trouxe à FIV.

O que é o congelamento de gametas?

Atualmente a criopreservação é realizada através da técnica de vitrificação.

A criopreservação de gametas é feita normalmente após a coleta do material (oócitos e/ou espermatozoides), que deve permanecer armazenado em bancos de células e tecidos germinativos (BCTG) das clínicas de reprodução assistida, podendo ser destinado à doação e também para uso posterior dos homens e mulheres que forneceram estas células.

A coleta de espermatozoides para criopreservação é feita de forma semelhante àquela utilizada pela maior parte das técnicas de reprodução assistida, em que os gametas masculinos são obtidos a partir de uma amostra de sêmen, conseguida por masturbação, que contém milhões de espermatozoides.

Após a coleta, os espermatozoides são submetidos ao preparo seminal, para que sejam selecionadas frações da amostra de sêmen, contendo uma alta concentração de espermatozoides viáveis.

Para realizar o congelamento de oócitos, contudo, algumas etapas adicionais devem ser realizadas. Isso porque a disponibilidade de oócitos é bastante reduzida em relação à de espermatozoides.

Os protocolos de estimulação ovariana, que consistem na determinação de doses específicas para medicamentos à base de hormônios, são capazes de potencializar o processo de recrutamento oocitário e devem ser utilizados como etapa anterior à coleta de oócitos para criopreservação, pois proporcionam o amadurecimento de mais oócitos por ciclo reprodutivo do que acontece naturalmente nos ovários a cada ciclo menstrual.

A estimulação ovariana deve ser monitorada por ultrassonografias transvaginais sequenciais, que indicam o auge do processo de amadurecimento folicular e por isso o momento ideal para realizar a coleta de folículos ovarianos.

Após a coleta dos ovários, os oócitos serão selecionados de acordo com a maturidade de cada um, e encaminhados para o processo de vitrificação e armazenamento em bancos de células reprodutivas nas clínicas de reprodução assistida, assim como os espermatozoides.

O que é o congelamento de embriões?

O congelamento de embriões é relativamente diferente da criopreservação de oócitos e espermatozoides, ainda que todos esses procedimentos sejam realizados a partir da mesma técnica de criopreservação, a vitrificação.

Uma das principais diferenças entre esses dois procedimentos reside nos motivos que os fazem necessários: enquanto o congelamento de gametas pode ser uma decisão pessoal, o congelamento de embriões é na realidade uma necessidade, mais do que uma escolha pessoal e isso acontece em razão da regulamentação sobre a reprodução assistida no Brasil.

O órgão que atualmente regula as práticas de reprodução assistida no Brasil é o Conselho Federal de Medicina, e este determina o número de embriões a serem transferidos a depender da idade da paciente que coletou os oócitos.

Contudo, para que a seleção embrionária seja feita de forma adequada, é necessário realizar a fecundação do número total de oócitos maduros, fazendo com que a maior parte dos tratamentos com a FIV resulte em um número variável de embriões excedentes.

O CFM também indica a obrigatoriedade de criopreservar todos os embriões viáveis resultantes de qualquer tipo de tratamento com reprodução assistida que não tenham sido utilizados naquele ciclo de tratamento, por no mínimo três anos, quando podem ser legalmente descartados, se for o desejo dos responsáveis pelos embriões.

Como é feito o descongelamento de gametas e embriões?

Da mesma forma que o procedimento para o congelamento de embriões e gametas, o processo inverso, seu descongelamento, deve ser realizado também ambiente laboratorial.

A primeira etapa do descongelamento é a retirada das substâncias protetoras, seguida quase imediatamente do aumento gradativo da temperatura. Essas duas etapas permitem que as células germinativas ou embrionárias sejam reidratadas e consigam retomar suas funções, sem maiores intercorrências.

É importante que o descongelamento deste material biológico seja realizado em uma data próxima da fecundação, quando trata-se de gametas, e da transferência embrionária, quando o material descongelado são embriões.

Criopreservação e a reprodução assistida

É importante ressaltar que a utilização de oócitos e embriões congelados só é possível dentro do contexto da FIV, enquanto as amostras de sêmen congelados podem também ser utilizadas em procedimentos de IA (inseminação artificial).

De toda forma, a utilização deste material biológico deve ser realizada após alguns procedimentos, que incluem principalmente o preparo endometrial para receber os embriões – sejam eles obtidos após o descongelamento ou após a fecundação realizada com gametas igualmente descongelados.

O preparo endometrial, assim como a estimulação ovariana, é também realizado a partir de um tratamento hormonal, neste caso usando principalmente estrogênios e progestagênios, e deve ser igualmente monitorado por ultrassonografia transvaginal, que indica o momento ideal para a transferência embrionária.

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