A fertilidade feminina é uma função cíclica, que depende da integridade do útero, já que a gestação toda se desenrola no interior desse órgão, mas também da disponibilidade de óvulos – as células reprodutivas femininas – e do equilíbrio dos processos envolvendo a ovulação.
Ao nascer, todas as células reprodutivas da mulher já foram formadas e permanecem alojadas nos ovários e estacionadas em um estágio específico de desenvolvimento até a puberdade. Esse conjunto de células é chamado reserva ovariana.
Diferente do que acontece no corpo masculino, a mulher não produz células reprodutivas depois do nascimento e por isso a reserva ovariana é um estoque limitado.
A cada ciclo reprodutivo essas células são sistematicamente consumidas não somente para que participem da ovulação, mas também como suporte hormonal para os eventos gerais do ciclo menstrual.
Esse consumo faz com que a reserva ovariana vá diminuindo com o tempo, até que chegue naturalmente ao fim, com a menopausa – que ocorre por volta da 5ª década de vida da mulher.
Embora esse processo seja natural, alguns fatores podem influenciar a saúde dos ovários e da reserva ovariana, comprometendo o tempo de vida fértil da mulher – o que chamamos menopausa precoce.
Neste texto você vai encontrar informações sobre o que é a menopausa precoce, seus sinais e sintomas e o papel da reprodução assistida na prevenção da infertilidade permanente, nestes casos.
Boa leitura!
Segundo a definição estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a menopausa pode ser constatada quando a mulher deixa de menstruar por perda de função ovariana durante mais de 12 meses consecutivos, sem que qualquer doença ou comorbidade seja causadora deste quadro.
A menopausa é um evento natural da vida reprodutiva da mulher e seus efeitos podem ser sentidos durante alguns anos antes do fim definitivo da reserva ovariana e da fertilidade feminina.
O rebaixamento da reserva ovariana – ligeiramente perceptível já após os 35 anos – leva a uma diminuição da produção de estrogênios e um aumento na concentração de androgênios. As mudanças no balanço hormonal produzem sintomas como:
Normalmente a menopausa acontece por volta dos 50 anos, quando a mulher passa a não mais conseguir engravidar e ter filhos naturalmente.
A menopausa pode também ocorrer em outros momentos da vida da mulher, como nos casos de menopausa em decorrência da retirada cirúrgica dos ovários, menopausa tardia (que acontece após os 53 anos) e a menopausa precoce.
Considera-se que a mulher possa ter um quadro de menopausa precoce quando a reserva ovariana e os ciclos reprodutivos chegam ao fim antes dos 40 anos de idade. Nestes casos, é comum que a mulher já apresente os sintomas da menopausa alguns anos antes desse momento, por volta dos 30 a 35 anos.
Diferente do que se observa em uma mulher que passa pelo processo normal da menopausa, em quem aos 35 anos é possível observar apenas uma pequena redução na fertilidade, nos casos de menopausa precoce nesta idade a mulher já apresenta sintomas claros da menopausa.
É importante que a mulher busque atendimento médico quando nota um espaçamento maior que 40 dias entre os ciclos menstruais, além da diminuição na duração da menstruação e no volume do fluxo menstrual – sinais que podem indicar o início do quadro de menopausa precoce.
A menopausa precoce frequentemente é resultado de alterações genéticas, como a FOP (falência ovariana precoce), presente na síndrome de Turner e outras condições genéticas que implicam em dificuldades reprodutivas, envolvendo os ovários e a reserva ovariana, para a mulher.
Nesse sentido, também a retirada dos ovários (ooforectomia), que pode ser uma consequência de doenças como a endometriose, tumores algumas doenças infecciosas que provocam ooforite, provoca um quadro de menopausa precoce, com todos os sintomas da menopausa tradicional.
A menopausa precoce é uma condição que diminui o tempo de vida fértil da mulher e, dependendo das especificidades de cada caso, pode também significar dificuldades permanentes para engravidar, mesmo em mulheres mais jovens.
Quando a menopausa precoce é resultado de quadros genéticos, é comum que outros sinais levem ao diagnóstico antes da puberdade e, nestes casos, é possível prever que a vida fértil da mulher será mais curta. Nos casos idiopáticos, a mulher somente percebe a possibilidade da menopausa precoce quando os sinais do climatério se manifestam antes do tempo.
Nos casos em que a menopausa precoce é resultado da retirada cirúrgica dos ovários as doenças que levaram à necessidade da ooforectomia podem também já estar comprometendo a fertilidade da mulher antes mesmo da cirurgia.
Na endometriose ovariana, em que os endometriomas crescem aderidos ao córtex dos ovários, o próprio crescimento destes cistos prejudica a reserva ovariana e pode provocar anovulação. A doença pode diminuir a vida fértil da mulher, levando à menopausa precoce, ao mesmo tempo que dificulta a gravidez, com a anovulação.
Com auxílio da reprodução assistida, especialmente da FIV (fertilização in vitro) – técnica mais complexa e abrangente entre as disponíveis atualmente – mesmo a mulher com menopausa precoce pode conseguir uma gestação.
Nos tratamentos com a FIV os embriões são sempre formados fora do corpo da mulher, com a fecundação em laboratório e utilizando células reprodutivas previamente coletadas. As células reprodutivas podem, inclusive, estar conservadas por congelamento (criopreservação) antes da fecundação – o que é interessante sobretudo para mulheres com menopausa precoce.
A preservação da fertilidade com o congelamento de óvulos e a fecundação com ovodoação são as principais alternativas oferecidas pela reprodução assistida à mulher com menopausa precoce. As duas possibilidades somente são viáveis em tratamentos com a FIV.
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