A fertilidade masculina está diretamente ligada a qualidade do sêmen, líquido expelido durante a ejaculação e que contém os espermatozoides e os líquidos produzidos pelas glândulas anexas: próstata, vesícula seminal e glândula bulbouretral.
O plasma seminal, como é chamado o conjunto de líquidos glandulares, tem como principais funções nutrir os espermatozoides e proporcionar um meio alcalino, para que estes espermatozoides sejam conduzidos, no interior do sistema reprodutivo feminino, sem que a acidez natural do canal vaginal danifique essas células.
Assim, a maior parte das alterações na composição do sêmen e nas estruturas envolvidas no trajeto percorrido pelo esperma durante a ejaculação, podem se refletir em prejuízos para a função reprodutiva masculina.
A maior parte dos casos de infertilidade masculina pode ser solucionada pelas técnicas de reprodução assistida, desenvolvidas e disponibilizadas pela medicina reprodutiva atualmente, com destaque para a FIV (fertilização in vitro) e a IA (inseminação artificial).
O preparo seminal é um conjunto de procedimentos, realizados com o objetivo de selecionar os espermatozoides mais viáveis para reprodução assistida. Essa tecnologia complementar aumentou consideravelmente as taxas de gestação para FIV e IA, melhorando a abrangência dessas técnicas para casos mais complexos de infertilidade masculina.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda o que é o preparo seminal, como ele é utilizado na reprodução assistida e em quais situações deve ser indicado.
O preparo seminal é um procedimento realizado na FIV e na IA, com o objetivo de melhorar a qualidade da amostra de sêmen e, com isso, otimizar as chances de fecundação – especialmente nos casos em que a infertilidade masculina se deve a alterações espermáticas.
As principais alterações seminais, que levam à infertilidade, incidem na qualidade ou na concentração dos espermatozoides no líquido ejaculado, e podem ser identificadas pelo espermograma, um exame fundamental para a indicação do preparo seminal.
Este exame detecta se a amostra de sêmen contém poucos ou nenhum espermatozoide (oligozoospermia e azoospermia, respectivamente), se existem problemas de motilidade (astenozoospermia) ou alterações morfológicas (teratozoospermia), que trazem dificuldades para a fecundação.
Nas técnicas de reprodução assistida em que o preparo seminal é possível, este procedimento pode ser feito a partir de tecnologias de seleção espermática, que usam diferentes métodos para se adequar às necessidades impostas pela doença responsável pela infertilidade masculina.
O preparo seminal pode ser realizado a partir de diferentes técnicas que compartilham o mesmo objetivo de selecionar os melhores gametas masculinos para a fecundação.
Após a coleta, geralmente por masturbação, a amostra seminal é avaliada para definir qual técnica será mais adequada para o preparo.
Entre as técnicas de preparo seminal mais utilizadas, destacamos a lavagem seminal (sperm wash), a migração ascendente (swim-up) e o gradiente descontínuo de densidade.
Dependendo das alterações seminais presentes na amostra, pode ser necessária a associação de diferentes técnicas de preparo seminal.
A lavagem seminal, ou sperm wash, é a técnica mais simples de preparo seminal e consiste em submeter a amostra de sêmen, depositada no interior de um tubo de ensaio e sem um meio de cultura específico, a uma intensa força centrífuga, capaz de separar o plasma seminal dos espermatozoides.
Essa técnica é indicada principalmente para casos em que a amostra de sêmen apresenta uma baixa concentração de espermatozoides.
Na migração ascendente, ou swim-up, a amostra de sêmen é depositada no fundo de um tubo de ensaio preenchido por um meio de cultura cuja densidade é diferente da encontrada na amostra seminal, com o objetivo de fazer com que os espermatozoides mais viáveis se desprendam do fundo do tubo e nadem em direção à superfície.
O material sobrenadante é então coletado por uma pipeta especial, para ser utilizado.
O swim-up é indicado para os casos em que amostra seminal encontra-se normal em concentração e motilidade.
No gradiente descontínuo de densidade, o tubo de ensaio deve conter meios de cultura com diferentes densidades, e a amostra de sêmen é depositada na superfície do tubo, e então submetido a uma força centrífuga.
A diversidade de densidades obriga os espermatozoides a nadar com intensidades diferentes, a partir do momento em que a centrífuga é ativada.
Este é um método mais rápido e mais apto a selecionar espermatozoides com melhor morfologia e motilidade, mas que pode apresentar uma concentração espermática mais baixa.
O principal benefício, decorrente do desenvolvimento do preparo seminal, é um aumento no nível de seleção das células reprodutivas masculinas, que favorece a realização de fecundações mais bem-sucedidas, tanto para IA, quanto para FIV.
Foi a partir do preparo seminal, também, que outras técnicas complementares passaram a ser possíveis, como é o caso da ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), cada vez mais utilizada para realizar a fecundação na FIV.
Na ICSI, um único espermatozoide é selecionado para fecundar o óvulo. O preparo seminal é a forma pela qual essa unidade de espermatozoide pode ser selecionada.
Para saber mais acesse o link.
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