Art Fértil
Relação sexual programada (RSP) ou coito programado: conheça a técnica

Relação sexual programada (RSP) ou coito programado: conheça a técnica

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Conhecer as causas da infertilidade é imprescindível para determinar a gravidade do quadro para indicar o melhor tratamento possível.

A infertilidade em homens e mulheres pode ser temporária ou permanente, causada por motivos genéticos, ambientais, adquiridos ou ter origens multifatoriais, que relacionam vários fatores simultaneamente.

A primeira conduta no tratamento da infertilidade é sempre o tratamento específico das causas primárias que levaram à formação desse quadro de saúde, porém em alguns casos o tratamento específico não é suficiente para reverter a infertilidade.

Nesses casos, a reprodução assistida é uma saída interessante, já que suas técnicas atualmente são capazes de lidar com praticamente todas as formas de infertilidade masculina e feminina.

Algumas vezes, mesmo após extensa investigação, não é possível estabelecer de forma precisa as causas da infertilidade, condição a que chamamos ISCA (infertilidade sem causa aparente). Também para os casos de ISCA, a reprodução assistida pode conseguir a gestação.

As principais técnicas em reprodução assistida disponíveis atualmente são a FIV (fertilização in vitro), de alta complexidade, e a IA (inseminação artificial) e a RSP (relação sexual programada), ambas de baixa complexidade.

Mesmo que as técnicas tenham graus diferentes de complexidade, todas podem ser adequadas se bem indicadas.

A RSP, também chamada de coito programado, é uma das formas mais simples e acessíveis de reprodução assistida e pode ser indicada para diversos casos de infertilidade leve ou ISCA, com taxas consideráveis de sucesso.

Este texto busca apresentar a RSP, suas principais indicações e contraindicações, o passo a passo da técnica e suas taxas de sucesso. Aproveite a leitura!

O que é RSP?

A relação sexual programada, também chamada de RSP ou coito programado, é uma técnica de reprodução assistida de baixa complexidade, em que o monitoramento do período fértil indica os melhores dias para manter relações sexuais que resultem em gravidez.

A RSP é feita com estimulação ovariana – primeira etapa da técnica – para indução da ovulação, que aumenta as chances de que a fecundação ocorra.

Importante lembrar que na RSP a fecundação acontece dentro do corpo da mulher, nas tubas uterinas, e não há qualquer tipo de manipulação dos gametas.

Indicações e contraindicações

A RSP é indicada principalmente para casos de ISCA (infertilidade sem causa aparente) ou quando a infertilidade conjugal é causada por fatores femininos leves.

As mulheres com mais de 37 anos, e que apresentam qualquer sinal de infertilidade, normalmente não devem insistir muito nesse tipo de tratamento devido à urgência reprodutiva em razão da diminuição da reserva ovariana e, se possível, partir logo para FIV, que permite maiores taxas de sucesso em menor espaço de tempo.

A RSP também é contraindicada para mulheres com alterações de moderada a severa na função ovariana e/ou tubas.

Essa técnica também é contraindicada para casos de infertilidade conjugal por qualquer tipo de fator masculino, já que não há qualquer tipo de interferência na qualidade dos parâmetros seminais.

Para que a RSP possa ser plenamente aplicada e alcançar taxas de sucesso satisfatórias, é importante que os parâmetros seminais, a reserva ovariana e todo o sistema reprodutor feminino estejam adequados, sem nenhum tipo de alteração, exceção para distúrbios leves na ovulação e corrigidas por uso de medicamentos. Caso contrário, a técnica mais indicada é a FIV.

Dessa forma, as principais indicações são:

Como é feita a RSP?

A relação sexual programada inclui não somente o coito programado – que é a relação sexual em si –, mas também uma fase preparatória, em que a administração de hormônios sexuais, por via oral ou injetável, aumenta as chances de engravidar devido ao fato que induz a ovulação de uns 2 folículos dominantes. O procedimento pode ser dividido em três etapas.

Estimulação ovariana

A estimulação ovariana é uma etapa compartilhada por todas as técnicas de reprodução assistida. O que varia de uma para a outra é o protocolo de estímulo ovariano. As dosagens hormonais administradas devem ser coerentes com os objetivos da estimulação ovariana.

No caso da RSP, essa etapa visa potencializar o amadurecimento folicular, levando em média de 2 a 3 folículos a alcançarem os estágios mais avançados de maturação – em ciclos reprodutivos sem a interferência hormonal, a mulher amadurece apenas 1 folículo por ciclo.

A estimulação ovariana deve ser acompanhada sistematicamente por exames de ultrassonografia transvaginal e/ou dosagens hormonais com objetivo de saber em qual momento deve-se promover a indução da ovulação e também para evitar que mais de 3 folículos amadureçam, o que aumenta as chances de uma gestação múltipla, normalmente de risco para a mulher e o bebê.

Dependendo da resposta da paciente à estimulação ovariana, caso, por exemplo, mais do que 3 folículos amadureçam, o tratamento pode ser suspenso.

Indução da ovulação

Quando o monitoramento da estimulação ovariana indica que os folículos atingiram seu ponto ideal de desenvolvimento, administra-se o hCG (gonadotrofina coriônica humana), que tem como função estimular o rompimento dos folículos.

A partir da indução da ovulação, cerca de 36h depois os óvulos estarão nas tubas uterinas.

Coito programado

É importante ressaltar que as tentativas de engravidar devem ser feitas sem o uso de qualquer tipo de contraceptivo, incluindo os preservativos de barreira, como as camisinhas masculina e feminina.

O casal terá vida sexual habitual, sendo que no período da ovulação será orientado a ter em dias alternados, preferencialmente, e esse momento será identificado pelo médico durante a monitorização da ovulação.

Após as tentativas, aguarda-se a ausência de menstruação ou é possível realizar o exame de gravidez para confirmação uns 14 dias após o período da ovulação.

Taxas de sucesso

Quando aplicada para as indicações corretas, as taxas de gravidez da RSP são um pouco maiores que as chances de uma gestação natural em um casal sem fatores de infertilidade, em torno de 20% por tentativa.

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