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Ultrassonografia para rastreio de endometriose: saiba mais sobre o assunto

Ultrassonografia para rastreio de endometriose: saiba mais sobre o assunto

// Por Dra. Esmaella Lacerda

Também chamada ecografia, a ultrassonografia é um dos exames mais utilizados pela medicina diagnóstica como um todo, incluindo as mais diversas especialidades. Embora a ultrassonografia também avalie a integridade de tendões, ligamentos e da musculatura esquelética, este exame é mais amplamente aplicado para análise da cavidade abdominal e pélvica.

Algumas das vantagens da ultrassonografia em relação aos demais exames de imagem incluem a segurança do procedimento, que pode ser amplamente indicado por não utilizar radiação, além de ser simples e acessível, podendo ser feito na própria clínica, na maior parte das vezes.

Dependendo da finalidade da ultrassonografia, algumas alterações nas condições em que o procedimento é realizado podem ser necessárias, inclusive para melhorar a visualização das estruturas observadas.

Uma das modalidades de ultrassonografia mais solicitadas na ginecologia, especialmente para o rastreio da endometriose – uma doença de difícil diagnóstico – difere do procedimento tradicional por demandar o esvaziamento intestinal como preparo para o exame, que melhora a nitidez das imagens obtidas.

Neste texto você vai encontrar mais informações sobre a ultrassonografia como exame envolvido no diagnóstico da endometriose, entendendo melhor como funciona o procedimento e como ele é feito, especialmente nestes casos.

Boa leitura!

Como a ultrassonografia funciona?

A ultrassonografia é um procedimento diagnóstico que utiliza a emissão de ondas sonoras de alta frequência para a formação de imagens em tempo real de algumas estruturas do corpo humano, principalmente localizadas nas cavidades abdominal e pélvica.

Para isso, um transdutor deve ser posicionado próximo às estruturas que se deseja ver, emitindo ondas sonoras de alta frequência em direção a estas estruturas. Como as ondas sonoras se propagam em velocidades diferentes dependendo da densidade das estruturas, também emitem ecos de diferentes frequências, que são captados de volta também pelo transdutor.

As imagens da ultrassonografia são formadas pelo mapeamento desses ecos, enviados pelo transdutor para um equipamento com monitor, que transmite as imagens em tempo real.

As ondas sonoras de alta frequência da ultrassonografia se propagam melhor em meios líquidos e viscosos e por isso o exame é indicado para observação de órgãos e tecidos que não estejam protegidos por ossos – que refletem quase totalmente as ondas sonoras, impedindo a sua propagação.

A endometriose pode ser uma doença de difícil diagnóstico

A endometriose é uma das doenças estrogênio-dependentes que mais afeta mulheres em idade reprodutiva no mundo e, mesmo com alta prevalência, o processo diagnóstico para identificação da doença pode ser difícil e demorado.

Os implantes de tecido endometrial ectópico, que caracterizam a endometriose, podem se alojar em diversas estruturas especialmente da cavidade pélvica, alcançando profundidades também diferentes.

Normalmente, nos estágios iniciais da endometriose os focos endometrióticos são superficiais e, embora já possam provocar sintomas, são menos visíveis aos exames de imagem mais simples – o que pode levar à demora no fechamento do diagnóstico.

Os sintomas da endometriose estão associados ao processo inflamatório provocado pela doença e variam de acordo com a localização e a profundidade dos implantes. A infertilidade pode ser uma consequência da endometriose, ainda que isso não seja uma regra para todos os casos.

Ultrassonografia com preparo especial para o diagnóstico da endometriose

A ultrassonografia é considerada um dos exames iniciais do processo de investigação para hipótese de endometriose, principalmente a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, que fornece dados mais detalhados do aparelho reprodutivo.

As dificuldades diagnósticas da endometriose, como mencionamos, estão associadas principalmente à profundidade dos implantes e sua localização.

Nesse sentido, os implantes mais superficiais podem passar despercebidos pelos exames de imagem mais simples – como a ultrassonografia tradicional –, enquanto os focos aderidos a estruturas mais densas também podem ser mais “escondidos” por essas estruturas, que dificultam a propagação das ondas sonoras, na ultrassonografia tradicional.

Devido à sua localização, o intestino cheio também pode atrapalhar o mapeamento da cavidade pélvica, por oferecer um meio de densidade maior à ultrassonografia, que diminui a propagação das ondas sonoras, impedindo o exame de observar estruturas mais internas.

Como os implantes endometrióticos podem estar aderidos à praticamente qualquer estrutura da cavidade pélvica, inclusive mais internas e de difícil visualização, o rastreio da doença deve incluir a ultrassonografia com preparo intestinal, em que a mulher deve esvaziar o intestino na véspera do exame.

Este processo pode ser feito na noite anterior à ultrassonografia com preparo intestinal e auxiliado por medicação laxante, prescrita pelo médico de acordo com as especificidades de cada caso.

Endometriose, infertilidade e reprodução assistida

A mulher com endometriose pode conviver com as dificuldades para engravidar por um bom tempo até que o diagnóstico da doença seja feito e justifique o quadro de infertilidade. No entanto, nem todas as formas de endometriose provocam problemas reprodutivos.

A endometriose ovariana é uma das formas da doença que mais afeta a fertilidade das mulheres, que podem apresentar distúrbios ovulatórios e uma redução na reserva ovariana, caso os cistos cresçam e pressionem o córtex dos ovários.

A infertilidade também pode ser uma consequência da endometriose quando os implantes estão aderidos ao peritônio próximo às tubas. Neste caso, o processo inflamatório desencadeado pela endometriose pode provocar hidrossalpinge, obstruindo estes ductos e impedindo a fecundação.

A reprodução assistida pode ser indicada para os casos de infertilidade decorrentes da endometriose, nessas situações, especialmente a FIV (fertilização in vitro).

A indicação da FIV deve-se ao fato desta técnica utilizar protocolos robustos de estimulação ovariana, além de permitir a fecundação fora das tubas uterinas, melhorando as chances de contornar os principais problemas reprodutivos causados pela endometriose.

A FIV é um tratamento que também utiliza a ultrassonografia pélvica, tanto para o processo diagnóstico que antecede a indicação da técnica, como para o monitoramento da estimulação ovariana e do preparo endometrial.

Entenda melhor a ultrassonografia pélvica tocando neste link.

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