Art Fértil
Adenomiose e reprodução assistida

Adenomiose e reprodução assistida

// Por Dra. Esmaella Lacerda

A adenomiose é uma condição em que células glandulares e estromáticas, típicas do endométrio, se desenvolvem na camada muscular (intermediária) do útero, conhecida como miométrio.

Embora seja mais prevalente nas mulheres entre 40 e 50 anos, a adenomiose também pode ser encontrada em mulheres mais jovens, especialmente multíparas, ou seja, em mulheres que já tiveram dois ou mais filhos.

O sangramento uterino anormal, acompanhado de dismenorreia, são os dois principais sintomas da adenomiose. As origens da adenomiose ainda não estão bem esclarecidas, assim como a possibilidade de infertilidade feminina, embora sabe-se que a doença pode dificultar o planejamento familiar.

O diagnóstico da adenomiose pode ser demorado e feito também com a exclusão de outras doenças, que podem produzir sintomas semelhantes, como a endometriose e os miomas. A reprodução assistida pode ser indicada para mulheres com adenomiose que não conseguem engravidar, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.

Continue conosco na leitura deste texto e entenda melhor a relação entre adenomiose e infertilidade, além do papel da reprodução assistida na reversão da infertilidade, quando presente nestes casos.

Onde a adenomiose se instala

Onde a adenomiose se instala?

A adenomiose é uma doença uterina que envolve principalmente dois dos tecidos que compõem a parede do útero: o endométrio e o miométrio.

O útero é um órgão oco e, por isso, formado basicamente pelas camadas de tecido que formam a parede uterina. O perimétrio é a camada mais externa, em contato com o ambiente da cavidade pélvica. É constituído por células serosas, que limitam o útero em relação aos demais órgãos e estruturas da região.

Entre o perimétrio e o endométrio, encontramos o miométrio, que é a camada mais espessa do útero, essencialmente muscular e responsável pela capacidade de esticar e contrair deste órgão.

Revestindo internamente a cavidade uterina, o endométrio é o tecido em que acontece a nidação e que mantém contato direto com a placenta durante a gestação. Formado por células glandulares e estromáticas, o endométrio é o tecido uterino mais hormonalmente responsivo, interagindo principalmente com o estrogênio e com a progesterona durante o ciclo reprodutivo.

A fronteira entre o endométrio e o miométrio é chamada zona juncional, que marca a transição dos tipos celulares típicos do endométrio para o extrato muscular do útero.

Na adenomiose, as células endometriais invadem parte da zona juncional e chegam ao miométrio. Especialmente na fase folicular do ciclo reprodutivo, quando a secreção de estrogênio aumenta gradualmente, o tecido endometrial invasivo pode inflamar, provocando hipersensibilidade e risco maior de sangramento.

A descamação uterina, que produz o sangue menstrual, também é mais intensa e dolorosa, já que o processo alcança também a região miometrial, o que explica parte dos sintomas de sangramento uterino anormal e dismenorreia que a adenomiose pode provocar.

Adenomiose pode levar à infertilidade feminina?

A localização da adenomiose pode favorecer problemas reprodutivos, principalmente em função dos processos inflamatórios desencadeados pela doença. Isso acontece porque etapas importantes do início da gestação dependem da estabilidade do ambiente uterino e do preparo endometrial, que podem ser prejudicados pela inflamação provocada pela adenomiose.

Após a fecundação, que acontece naturalmente nas tubas uterinas, o embrião segue para a cavidade uterina, com auxílio do peristaltismo tubário, para dar início aos processos de nidação (implantação embrionária), que marcam o início da gestação propriamente dita. A nidação é a fixação do embrião no útero, mais especificamente no endométrio.

Para que a nidação aconteça, deve ocorrer o reconhecimento mútuo entre o endométrio e o embrião, que rompe então a zona pelúcida e infiltra suas células no endométrio, fixando o embrião no útero.

Todos os processos inflamatórios que atinjam o endométrio, como acontece na adenomiose, podem prejudicar a receptividade do endométrio e a comunicação entre este tecido e o embrião, levando a falhas na implantação, ou seja, impedindo que a nidação aconteça ou ao menos dificultando esse processo.

A relação entre a adenomiose e a infertilidade, no entanto, não é uma regra. Embora muitas mulheres com dificuldades reprodutivas possam ser diagnosticadas com adenomiose, os mecanismos da doença que afetam a fertilidade ainda não foram bem esclarecidos e por isso essa relação não está completamente compreendida.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

A reprodução assistida pode ajudar casais com infertilidade por fatores femininos, incluindo os casos em que a dificuldade para engravidar é provocada por alterações uterinas, como a adenomiose.

Contudo, a escolha da técnica mais adequada depende do diagnóstico, para determinar com precisão as reais condições reprodutivas da mulher com adenomiose.

Por ser a adenomiose uma doença uterina, a FIV (fertilização in vitro) costuma ser a técnica mais indicada, por realizar a fecundação em laboratório e permitir que a transferência dos embriões seja feita somente quando o útero estiver receptivo.

Hoje, a reprodução assistida oferece boas chances de gravidez para casais com praticamente qualquer fator de infertilidade. Se você quiser engravidar e estiver com dificuldades, procure um especialista em reprodução assistida porque ele pode te ajudar.

A adenomiose é uma condição complexa, que continua sendo estudada. Conheça mais sobre a doença tocando neste link.

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