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Doação de sêmen: como é feita e quem pode fazer?

Doação de sêmen: como é feita e quem pode fazer?

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Chamamos sêmen o conjunto de componentes presentes no líquido ejaculado, e este material reflete a fertilidade masculina. Também chamado de esperma, é composto por espermatozoides e os líquidos glandulares, produzidos pelas glândulas anexas ao sistema reprodutivo masculino – glândulas bulbouretrais, vesículas seminais e a próstata.

Durante muito tempo a infertilidade foi atribuída exclusivamente a problemas femininos, porém, atualmente, sabe-se que também alterações relacionadas ao sistema reprodutivo masculino podem interferir nos processos de fecundação.

Nos homens, a infertilidade normalmente é diagnosticada depois da dificuldade de o casal conseguir uma gestação, podendo ter uma alteração desde a concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides, até a ausência completa de espermatozoides no ejaculado.

Em alguns casos, é possível contornar a azoospermia pela reprodução assistida, com técnicas que permitem a coleta de espermatozoides diretamente nos túbulos seminíferos (TESE e Micro-TESE) ou nos epidídimos (PESA e MESA), no entanto, em outros casos, nem mesmo essas técnicas são capazes de encontrar espermatozoides.

Nos últimos anos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) vem ampliando as possibilidades de conseguir engravidar com sêmen doado, o que atende tanto a casos de infertilidade masculina permanente e severa, quanto abrange outras situações que incluem a fecundação para casais homoafetivos femininos e para mulheres que desejam uma gestação independente.

Este texto busca mostrar como é feita a doação de sêmen detalhadamente e quem pode fazer esse procedimento e como, a partir dele, a fecundação pode acontecer.

O que é doação de sêmen?

A doação de sêmen é feita de forma exclusivamente voluntária por homens que desejam auxiliar mulheres em busca de uma gravidez independente, casais homoafetivos femininos e casais acometidos por infertilidade masculina grave a terem filhos biológicos, com técnicas de reprodução assistida.

Esse procedimento pode ser feito em clínicas de reprodução assistida em parceria com os bancos de esperma e não pode envolver qualquer tipo de remuneração ou relação comercial, ou seja, o homem que doa o sêmen faz isso de forma altruísta.

Como é feita?

Para que um homem seja admitido como doador de sêmen, a qualidade do sêmen deve ser comprovada por exames, que incluem o espermograma, testagens para possíveis ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e testes genéticos com objetivo de identificar alterações no DNA espermático que possam gerar descendentes com anomalias hereditárias.

A coleta do sêmen é feita por masturbação, nos bancos de esperma, em ambiente apropriado para higiene e para não haver contaminação da amostra.

Esse é um procedimento que não demanda preparação, recomenda-se apenas que o homem faça uma janela de abstinência sexual entre 2 e 7 dias antes da doação.

Como o sêmen é coletado pelo próprio homem, é importante que algumas diretrizes sejam seguidas no momento da masturbação: lavar o órgão genital e as mãos com sabão neutro e secá-los com papéis toalha descartáveis, oferecidos pelo banco de esperma, e não usar qualquer tipo de lubrificante, incluindo a saliva. O sêmen deve ser ejaculado dentro de um pote plástico descartável e com tampa.

Após esse procedimento, o material biológico é encaminhado para o armazenamento, que é feito por congelamento. Atualmente, a técnica mais recomendada para criopreservação é a vitrificação.

Quem pode doar sêmen e quem pode receber essa doação?

Para ser um doador de sêmen, além de possuir bons parâmetros seminais, normalmente identificados pelo espermograma, e estar livre de ISTs e anomalias genéticas, o homem deve ter também idade entre 18 e 50 anos.

Os casais ou mulheres que buscam engravidar com sêmen doado devem também passar por uma investigação detalhada da infertilidade, pois é importante determinar as causas da condição. Nem sempre apenas a doação resolve o problema. Trata-se de assunto complexo, que deve ser analisado de forma adequada.

Doação de sêmen no contexto da reprodução assistida

A gestação com sêmen doado só pode ser feita no contexto da reprodução assistida, especificamente de duas técnicas: IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro).

A escolha do doador é feita de forma completamente anônima, com base nas características fenotípicas do homem que fez a doação, para garantir que os filhos do casal tenham semelhança com seus progenitores. O anonimato é exigido no Brasil, mas alguns países da Europa e nos EUA o anonimato não é exigido, assim podem-se ver fotos do doador na infância e vida adulta.

Quando a técnica indicada é a FIV, a mulher passa pela estimulação ovariana com acompanhamento do desenvolvimento folicular por ultrassonografia transvaginal, o que determina o momento exato da indução da ovulação e da aspiração folicular.

Após a aspiração do líquido folicular, os óvulos são coletados em laboratório. O sêmen doado será então descongelado nesse momento e a fecundação é feita em laboratório, por ICSI (inseminação intracitoplasmática de espermatozoide), que insere com auxílio de uma agulha especial o espermatozoide dentro do óvulo, aumentando as chances de sucesso da fecundação.

Após essa etapa, os embriões são cultivados por 2 a 5 dias e depois transferidos ao útero para que se implantem no útero.

No caso da IA, recomendada inclusive para casais homoafetivos femininos ou produção independente, a mulher também passa pela estimulação ovariana, porém com o objetivo de induzir o amadurecimento de no máximo 3 folículos, processo que é igualmente monitorado pela ultrassonografia transvaginal (controle ultrassonográfico da ovulação).

Quando esse exame revela o momento exato da ovulação, o esperma obtido por doação é também descongelado e inseminado por um cateter introduzido no canal vaginal até o útero, cuja outra extremidade está ligada a uma espécie de bomba de impulsão, que empurra os espermatozoides por esse túbulo para dentro do útero.

A partir daí espera-se que a fecundação ocorra nas tubas de forma natural e o embrião formado volte ao útero para se implantar. Por isso, é fundamental ter avaliação prévia das condições das tubas uterinas que, se alteradas ou obstruídas, podem comprometer o sucesso do tratamento.

Ainda tem dúvidas sobre a doação de sêmen? Toque aqui!

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