Art Fértil
Como o embrião se desenvolve

Como o embrião se desenvolve

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Embora se fale muito sobre a gestação do ponto de vista do casal e sua fertilidade, alguns aspectos do processo reprodutivo, relacionados mais diretamente ao desenvolvimento do embrião, também podem ser decisivos para conseguir uma gestação, mesmo com auxílio das técnicas de reprodução assistida.

O desenvolvimento embrionário, ao contrário do que muitos pensam, não acontece durante toda a gestação, mas num período bastante específico: começa após as primeiras clivagens – divisões celulares – do zigoto e termina no início do período de desenvolvimento fetal.

Durante esse tempo, o embrião passa por diversas fases de desenvolvimento, com eventos importantes e bastante específicos, especialmente sobre a formação das células, cavidades, tecidos, órgãos e sistemas que compõem o corpo humano.

O conhecimento sobre as fases do desenvolvimento embrionário também é interessante àqueles que estão em tratamento com reprodução assistida – mais especificamente a FIV (fertilização in vitro) –, pois ajuda a compreender com mais profundidade os processos envolvidos em cada etapa da técnica.

O texto a seguir mostra em detalhes o desenvolvimento do embrião, seja ele resultado da fecundação por vias naturais, ou de tratamentos com as diversas técnicas de reprodução assistida.

Das células reprodutivas à fecundação

Os gametas

As células reprodutivas masculinas e femininas têm origens embrionárias diferentes e processos de amadurecimento distintos, embora sejam bastante semelhantes em dois aspectos: são as únicas do corpo humano a conter apenas metade do DNA, e somente estão disponíveis para a fecundação após a puberdade.

Enquanto os espermatozoides – células reprodutivas masculinas – são formados periodicamente a cada ejaculação, todos os óvulos – células reprodutivas femininas –, com os quais a mulher poderá contar ao longo de sua vida, já estão armazenados nos folículos antes mesmo do nascimento e ficam disponíveis a cada ciclo menstrual, quando parte é consumida.

Os espermatozoides são células dotadas de cabeça com acrossomo e cauda. Se desenvolvem a partir dos espermatócitos, localizados nas paredes da rede de túbulos seminíferos, que compõe os testículos.

Na cabeça está localizado o pronúcleo, que contém o material genético do espermatozoide, enquanto o acrossomo, localizado em uma das extremidades, contém enzimas para o rompimento da zona pelúcida que circunda o óvulo. A cauda é peça fundamental para a motilidade do espermatozoide.

Os espermatozoides são um dos principais componentes do sêmen, que conta ainda com os líquidos formados nas glândulas anexas – vesículas seminais, glândulas bulbouretrais e a próstata.

A formação dos espermatozoides tem início nos testículos e é mediada pela ação das células de Leydig e Sertoli sobre os espermatócitos, estimuladas pela testosterona – que por sua vez é produzida pela ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante).

Após a formação, essas células dirigem-se aos epidídimos, localizados no cordão espermático, onde desenvolvem a cauda e encontram os líquidos glandulares, antes de cada ejaculação.

Todos os óvulos da mulher são envolvidos por uma estrutura multicelular chamada folículo, que mantém essas células isoladas umas das outras, no córtex do ovário. A reserva ovariana – conjunto de células reprodutivas femininas – é limitada e vai sendo consumida a cada ciclo menstrual, até que chega ao fim, com a menopausa.

As células dos folículos contêm receptores para as gonadotrofinas FSH e LH, que atuam diretamente no seu desenvolvimento e no consequente amadurecimento dos óvulos para a ovulação.

Período fértil

A ovulação marca aproximadamente a metade de cada um dos ciclos reprodutivos e está envolvida em uma sequência de acontecimentos hormonais, que também influenciam a estrutura do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina.

Durante o sangramento menstrual, a produção de gonadotrofinas recomeça, e ao serem liberadas na corrente sanguínea, atingem as células foliculares. Enquanto o LH induz à produção de testosterona, o FSH recruta os folículos para amadurecimento e converte a testosterona em estrogênios.

Os estrogênios atuam tanto no desenvolvimento dos folículos recrutados, como na preparação do endométrio para receber um possível embrião, disparando uma série de divisões nas células endometriais, que levam ao aumento na espessura desse tecido.

Quando as gonadotrofinas e os estrogênios atingem o pico máximo de concentração, o folículo se rompe e libera o óvulo em direção às tubas uterinas.

O corpo lúteo, formado pelas células resquiciais do folículo aderidas aos ovários, produz progesterona, que interrompe a multiplicação celular endometrial provocada pelos estrogênios, e completa o preparo complexificando a estrutura e a vascularização do endométrio.

O período fértil consiste no tempo em que o óvulo permanece nas tubas uterinas – aproximadamente 36h – e considera também o tempo de sobrevivência dos espermatozoides no interior do corpo da mulher, cerca de 72h.

Quando o casal mantém ao menos uma relação sexual sem o uso de preservativos de barreira ou contraceptivos nesse período, existem chances de que a fecundação ocorra e a mulher fique grávida.

Fecundação

Após a ejaculação, os espermatozoides são lançados em direção às tubas uterinas, onde encontram o óvulo e disputam a entrada em seu meio intracelular. A zona pelúcida é uma membrana que circunda o óvulo e controla a entrada do espermatozoide, permitindo que apenas uma célula reprodutiva masculina realize a fecundação.

Quando isso ocorre, o espermatozoide se desfaz e deixa seu pronúcleo no interior do óvulo. Esse se funde ao pronúcleo do óvulo, formando um conjunto genético completo e o núcleo do zigoto, célula primordial do desenvolvimento humano.

Desenvolvimento embrionário: da fecundação ao blastocisto

Mórula e morulação

Algumas horas após a fecundação, ainda nas tubas uterinas, o zigoto dá início a uma série de clivagens – divisões celulares que multiplicam a célula primordial –, formando as primeiras células do embrião.

As primeiras clivagens formam uma estrutura multicelular, ainda envolta pela zona pelúcida e semelhante a uma amora, com todas as células juntas formando um bloco maciço. Nesta fase, denominada morulação, o embrião é chamado mórula.

Enquanto as células embrionárias se multiplicam na morulação, o embrião é transportado, pelo peristaltismo das tubas, até o útero, onde deve buscar o local adequado para se fixar.

Blastulação e blastocisto

Simultaneamente à chegada do embrião ao útero, aproximadamente 5 dias após a fecundação, tem início a formação de uma cavidade, chamada blastocele, que divide os dois primeiros grupos de células em: embrionárias , que formam o embrião propriamente dito, e as células que formam os anexos embrionários, placenta, líquido amniótico e cordão umbilical.

Nessa etapa o embrião é chamado blastocisto e é nela que acontece a implantação embrionária. Ao encontrar o local mais adequado para se fixar e ser reconhecido pelo endométrio, o embrião rompe a zona pelúcida e as células embrionárias infiltram-se no tecido de revestimento da cavidade uterina, dando início à gestação.

Gastrulação e o fim do período embrionário

Após a implantação embrionária, as células – ainda em multiplicação – dão início aos primeiros tecidos especializados – endoderme, mesoderme e ectoderme –, ao tubo digestivo, que, mais tarde, origina todo o sistema digestório, e os demais órgãos do corpo humano.

As células reprodutivas femininas, bem como todo o sistema reprodutivo de homens e mulheres também são formados nessa etapa.

Reprodução assistida e desenvolvimento embrionário

As etapas descritas anteriormente acontecem da mesma forma em uma gestação por vias naturais e naquela conseguida nos tratamentos com reprodução assistida. A principal diferença está na existência de ferramentas que aumentam o controle sobre os processos da fecundação e gestação, potencializando as chances de que o tratamento resulte em gravidez.

Apenas na FIV é possível acompanhar o desenvolvimento embrionário – principalmente para a seleção dos embriões mais saudáveis –, durante a etapa do cultivo embrionário.

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