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Transferência embrionária na FIV: D2/D3 (clivagem) ou D5 (blastocisto)?

Transferência embrionária na FIV: D2/D3 (clivagem) ou D5 (blastocisto)?

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A FIV (fertilização in vitro) é, atualmente, a técnica de reprodução assistida mais abrangente e com as melhores taxas de gestação – indicada para a maior parte dos casos de infertilidade, para preservação social e oncológica da fertilidade e para o atendimento de casais homoafetivos que desejam ter filhos.

A primeira vez que um tratamento com reprodução assistida utilizou a fertilização em ambiente laboratorial, a partir de gametas coletados e resultando em gestação, aconteceu na Inglaterra, em 1979, dando início a história da FIV.

A partir de então, a técnica vem se desenvolvendo e incorporando tecnologias complementares, como o preparo seminal, o PGT (teste genético pré-implantacional), hatching assistido, entre outros procedimentos, que aumentaram sua acurácia e por isso o sucesso da técnica.

Atualmente é possível, inclusive, escolher qual o melhor momento para realizar a transferência embrionária, com base no comportamento do embrião durante o cultivo embrionário, diminuindo as chances de perda gestacional e falha em um ciclo de tratamento com FIV.

Este texto mostra quais fatores estão envolvidos na decisão pelo melhor momento para realizar a transferência embrionária. Nos acompanhe na leitura a seguir e entenda melhor essa importante etapa da FIV.

Como é feito o tratamento com FIV?

A maior parte das técnicas de reprodução assistida é realizada em etapas sequenciais e interdependentes, e no caso da FIV são cinco: estimulação ovariana, coleta de gametas, fecundação, cultivo embrionário e transferência dos embriões.

A etapa de estimulação ovariana tem início logo após o primeiro dia do ciclo menstrual, e é realizada com administração de doses diárias das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) associado ao LH (hormônio luteinizante) desde o início do tratamento ou no meio deste, a depender do contexto da paciente.

O objetivo desta etapa é potencializar o ciclo reprodutivo, provocando o amadurecimento de 10 a 15 folículos ovarianos. Este processo deve ser monitorado por ultrassonografia transvaginal, que indica o melhor momento para dar início a etapa seguinte.

Quando os folículos ovarianos atingem o auge do processo de amadurecimento, a coleta de gametas, masculinos e femininos, deve ser realizada.

A coleta dos folículos só pode ser feita por aspiração folicular, uma técnica de punção realizada diretamente nos ovários. Já a coleta de espermatozoides pode ser feita por masturbação ou, nos casos em que a infertilidade é causada por azoospermia obstrutiva, os espermatozoides também podem ser obtidos por punção, diretamente nos túbulos seminíferos ou nos epidídimos.

A partir da coleta e seleção dos gametas, a fecundação é realizada com a união das células em ambiente laboratorial. A ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) é uma técnica complementar bastante utilizada hoje, e que possibilita a seleção de um único espermatozoide e sua introdução no interior do ovócito, com auxílio de uma agulha especial.

Os embriões obtidos na fecundação são então cultivados, por um período que varia entre 3 e 5 dias, dependendo dos objetivos do tratamento com FIV (congelamento de embriões ou transferência de embriões frescos) e da qualidade dos embriões.

Durante o cultivo embrionário é possível observar alterações nos processos de divisão celular, típicos dessa fase embrionária, podendo também realizar o PGT, uma técnica complementar que rastreia as possibilidades de os embriões serem portadores de doenças genéticas e hereditárias.

A transferência embrionária é a última etapa da FIV e deve ser realizada após o cultivo embrionário.

Em que momento a transferência embrionária é realizada?

A determinação do melhor momento para realizar a transferência embrionária depende do comportamento que o embrião apresenta durante seu desenvolvimento, observado no cultivo embrionário.

Até o terceiro dia de cultivo, ou D3, o embrião passa por clivagens suficientes para uma primeira avaliação de suas possibilidades de implantação. A partir do quarto dia, já inicia a compactação das células, formação da mórula para que no quinto ou sexto dia (D5/D6) esteja em estágio de blastocisto.

Ainda que as melhores taxas de implantação embrionária se refiram a procedimentos realizados em D5, a transferência em D3 é possível e pode ser indicada em situações específicas.

Como a transferência embrionária é feita?

A transferência embrionária é um procedimento simples, realizado no bloco cirúrgico da clínica, sem a necessidade de anestesia.

A única preparação para transferência embrionária é que a mulher se apresente com a bexiga cheia, que facilita a visualização da cavidade uterina pelo ultrassom que acompanha o procedimento.

A mulher deve deitar-se em posição ginecológica, para que seja introduzido via canal vaginal o cateter contendo os embriões. Na outra extremidade desse cateter encontra-se uma espécie de êmbolo que empurra os embriões para o interior da cavidade uterina, onde devem ser implantados na superfície do endométrio.

Qual o melhor momento para transferência embrionária: D3 ou D5?

A escolha do melhor momento para a transferência embrionária deve ser feita de forma individualizada, de acordo com as especificidades de cada caso, especialmente relacionadas à qualidade e ao número de embriões viáveis, obtidos após a fecundação.

Nos tratamentos com a FIV em que o cultivo embrionário mostra poucos embriões já na fase de D3, o mais aconselhável é realizar a transferência embrionária neste momento, para que haja menos manipulação dos embriões.

Nestes casos, a implantação embrionária pode ser favorecida pelo hatching assistido, uma tecnologia complementar da FIV, em que a zona pelúcida embrionária, que ainda está conservada em D3, é rompida artificialmente pelo embriologista, imediatamente antes da transferência embrionária.

Quais outros fatores interferem nessa decisão?

Além dos fatos observados durante a etapa de cultivo embrionário, alguns fatores devem ser considerados para tomar a decisão a respeito do melhor momento para realizar a transferência embrionária.

Um dos principais fatores é a idade da mulher que está realizando o tratamento com a FIV. Sabe-se que mulheres com mais de 35 anos podem apresentar alterações hormonais, especialmente relacionadas aos estrogênios, que interferem na receptividade endometrial.

Nestes casos, a mulher deve passar pela preparação endometrial, feita com administração de medicamentos hormonais à base de estrogênio e progesterona, e a transferência embrionária deve ser realizada no momento indicado pelo monitoramento ultrassonográfico desta etapa, a partir de D3.

Quer saber mais sobre a FIV? Acesse nosso conteúdo.

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