Os sintomas, além de simples consequências da doença, podem ser também valiosas ferramentas para motivar a busca por atendimento médico rápido, o que favorece tratamentos mais bem sucedidos e evita problemas mais graves, como a infertilidade feminina. Para as mulheres em geral e casais que […]
Os sintomas, além de simples consequências da doença, podem ser também valiosas ferramentas para motivar a busca por atendimento médico rápido, o que favorece tratamentos mais bem sucedidos e evita problemas mais graves, como a infertilidade feminina.
Para as mulheres em geral e casais que estão iniciando as tentativas de engravidar, conhecer os sintomas das doenças com potencial para provocar infertilidade pode ser o diferencial que leva a um atendimento precoce, reduzindo as chances de danos à função reprodutiva.
Os pólipos endometriais, embora produzam sintomas em uma pequena parcela das mulheres portadoras, são uma das doenças que oferecem risco de infertilidade por falhas na implantação embrionária e abortamento de repetição.
Por isso, este texto busca informar sobre os principais sintomas dos pólipos endometriais e a relação deles com a fertilidade das mulheres.
Aproveite a leitura!
Pólipos endometriais são formações tumorais benignas e estrogênio dependentes, que se manifestam especialmente na menopausa e pós-menopausa, mas também podem ser encontrados nas mulheres em idade reprodutiva e, nesses casos, provocar infertilidade.
O tecido que compõe os pólipos, no entanto, é ligeiramente diferente do endométrio original, principalmente por contar com uma quantidade relevantemente menor de receptores de progesterona, diminuindo a ação protetiva do hormônio sobre a multiplicação celular provocada pelo estrogênio.
Assim, a ação estrogênica é mais intensa sobre as células dos pólipos, aumentando as taxas de multiplicação celular e consequentemente seu crescimento e desenvolvimento em direção à cavidade uterina.
A ação estrogênica sem o controle da progesterona tende também a disparar processos inflamatórios locais, que podem resultar em dor e sangramentos anormais, um dos principais sintomas dos pólipos.
O sangramento uterino anormal (SUA) é uma das principais marcas dos pólipos endometriais, diagnosticados em cerca de 30% dos casos de SUA.
Os pólipos endometriais são estrogênio dependentes, ou seja, seu crescimento acontece quando a concentração deste hormônio no corpo da mulher está mais alta: no período próximo à ovulação até aproximadamente a metade da segunda etapa do ciclo menstrual.
Nas mulheres em idade reprodutiva, o sangramento anormal decorrente dos pólipos costuma se manifestar como aumento considerável no volume menstrual, na duração do período menstrual e sangramentos fora do período e durante as relações sexuais.
Como os pólipos sofrem uma influência menor da progesterona, hormônio que estabiliza o endométrio, ao descamar, o volume de sangue aumenta e o processo inflamatório local pode provocar dores intensas.
A presença dos pólipos aderidos ao endométrio também pode provocar hipersensibilidade local, que se reflete em dores e sensação de incômodo durante a relação sexual, formando um quadro de dispareunia, um dos sintomas possíveis para os pólipos endometriais.
Dificuldades para engravidar e infertilidade são ainda riscos oferecidos pelos pólipos endometriais. A mulher pode apresentar problemas no processo de implantação do embrião, que dá início à gestação, até mesmo passar por perdas gestacionais recorrentes, condição chamada abortamento de repetição.
Os pólipos endometriais são assintomáticos na maior parte dos casos: aproximadamente 75% das mulheres na pós-menopausa são diagnosticadas com pólipos endometriais nos exames de rotina, por não apresentarem qualquer sintoma da doença.
Nesses casos, a ultrassonografia transvaginal costuma indicar as primeiras suspeitas sobre a presença de alterações endometriais e, por isso, também é o primeiro exame solicitado para as mulheres sintomáticas que procuram atendimento médico.
A histerossonografia é semelhante à ultrassonografia transvaginal, porém realizada com o preenchimento do útero por soro fisiológico, que distende o órgão e facilita a visualização mais detalhada do endométrio. Pode ser solicitada para a confirmação dos pólipos endometriais.
Se esses exames de imagem não forem conclusivos, a mulher pode realizar também a histerossalpingografia, um exame de raio-X com contraste que produz imagens mais nítidas e precisas, possibilitando a identificação do tamanho dos pólipos, assim como a extensão que ocupam no endométrio.
Os pólipos podem ser abordados por diversas terapêuticas, de acordo com a gravidade dos casos e os desejos reprodutivos da mulher:
Os casos assintomáticos em que a mulher não encontra dificuldades para engravidar podem ser acompanhados por exames de imagem, enquanto o tratamento medicamentoso é indicado quando há sintomas leves e na ausência de desejos reprodutivos.
Polipectomia é a retirada cirúrgica dos pólipos endometriais, indicada para os casos mais severos ou quando há desejo reprodutivo, e realizada por videolaparoscopia, um procedimento minimamente invasivo no qual também podem ser colhidas amostras de tecido para biópsia, que avalia a chance de malignidade das células.
Pode ser indicado o tratamento com reprodução assistida, caso mesmo após a polipectomia, a infertilidade permanecer.
A FIV (fertilização in vitro) é a técnica mais adequada para esses casos, por permitir a transferência dos embriões, formados pela fecundação em laboratório, somente quando o útero está mais receptivo.
Quer saber mais sobre pólipos endometriais? Toque o link e acompanhe nosso conteúdo completo.
MaisNão é exagero dizer que praticamente todos os acontecimentos fisiológicos da função reprodutiva de homens e mulheres são orquestrados pela ação dos hormônios. Assim, o desequilíbrio pode resultar em consequências graves, como infertilidade feminina e masculina. A palavra hormônio deriva do grego ormóni, que significa […]
Não é exagero dizer que praticamente todos os acontecimentos fisiológicos da função reprodutiva de homens e mulheres são orquestrados pela ação dos hormônios. Assim, o desequilíbrio pode resultar em consequências graves, como infertilidade feminina e masculina.
A palavra hormônio deriva do grego ormóni, que significa estímulo e resume a função dessas substâncias químicas no corpo: enviar mensagens, da estrutura produtora dos hormônios (glândulas e sistema nervoso) em direção a outros órgãos e estruturas corporais, que desencadeiam reações metabólicas.
A fertilidade de homens e mulheres depende, então, de uma dinâmica hormonal própria, da qual participam principalmente o hipotálamo e a hipófise, estruturas do sistema nervoso central, e os ovários e testículos, glândulas sexuais humanas, que armazenam também as células reprodutivas de homens e mulheres: os espermatozoides e óvulos.
O texto a seguir aborda mais de perto a relação entre os hormônios e a fertilidade de homens e mulheres.
Os hormônios sexuais atuam no corpo humano desde o período embrionário, quando participam da diferenciação funcional e anatômica do sexo, induzindo o desenvolvimento dos ovários, útero e tubas uterinas nos embriões XX, ou dos testículos e pênis, nos embriões XY.
Essa diferenciação depende diretamente da ação do hormônio antimülleriano e posteriormente da testosterona e estrogênios.
O desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, como as mamas, e o início da vida reprodutiva de homens e mulheres também são acontecimentos motivados por mudanças na secreção hormonal, especialmente as gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), a progesterona e outros hormônios esteroides.
A gestação é igualmente um processo que envolve alterações específicas na dinâmica dos hormônios sexuais, especialmente dos estrogênios, progesterona e prolactina, com reflexos tanto nos aspectos físicos da gravidez, como no comportamento emocional da mulher grávida.
Como agem os hormônios da fertilidade?
O LH e o FSH são liberados pela hipófise, como resposta aos estímulos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), produzido pelo hipotálamo.
Nas mulheres, esses hormônios estimulam a produção de testosterona (LH) e sua conversão em estrogênio (FSH), interferindo diretamente no recrutamento e amadurecimento dos folículos, e indiretamente na ovulação e no preparo endometrial, além de estimular o corpo lúteo a produzir progesterona (LH).
Nos homens, as gonadotrofinas participam da espermatogênese e da produção de testosterona, fundamental para a fertilidade.
Embora seja considerado popularmente um hormônio masculino, a testosterona é produzida por homens e mulheres, em concentrações diferentes, enquanto o estrogênio, hormônio também conhecido como exclusivamente feminino, também é produzido pelo corpo masculino em concentrações menores.
O equilíbrio entre esses hormônios é fundamental para a fertilidade das mulheres, já que a ovulação acontece somente quando os estrogênios e as gonadotrofinas atingem seu pico máximo de concentração.
Além disso, os estrogênios atuam diretamente no preparo endometrial, estimulando a multiplicação celular e consequentemente, o espessamento do endométrio.
Já no corpo masculino, a testosterona é produzida em concentrações maiores pelas células de Leydig, sob estímulo do LH, e desempenha um papel central na espermatogênese. O FSH também atua na espermatogênese, nesse caso induzindo as últimas fases do desenvolvimento do espermatócito em espermatozoide, nos túbulos seminíferos.
Embora o homem produza estrogênios, o papel desses hormônios no corpo masculino ainda não está bem elucidado.
As alterações na secreção de testosterona nas mulheres podem ser decorrente da SOP (síndrome dos ovários policísticos), enquanto as doenças provocadas pelo desequilíbrio do estrogênio podem indicar a presença de miomas uterinos, pólipos endometriais e endometriose. Todas elas podem provocar infertilidade feminina.
A progesterona é um hormônio produzido exclusivamente pelo corpo feminino, com papel central para a gestação.
Esse hormônio é produzido pelo corpo lúteo, após a ovulação, sob ação do LH. O endométrio é o principal tecido alvo da progesterona, que controla a ação do estrogênio neste tecido, interrompendo a multiplicação celular e finalizando o preparo endometrial.
Quando a fecundação não acontece, os níveis de progesterona caem até que o endométrio descama e a mulher menstrua, mas se ocorrer a fecundação, o corpo lúteo produz progesterona até o terceiro mês de gestação, quando o papel é assumido pela placenta.
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, que se comunica com a hipófise assim como os ovários e testículos o fazem, e de forma geral está envolvida direta ou indiretamente com a maior parte das dinâmicas metabólicas do corpo. Veja a seguir algumas funções dos hormônios tireoidianos:
Apesar de diversos estudos mostrarem a influência dos hormônios tireoidianos na formação e amadurecimento dos folículos ovarianos, especialmente na diferenciação das células da granulosa, que compõem o folículo, o mecanismo pelo qual essas influências acontecem não foi esclarecido pela ciência ainda.
Contudo, do ponto de vista clínico, constata-se que mulher com o desregulação tireoidiana tem mais chance de encontrar dificuldades para engravidar e sofrer aborto espontâneo.
A prolactina é um hormônio produzido pela hipófise anterior, cuja ação mais conhecida é estimular a produção de leite materno, após o parto e durante parte do puerpério. Contudo o hormônio é liberado também nos ciclos reprodutivos sem gestação e possui interferência no controle dos hormônios envolvidos no ciclo reprodutivo. Sendo assim, a anormalidade deste pode ocasionar alterações na ovulação.
A hiperprolactinemia é um estado típico da gestação, mas quando se manifesta em mulheres na idade reprodutiva e que não estejam grávidas, pode estar relacionada a desequilíbrios hormonais e infertilidade feminina.
Como pudemos observar, o equilíbrio hormonal é fundamental para que todas as funções corporais aconteçam sem intercorrências, especialmente a função reprodutiva de homens e mulheres.
Para manter o equilíbrio desse sistema é importante que homens e mulheres estejam atentos e pratiquem bons hábitos cotidianos, como alimentação balanceada, horas suficientes de sono de qualidade e a prática de atividades físicas moderadas.
O consumo de anabolizantes, que atuam diretamente no equilíbrio dos hormônios sexuais, deve ser evitado, exceto sob prescrição médica.
Quer saber mais sobre infertilidade masculina? Toque o link e leia o texto que aborda o assunto.
MaisA infertilidade conjugal é definida como a não ocorrência de gravidez após 12 meses de tentativas, porém a confirmação diagnóstica dos motivos pelos quais um casal não consegue ter filhos deve sempre ser feita por exames laboratoriais e de imagem, como a ultrassonografia. A ultrassonografia […]
A infertilidade conjugal é definida como a não ocorrência de gravidez após 12 meses de tentativas, porém a confirmação diagnóstica dos motivos pelos quais um casal não consegue ter filhos deve sempre ser feita por exames laboratoriais e de imagem, como a ultrassonografia.
A ultrassonografia é uma tecnologia que utiliza ondas sonoras para obter imagens, em tempo real, das estruturas internas do corpo. Essas ondas sonoras são disparadas por um emissor em direção às estruturas que se pretende observar, e essas variações no formato das ondas são então registradas por um aparelho e traduzidas em imagens.
A ultrassonografia é o exame de imagem mais realizado no mundo e tem aplicações em diversas áreas da medicina para observar as estruturas da cavidade abdominal e pélvica, testículos, ligamentos, tendões e a musculatura esquelética.
Além de ser um exame de imagem bem abrangente, a ultrassonografia também é segura, pois não utiliza radiação, simples e acessível, por não demandar obrigatoriamente preparo prévio para sua realização, exceto em casos específicos, como o diagnóstico da endometriose.
No texto a seguir abordaremos o papel da ultrassonografia na investigação da infertilidade de homens e mulheres.
A infertilidade feminina pode ser causada por desequilíbrios hormonais e malformações anatômicas, que afetam os três principais órgãos do sistema reprodutor feminino: ovários, tubas uterinas e útero.
A infertilidade por fator ovariano pode ser consequência da SOP (síndrome dos ovários policísticos), uma síndrome metabólica que provoca alterações hormonais resultando em anovulação.
Um dos sintomas que determinam o diagnóstico da SOP é a presença de cistos nos ovários, identificados pela ultrassonografia transvaginal, assim como os cistos da endometriose ovariana, chamados endometriomas, que também interferem na ovulação, levando à infertilidade.
A função principal das tubas é permitir o trânsito de gametas que resulta na fecundação. Se essas estruturas estão obstruídas, o encontro entre óvulo e espermatozoide pode não acontecer. Além disso, a mulher tem mais chance de desenvolver uma gestação tubária, que pode danificar ainda mais essas estruturas e é potencialmente perigosa.
Os casos de infertilidade por fator tubário também podem ser diagnosticados com o auxílio da ultrassonografia. A mulher pode, também, apresentar obstrução tubária por endometriose, ou distorção da anatomia desta estrutura, comprometendo sua funcionalidade.
Além disso, a contaminação por DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) pode gerar cicatrizes, que podem oferecer obstáculos no trânsito tubário, mesmo após o tratamento.
A infertilidade por fator uterino, comumente causada pela presença de miomas uterinos, pólipos endometriais e adenomiose, está relacionada principalmente a problemas com a receptividade endometrial, período mais favorável para o embrião implantar. Nesses casos, a mulher pode apresentar perda gestacional por falha na implantação e abortamento de repetição.
A ultrassonografia pélvica é o exame mais solicitado para a investigação da infertilidade feminina, já que a maior parte das estruturas reprodutivas da mulher se encontra na cavidade pélvica. Pode ser feita em duas modalidades principais: transvaginal e suprapúbica.
Na ultrassonografia suprapúbica, a mulher deve deitar e expor o abdômen pélvico, em cuja superfície é aplicado um gel para facilitar o deslizamento do transdutor e melhorar a nitidez das imagens.
Este exame normalmente é indicado para uma visão mais geral da cavidade pélvica, porém oferece imagens menos detalhadas que a modalidade transvaginal.
Na ultrassonografia transvaginal, o transdutor tem um formato anatômico para ser introduzido pelo canal vaginal até o colo do útero. Essa modalidade consegue imagens menos amplas, mas fornece mais detalhes, principalmente sobre o interior da cavidade uterina e as tubas.
A histerossonografia é um exame específico, em que o ultrassom transvaginal é feito após a distensão uterina com soro fisiológico para a obtenção de imagens ainda mais detalhadas.
Outra forma de ultrassonografia é indicada para o diagnóstico da endometriose, e exige preparo intestinal antes do procedimento, já que a doença também pode se instalar no reto, intestinos ou bexiga, e o esvaziamento dos intestinos melhora a visão dessas estruturas.
A infertilidade masculina normalmente ocorre por problemas na espermatogênese, processo de formação dos espermatozoides nos testículos, ou por obstruções no trajeto percorrido durante a ejaculação, que impedem os espermatozoides de atingir percorrer o caminho até a saída por meio do sêmen.
As obstruções e alterações na espermatogênese podem levar a quadros de azoospermia obstrutiva e não obstrutiva, oligozoospermia e outras alterações nos parâmetros seminais, como astenozoospermia e teratozoospermia, problemas na motilidade espermática e na morfologia dos espermatozoides, respectivamente.
A varicocele é uma doença genética em que estruturas que irrigam o cordão espermático são defeituosas resultando em acúmulo de sangue, aumento de temperatura e pressão no interior da bolsa escrotal, que armazena os testículos, prejudicando severamente a espermatogênese.
Além do espermograma, a varicocele também pode ser diagnosticada pela ultrassonografia testicular, uma modalidade que utiliza a tecnologia Doppler para avaliar o fluxo sanguíneo em movimento, e assim identificar as veias varicosas típicas da doença.
Quer conhecer outras aplicações da ultrassonografia pélvica? Toque o link e leia mais.
MaisEntre as técnicas de reprodução assistida disponíveis hoje, apenas na FIV (fertilização in vitro) é possível conhecer o material genético dos embriões, pela aplicação do PGT (teste genético pré-implantacional). Essa técnica complementar tem como objetivo único auxiliar a seleção embrionária, com o rastreamento de anomalias […]
Entre as técnicas de reprodução assistida disponíveis hoje, apenas na FIV (fertilização in vitro) é possível conhecer o material genético dos embriões, pela aplicação do PGT (teste genético pré-implantacional).
Essa técnica complementar tem como objetivo único auxiliar a seleção embrionária, com o rastreamento de anomalias genéticas, que possam afetar a saúde dos embriões.
Apesar disso, é comum encontrar casais que ainda acreditam que, ao darem início aos tratamentos para infertilidade com a reprodução assistida, é possível escolher o sexo do bebê e outras características físicas.
Embora essa seja uma prática em outros países, no Brasil a regulamentação sobre as aplicações da reprodução assistida proíbe a escolha de qualquer característica física, incluindo a determinação genética do sexo, exceto nos casos em que doenças hereditárias relacionadas aos cromossomos sexuais estejam envolvidas.
Continue a leitura deste texto e compreenda melhor porque a escolha do sexo do bebê é proibida e em quais situações essa possibilidade pode ser considerada.
A regulamentação das atividades ligadas direta ou indiretamente às técnicas de reprodução assistida é feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que desde 1992 proíbe a reprodução assistida para selecionar o sexo e qualquer outra característica biológica do bebê.
A resolução abre espaço para uma exceção: os casos em que o casal apresenta histórico pessoal e familiar de doenças hereditárias ligadas ao sexo.
A permissão para a escolha do sexo do bebê é dada somente aos casais com comprovado histórico de doenças hereditárias relacionadas ao cromossomo X. Vamos compreender melhor as especificidades dessas doenças.
O código genético de um ser humano é formado por pares de cromossomos, com sequências de genes igualmente pareadas, estes determinam as características físicas e fisiológicas de cada ser humano.
Todas as células do corpo contêm o material genético completo (2n) daquele corpo, exceto as células reprodutivas (ou gametas), que contém metade desse material genético (n).
No momento da fecundação os pronúcleos das células reprodutivas se fundem, e os cromossomos do espermatozóide encontram seus pares nos cromossomos do óvulo, pareando também os genes e sequências genéticas contidas neles.
Isso faz com que a composição genética e fenotípica – resultado prático fisiológico das combinações genéticas – de todo ser humano seja uma combinação das características dos pais, num processo que chamamos hereditariedade.
O cariótipo humano é formado por 22 pares de cromossomos homólogos (semelhantes) e um par de cromossomos sexuais (XY), que não são homólogos – ou seja, cujos genes são capazes de se expressar de forma semi-independente.
No momento da fecundação, o pareamento dos cromossomos sexuais indica o sexo biológico do bebê: XX para feminino e XY para masculino.
De acordo com a genética mendeliana, as anomalias no cromossomo X de embriões XX podem ser assintomáticas, caso o outro cromossomo não seja anômalo, enquanto as mesmas anomalias nos embriões XY se expressam obrigatoriamente, já que não há correspondência entre os genes desses cromossomos.
Entre as principais doenças genéticas ligadas ao cromossomo X destacamos as mais recorrentes:
Além dessas doenças, os embriões XY também podem apresentar alterações no cromossomo Y, que provocam falhas em aspectos específicos do metabolismo, especialmente das funções sexuais e reprodutivas, como a espermatogênese.
Conhecida por ser uma das principais causas de atrasos cognitivos, a síndrome do cromossomo X frágil é resultado de uma anormalidade localizada no cromossomo X, que resulta em déficit de produção de uma proteína específica, que atua na formação de células neuronais e outros processos.
As mulheres com essa alteração genética costumam ser assintomáticas ou manifestar sintomas leves, contudo os indivíduos XY normalmente apresentam todos os sintomas. A hemofilia é uma doença provocada na maior parte das vezes por alterações também no cromossomo X, envolvido no metabolismo dos fatores anticoagulantes – por isso seus portadores têm mais chances de sofrer hemorragias severas.
Embora não seja impossível uma mulher hemofílica, essa situação é bastante rara e só acontece quando ambos os pais são hemofílicos, ao contrário do que se observa nos homens, que são hemofílicos em todos os portadores dessa anomalia.
O daltonismo é uma alteração genética recessiva na percepção das cores e está ligada ao cromossomo X.
Por ser uma alteração recessiva, os embriões XX só expressam o daltonismo caso os dois cromossomos tenham alelos recessivos para este gene, enquanto todos os homens que apresentam seu cromossomo X com gene recessivo para o daltonismo são daltônicos.
A síndrome de Duchenne é uma doença degenerativa e progressiva, que causa distrofia muscular e problemas cognitivos, como resultado de anomalias no braço curto do cromossomo X.
A maior parte das mulheres portadoras é completamente assintomática, enquanto nos homens, a presença dessas anomalias é determinante para o desenvolvimento sintomático da doença.
Por ser a única técnica de reprodução assistida que permite realizar a fecundação fora do corpo da mulher e o cultivo dos embriões em laboratório, o rastreamento de doenças genéticas também só é possível nessa técnica, pelo PGT.
O PGT é realizado com amostras de células embrionárias, obtidas por biópsia. O material genético destas células – inclusive o par de cromossomos sexuais e seus genes – é identificado por NGS (next generation sequencing), uma técnica de sequenciamento genético por amplificação do DNA.
Caso o casal tenha histórico de doenças hereditárias, o teste realiza uma busca específica para elas e observa a possibilidade de outras alterações, inclusive não hereditárias, sendo por isso uma importante ferramenta na prevenção da transmissão dessas doenças.
O debate ético nacional sobre a escolha de características físicas em gestações fruto da reprodução assistida, atualmente entende essa prática como possivelmente eugenista e discriminatória e, por isso, a mantém proibida no país.
Leia mais sobre a FIV tocando no link.
MaisAtualmente, é cada vez mais comum que as pessoas desejem ter filhos sem necessariamente ter que construir um relacionamento. Contudo, no momento de colocar o planejamento em prática, surgem ainda muitas dúvidas sobre como fazer isso, e a resposta é: reprodução assistida. Para muitas pessoas, […]
Atualmente, é cada vez mais comum que as pessoas desejem ter filhos sem necessariamente ter que construir um relacionamento. Contudo, no momento de colocar o planejamento em prática, surgem ainda muitas dúvidas sobre como fazer isso, e a resposta é: reprodução assistida.
Para muitas pessoas, a reprodução assistida é um conjunto de tratamentos indicados somente em casos de infertilidade conjugal – por fatores masculinos e femininos –, porém, as técnicas atualmente atendem às mais diversas demandas, incluindo também a realização do desejo de pessoas solteiras de ter filhos biológicos de forma independente.
A indicação das melhores técnicas de reprodução assistida deve ser feita de forma individualizada, considerando as especificidades de cada caso. Além disso, é necessário também observar a regulamentação do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a gestação independente, que determina as condições em que os procedimentos devem ser realizados.
O texto a seguir mostra esses detalhes, além de apresentar as técnicas de reprodução assistida mais utilizadas para realizar o sonho da maternidade e da paternidade de pessoas solteiras.
Aproveite a leitura!
A reprodução assistida é uma área da medicina especializada no desenvolvimento de técnicas e procedimentos que permitam níveis diversos de intervenção nos processos reprodutivos humanos, com objetivo de ajudar a ter filhos biológicos.
As principais técnicas disponíveis hoje são:
Considerada a técnica mais complexa e abrangente, na FIV praticamente todos os processos reprodutivos podem ser reproduzidos de forma controlada: a coleta e seleção de espermatozoides e óvulos, a fecundação e o cultivo embrionário, em laboratório, e a transferência dos embriões ao útero, para que realizem a implantação, dando início à gestação.
A FIV conta ainda com a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), método em que um único gameta masculino é injetado no meio intracelular do óvulo.
A IA e a RSP são técnicas menos complexas e com limitações maiores em suas indicações, pois intervém somente na produção e seleção dos gametas, enquanto a fecundação, assim como o desenvolvimento embrionário inicial e a chegada ao útero, ocorrem no interior do corpo da mulher, sem intervenção.
A principal diferença entre elas é: na IA o sêmen é coletado por masturbação, submetido ao preparo seminal, que seleciona amostras com maior concentração de espermatozoides saudáveis, introduzidos na cavidade uterina para que sigam até as tubas e realizem a fecundação.
Enquanto na RSP os espermatozoides chegam ao útero por meio das relações sexuais e a estimulação ovariana, etapa comum a todas as técnicas de reprodução assistida, aumenta as chances de a mulher engravidar no período fértil de forma natural.
Das técnicas mencionadas, apenas a RSP não é indicada para auxiliar homens e mulheres solteiros que desejam ter filhos.
Embora as indicações da reprodução assistida para o tratamento da infertilidade sejam mais conhecidas, as técnicas também podem ser empregadas com outros objetivos terapêuticos:
A seleção de gametas e embriões e o PGT (teste genético pré-implantacional), outra técnica complementar à FIV, têm como objetivo prevenir a transmissão de doenças genéticas hereditárias, alterações cromossômicas, incluindo as aneuploidias envolvidas em doenças como a Síndrome de Down, podendo ser estas as causas de abortamento.
Pessoas que desejam adiar a maternidade ou precisam passar por tratamentos oncológicos, prejudiciais para a fertilidade, também são beneficiadas pela reprodução assistida, que permite, com a FIV, coletar e armazenar gametas e embriões por criopreservação preservando, assim, a fertilidade para a gestação ocorrer no futuro.
O CFM autoriza também a casais homoafetivos terem filhos biológicos, regulamentando a doação de sêmen e a ovodoação, além da cessão temporária de útero, mecanismos fundamentais para atender às demandas desses casais e também das pessoas solteiras que desejam ter filhos, como veremos a seguir.
Um dos principais obstáculos para que pessoas solteiras possam ter filhos biológicos é o acesso ao gameta masculino, no caso das mulheres, e feminino, no caso dos homens, para realizar a fecundação e dar início à gestação.
Os homens precisam ainda da cessão temporária de útero, ou seja, encontrar uma mulher com menos de 50 anos e aparentada em até quatro graus, segundo as regras do CFM, que aceite ser receptora da gestação.
Atualmente, homens e mulheres podem obter gametas por doação de sêmen e ovodoação, em bancos de esperma e clínicas de reprodução assistida, de forma anônima e segura, viabilizando a fecundação.
Entre as técnicas disponíveis para mulheres solteiras que desejam ter filhos, a IA e a FIV possibilitam a gravidez com o sêmen de um doador.
No caso dos homens, contudo, somente na FIV é possível realizar a fecundação com óvulos de uma doadora, já que o procedimento precisa obrigatoriamente acontecer fora do corpo da mulher.
Além disso, após a fecundação, os embriões devem ser transferidos para o útero da mulher que aceitou ceder temporariamente o útero, procedimento também exclusivo da FIV.
Toque o link e tenha acesso ao nosso conteúdo completo sobre FIV.
MaisA década de 2010 trouxe avanços importantes à luta por direitos civis, empreendida pela comunidade LGBT+, para o reconhecimento da unidade familiar homoafetiva em toda a sua complexidade: em 2011, o reconhecimento legal da união civil e em 2015, a autorização do Conselho Federal de […]
A década de 2010 trouxe avanços importantes à luta por direitos civis, empreendida pela comunidade LGBT+, para o reconhecimento da unidade familiar homoafetiva em toda a sua complexidade: em 2011, o reconhecimento legal da união civil e em 2015, a autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM) para utilizar a reprodução assistida com objetivo de ter filhos biológicos.
A reprodução assistida para casais homoafetivos depende obrigatoriamente da doação de sêmen, no caso das mulheres, e da ovodoação, no caso dos homens – que também dependem da cessão temporária de útero, um processo igualmente regulamentado pelo CFM, em que o casal deve buscar uma mulher, aparentada em até 4 graus com um dos parceiros, que aceite passar pela gestação.
No caso das uniões homoafetivas femininas, os procedimentos são mais simples. Como não há necessidade do útero de substituição nem da ovodoação, o casal não depende exclusivamente da FIV (fertilização in vitro) – como acontece com os homens – podendo buscar auxílio da IA (inseminação artificial): uma técnica de baixa complexidade, em que o sêmen do doador é inseminado no útero de uma das parceiras.
Contudo, a FIV para casais homoafetivos femininos permite a gestação compartilhada, em que as duas mulheres do casal participam diretamente da gestação, assunto que trataremos com mais profundidade no texto a seguir.
Boa leitura!
A gestação compartilhada é feita exclusivamente pela FIV, e busca inserir o casal homoafetivo feminino como um todo no processo gestacional: enquanto a fecundação acontece com oócitos de uma das mulheres e o sêmen de um doador anônimo, sua companheira é quem recebe os embriões e passa por toda a gestação.
Para isso, as etapas tradicionais da FIV sofrem algumas alterações, para se adaptar às demandas específicas da gestação compartilhada.
A primeira etapa da FIV normalmente é a estimulação ovariana, em que a mulher recebe doses de medicamentos hormonais, no início do ciclo menstrual, para induzir o recrutamento e amadurecimento de um número específico de folículos.
No caso dos casais homoafetivos femininos que optam pela gestação compartilhada, a mulher que fornece os oócitos deve passar pela estimulação ovariana ao mesmo tempo que o preparo endometrial de sua parceira é monitorado e, caso necessário, estimulado também por medicação hormonal.
Por isso, antes de dar início à FIV, os ciclos reprodutivos das mulheres precisam ser alinhados e seu início precisa ser simultâneo. A estimulação ovariana leva alguns dias e é monitorada por ultrassonografia transvaginal, exame também utilizado para acompanhar o preparo endometrial de sua parceira, até que seja constatado o auge do crescimento folicular, abrindo espaço para a segunda etapa da FIV: coleta de gametas.
A coleta de óvulos é feita por um procedimento simples, a aspiração folicular, realizada por via transvaginal.
Antes da fecundação, a amostra de sêmen do doador é selecionada, descongelada e submetida ao preparo seminal, em que se extrai subamostras com uma concentração maior de espermatozoides viáveis.
A fecundação, atualmente, é feita com mais frequência por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica que aumenta as chances de gravidez. Nesta, um espermatozoide é selecionado e inserido diretamente no meio intracelular do oócito, através de uma agulha especial.
Após a fecundação, os embriões obtidos são cultivados de 3 a 5 dias, período utilizado para observar o desenvolvimento deles. Este é também o momento adequado para a realização do PGT (teste genético pré-implantacional), caso seja optado e o casal tenha indicação para tal.
Ao mesmo tempo, deve ser realizado o monitoramento do preparo endometrial da mulher que receberá os embriões, para que a transferência possa ser realizada.
A transferência embrionária é feita, então, ao final do período de cultivo embrionário, de forma semelhante ao que acontece com os tratamentos tradicionais da FIV: os embriões são aspirados do local de cultivo e depositados na cavidade uterina da mulher que passará pela gestação.
Recomenda-se repouso moderado nos dias que sucedem a transferência embrionária, e as atividades normais, exceto a prática intensa de esportes, é aconselhada durante todo esse período.
Cerca de 20 dias após o procedimento, recomenda-se a realização do teste de gravidez e a confirmação ultrassonográfica da gestação.
Embora os casais homoafetivos femininos possam recorrer à IA para ter filhos biológicos, a gestação compartilhada só pode ser feita pela FIV, a única técnica que permite a fecundação dos oócitos fora do corpo da mulher, um processo fundamental para que a gestação seja, precisamente, compartilhada.
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MaisTer dificuldades para engravidar é normal. No entanto, quando isso acontece após 1 ano de relações sexuais desprotegidas e frequentes o diagnóstico é de infertilidade. Abortamentos espontâneos repetidos, que ocorrem por mais do que dois meses consecutivos, também indicam infertilidade feminina. A fertilidade feminina diminui […]
Ter dificuldades para engravidar é normal. No entanto, quando isso acontece após 1 ano de relações sexuais desprotegidas e frequentes o diagnóstico é de infertilidade. Abortamentos espontâneos repetidos, que ocorrem por mais do que dois meses consecutivos, também indicam infertilidade feminina.
A fertilidade feminina diminui naturalmente com o envelhecimento. Isso significa que a quantidade de folículos presentes nos ovários, bolsas que contém os óvulos, se torna progressivamente menor com o avanço da idade, até que ocorra a falência dos ovários.
Por outro lado, para que a gravidez ocorra durante fase fértil, o sistema reprodutor feminino deve funcionar perfeitamente. No entanto, diversas doenças podem causar alterações no funcionamento, dificultando ou impedindo a concepção.
Os distúrbios de ovulação e danos provocados aos órgãos reprodutores, ovários, tubas uterinas e útero, estão entre os problemas mais comuns de infertilidade. Continue a leitura até o final, saiba quais doenças podem causá-los e os tratamento que possibilitam a gravidez.
Durante a fase fértil diferentes doenças femininas podem resultar em infertilidade. Veja abaixo as principais:
Um distúrbio hormonal comum durante a idade reprodutiva, a SOP tem como característica o aumento de testosterona (hiperandrogenismo), produzida em pequenas quantidades pelos ovários e, anovulação crônica (ausência de ovulação). Além de causar um aumento no tamanho dos ovários e o crescimento de múltiplos cistos na parte externa deles.
Irregularidades menstruais estão entre as consequências do desequilíbrio hormonal, incluindo ciclos mais longos, com maior ou menor quantidade de fluxo menstrual ou ausência de menstruação (amenorreia). Essas irregularidades resultam em distúrbios de ovulação, caracterizados por dificuldades no amadurecimento do folículo ou falha em liberar o óvulo.
O hiperandrogenismo também interfere no processo de ovulação: provoca um microambiente androgênico nas células foliculares imaturas, que passam a secretar mais testosterona, impedindo o desenvolvimento e amadurecimento do folículo. As duas situações resultam em anovulação.
Os hormônios produzidos pela tireoide cumprem a importante função de regular o metabolismo das células, incluindo as foliculares. Quando há diminuição ou interrupção desses hormônios, condição chamada hipotireoidismo, o desequilíbrio hormonal leva, da mesma forma, à ausência de ovulação ou anovulação.
Considerada, atualmente, a causa mais comum de infertilidade feminina, a endometriose tem como característica o crescimento de um tecido anormal semelhante ao endométrio, fora do útero, geralmente em locais próximos como peritônio, ligamentos uterossacros, ovários e tubas uterinas.
Apesar de ser uma doença de crescimento lento, o tecido anormal provoca um processo inflamatório, que tende a causar interferências na fertilidade desde os estágios iniciais: compromete o desenvolvimento dos folículos, afeta o ciclo endometrial causando um deslocamento do período mais receptivo para o embrião implantar, ao mesmo tempo que pode comprometer a qualidade dos óvulos e, consequentemente, dos embriões, resultando, nos dois casos, em falhas na implantação e abortamento.
Além disso, os endometriomas, um tipo de cisto ovariano comum nos estágios mais avançados, também comprometem a qualidade dos óvulos ou interferirem na receptividade do endométrio, assim como podem afetar a reserva ovariana e causar perda folicular. Ou seja, ao mesmo tempo que interferem na fecundação, provocam falhas na implantação e abortamento.
À medida que processo inflamatório desenvolve, ocorre a formação de aderências. Nos ovários comprometem a liberação do óvulo e nas tubas uterinas, a captação dele, impedindo a fecundação. Podem, ainda, alterar a anatomia do útero, dificultando o desenvolvimento da gravidez.
Miomas uterinos são tumores benignos, que crescem a partir das células musculares lisas do miométrio, camada intermediária do útero. No entanto, de acordo com a localização, quantidade e dimensões, podem comprometer a fertilidade.
Os miomas submucosos, por exemplo, por crescerem no interior do útero são os que mais afetam fertilidade. Causam, por exemplo, alterações na receptividade endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e, quando crescem próximos das tubas uterinas, aumentam o risco de obstruções, inibindo a fecundação.
Pólipos endometriais são crescimentos anormais que ocorrem no endométrio. Embora sejam benignos e raramente evoluam para malignidade, os pólipos endometriais tendem a interferir na receptividade endometrial, resultando em falhas na implantação do embrião e, consequentemente, em abortamento. Em maiores dimensões, assim como os miomas, tendem a modificar a anatomia uterina dificultando ou impedindo o desenvolvimento da gestação.
Inflamações nos ovários (ooforite), nas tubas uterinas (salpingite), no colo uterino (cervicite) e no endométrio (endometrite) causam a formação de aderências, inibindo a liberação do óvulo e ou a captação dele pelas tubas uterinas, ao mesmo tempo que comprometem a qualidade dele e afetam a receptividade endometrial.
A falência ovariana prematura, conhecida ainda como insuficiência ovariana primária ou menopausa precoce, tem como característica a manifestação de sintomas semelhantes aos que ocorrem na menopausa antes dos 40 anos, como a falência dos ovários.
A trombofilia é uma doença caracterizada pela formação anormal de coágulos em veias e artérias. Pode causar alterações na vasculatura placentária, resultando em falhas na implantação e abortamento.
Anormalidades cromossômicas conhecidas como aneuploidia, quando há presença ou ausência de mais cromossomos do que o normal, podem resultar em falhas na implantação e abortamento. São bastante comuns em gametas (óvulos e espermatozoides) de pais mais velhos, por exemplo.
Determinas doenças autoimunes, entre elas o Lúpus e a tireoide de Hashimoto, ou mesmo o estilo de vida com hábitos como alcoolismo, tabagismo, uso excessivo de drogas recreativas, baixo peso ou sobrepeso, falta ou excesso de exercícios físicos e histórico de doenças sexualmente transmissíveis (DST), aumentam, ainda, as chances de infertilidade.
A infertilidade feminina, entretanto, tem tratamento na maioria dos casos, principalmente quando diagnosticada precocemente.
Após a investigação para definir as causas, os resultados diagnósticos orientam para o tratamento mais adequado a cada paciente, que pode ser realizado pela administração de medicamentos, quando o problema e causado por alterações hormonais ou inflamações e, por cirurgia, para remoção de aderências, miomas ou pólipos.
Após o tratamento, a fertilidade é restaurada em boa parte dos casos. Quando isso não acontece ou se os danos forem mais graves, as técnicas de reprodução assistida contribuem para aumentar as chances de engravidar.
As de baixa complexidade, relação sexual programada (RSP) e inseminação artificial (IA), são mais adequadas para mulheres com até 35 anos, que ainda possuem bons níveis de reserva ovariana e, as tubas uterinas saudáveis, pois a fecundação acontece naturalmente. Elas também são indicadas de acordo com cada caso com chances de gravidez que acompanham as da gestação natural: entre 20% e 25% por ciclo de tratamento.
Enquanto na FIV, de maior complexidade, a fecundação acontece em laboratório. Por isso, é mais adequada para mulheres acima de 36 anos, com obstruções nas tubas uterinas ou outros fatores de fertilidade de maior gravidade. Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV são os mais altos da reprodução assistida: em média 40% a cada ciclo.
Siga o link e informe-se mais sobre endometriose, doença que tem sido, atualmente, apontada por estudos como a principal causa de infertilidade feminina.
MaisPara que a gravidez ocorra são necessárias diferentes etapas, assim como os sistemas reprodutores feminino e masculino devem estar saudáveis. A implantação embrionária é uma delas e é fundamental para o sucesso da gravidez, inclusive nos tratamentos de reprodução assistida. Desde a puberdade, a cada […]
Para que a gravidez ocorra são necessárias diferentes etapas, assim como os sistemas reprodutores feminino e masculino devem estar saudáveis. A implantação embrionária é uma delas e é fundamental para o sucesso da gravidez, inclusive nos tratamentos de reprodução assistida.
Desde a puberdade, a cada ciclo menstrual a mulher libera um óvulo durante o período fértil, na fase conhecida como ovulação. O óvulo é capturado pelas tubas uterinas, nas quais a fecundação, ou encontro com o espermatozoide, acontece. Embora milhares de espermatozoide sejam ejaculados, apenas um vence a corrida para fecundar o óvulo.
Os pronúcleos do óvulo e do espermatozoide, que contêm os genes maternos e paternos, se fundem durante a fecundação, originando o embrião, que deve implantar no útero para que a gravidez ocorra. Continue a leitura até o final e saiba o que o é implantação embrionária, como acontece e qual a sua importância para o sucesso da gravidez.
Depois de fecundado, o óvulo se transforma em célula-ovo, chamada zigoto, que passa por sucessivas divisões celulares até se transformar em embrião.
Esse processo ocorre nas tubas uterinas e, no quinto dia de desenvolvimento, fase do embrião conhecida como blastocisto, ele é transportando para o útero, local em que se implanta no endométrio, camada que reveste o órgão internamente, que o abriga e nutre até a placenta ser formada.
Após a implantação, as células embrionárias passam a se diferenciar das células trofoblásticas, que vão originar os anexos embrionários: placenta, cordão umbilical e líquido amniótico.
A placenta é um órgão temporário, responsável por fornecer oxigênio e pelo transporte de nutrientes da mãe para o feto. O que é feito pelo cordão umbilical, que a conecta ao feto, possibilitando a troca de nutrientes.
Enquanto o líquido amniótico protege o feto de traumas externos, impede a compressão do cordão umbilical e permite o desenvolvimento dos sistemas musculoesquelético e respiratório.
Assim, é o processo de implantação, também chamado nidação, quando o embrião se fixa no endométrio, que marca o início da gestação. Se a implantação não for bem-sucedida, portanto, ocorrem falhas.
O ciclo menstrual é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea, cujo funcionamento é motivado pela ação de diferentes hormônios.
Na fase folicular vários folículos, bolsas que contém o óvulo primário, são recrutados. Um deles se torna dominante, amadurece e rompe liberando o óvulo para ser fecundado, processo conhecido como ovulação, que acontece na fase ovulatória.
Nessa fase o endométrio, tecido epitelial altamente vascularizado, que reveste a camada uterina, começa a ser preparado para receber o embrião. Para isso, torna-se cada vez mais espesso, a partir da ação do estrogênio. No final da fase ovulatória, possui entre 3 e 4 mm.
Quando ocorre a concepção, o folículo que abrigava o óvulo se transforma em corpo lúteo, estrutura responsável por secretar progesterona, responsável pelo espessamento final do endométrio em conjunto com o estrogênio. No final dessa fase, o endométrio deverá ter entre 5 e 6 mm.
Se a concepção não ocorrer após a ovulação, os níveis hormonais decrescem, o corpo lúteo degenera e a camada funcional do endométrio descama originando a menstruação. O fluxo menstrual é formado pelas células que se desprendem da camada funcional do revestimento endometrial, misturadas ao sangue dos pequenos vasos que circundam as glândulas endometriais.
Durante o ciclo endometrial há um período conhecido como janela de implantação, quando endométrio se torna mais receptivo para receber o embrião. A receptividade do endométrio é um critério fundamental para a implantação ser bem-sucedida, na gestação natural e nos tratamentos de reprodução assistida.
A principal consequência das falhas de implantação é o abortamento. Diversas condições, que afetam o embrião ou o ciclo endometrial, podem interferir no processo de nidação. Veja abaixo alguns exemplos:
Após a correção do problema a receptividade endometrial pode normalizar em alguns casos, possibilitando a gestação espontânea. Nos tratamentos de reprodução assistida, entretanto, ainda que seja possível preparar o endométrio para garantir maior receptividade endometrial, nenhuma tecnologia atual permite realizar o processo de implantação.
Porém, na fertilização in vitro (FIV), técnicas complementares ao tratamento aumentam as chances de o processo ser bem-sucedido quando há falhas repetidas de implantação, termo que descreve a perda de gravidez por mais de três ciclos consecutivos de tratamento, após a transferência de embriões de boa qualidade.
Além da preparação do endométrio o teste ERA, uma ferramenta molecular, analisa simultaneamente o sequenciamento genético de cerca de 200 genes envolvidos no ciclo endometrial, indicando, assim, o período mais receptivo para a transferência embrionária, personalizando-a.
Outra ferramenta molecular, o teste genético pré-implantacional (PGT), analisa as células do embrião durante a fase de blastocisto, detectando possíveis distúrbios genéticos. Dessa forma, apenas o mais saudáveis são transferidos para o útero, reduzindo as chances de ocorrerem falhas.
Já o hatching assistido, procedimento em que são criadas aberturas artificiais na zona pelúcida, facilita a eclosão de embriões formados por óvulos de mulheres mais velhas, que têm dificuldades para rompê-la.
Entenda melhor como funciona o tratamento por FIV tocando aqui.
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