A infertilidade afeta milhares de pessoas no mundo todo e é considerada questão se saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora historicamente as dificuldades de um casal para engravidar tenham sido atribuídas às mulheres, sabe-se, hoje, que os fatores de infertilidade podem ser […]
A infertilidade afeta milhares de pessoas no mundo todo e é considerada questão se saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Embora historicamente as dificuldades de um casal para engravidar tenham sido atribuídas às mulheres, sabe-se, hoje, que os fatores de infertilidade podem ser igualmente femininos e masculinos. Em alguns países os percentuais masculinos têm, inclusive, ultrapassado os femininos.
A infertilidade masculina surge como consequência de diferentes condições que afetam o sistema reprodutor, resultando em problemas como azoospermia, baixa produção de espermatozoides, alterações na morfologia (forma) e motilidade (movimento), em danos no DNA e em obstruções que impedem o transporte ou a saída deles no processo de ejaculação.
A azoospermia está entre as causas mais comuns. Por ser geralmente assintomática, na maioria das vezes é percebida apenas quando há dificuldades para engravidar a parceira. Porém, tem tratamento em boa parte dos casos, assim como é possível tornar-se pai e superar a infertilidade com o auxílio da fertilização in vitro (FIV). Continue a leitura até o final para saber mais.
A azoospermia é uma condição em que os espermatozoides não estão presentes no sêmen ejaculado.
A produção de espermatozoides ocorre nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos. Após serem produzidos, eles são armazenados nos epidídimos, até se tornarem maduros e com maior motilidade para serem transportados e ejaculados.
No processo de ejaculação, são incorporados ao sêmen, formado por fluídos produzidos pelas vesículas seminais e pela próstata. Assim, o sêmen é responsável por abrigar, nutrir e transportar os espermatozoides até as tubas uterinas onde a fecundação (fusão com o óvulo), acontece.
Quando os espermatozoides não estão presentes no sêmen ejaculado, portanto, não há fecundação, o que pode resultar de diferentes fatores. Por isso, a azoospermia é classificada como obstrutiva e não-obstrutiva, de acordo com o que motivou o problema.
A obstrutiva, conhecida, ainda, como azoospermia pós-testicular, é o tipo mais comum e, como o nome indica, tem como característica um bloqueio nos epidídimos, dutos deferentes ou ejaculatórios, impedindo, dessa forma, o transporte dos espermatozoides.
Na maioria das vezes resulta de processos inflamatórios no sistema reprodutor masculino, como epididimite, dos epidídimos, orquite, dos testículos e prostatite, da próstata, frequentemente causadas por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), incluindo a clamídia e a gonorreia. Eles levam à formação de aderências, que provocam as obstruções.
Embora também possam ser causadas por cistos, massas tumorais ou da ejaculação retrógada, quando o sêmen flui para bexiga em vez de sair pela uretra durante o orgasmo.
A azoospermia não obstrutiva, por outro lado, tem como característica a diminuição ou interrupção da produção de espermatozoides pelos testículos. Subdividida em dois subtipos, pré-testicular e testicular, causados por diferentes condições.
Por exemplo, a pré-testicular é um problema genético ou hormonal bastante raro, no qual os testículos apesar de normais, não produzem espermatozoides. Enquanto a testicular é consequência de doenças como a varicocele, caxumba, insuficiência renal e diabetes, de danos nos testículos e de alterações nos níveis dos hormônios masculinos.
Quando há alteração nos níveis dos hormônios masculinos o tratamento é feito por terapias hormonais, enquanto as obstruções são solucionadas por microcirurgias. Se a capacidade reprodutiva não for restaurada após o tratamento, ou quando a azoospermia causou maiores dados, ainda é possível ter filhos a partir do tratamento por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides.
A ICSI foi incorporada ao tratamento em 1992 e surgiu como solução para os problemas de infertilidade masculina provocados por fatores mais graves, incluindo a azoospermia.
A técnica proporciona a recuperação de espermatozoides dos epidídimos ou dos testículos por diferentes métodos cirúrgicos, da mesma forma que aumenta as chances de fecundação.
Se a azoospermia for obstrutiva, os espermatozoides são recuperados do epidídimo, com a utilização de PESA e MESA. Na PESA são aspirados por uma agulha fina conectada a uma seringa. O procedimento é realizado em ambiente laboratorial e requer apenas anestesia local.
Na MESA, a partir de uma incisão na bolsa escrotal os testículos são expostos e os túbulos seminíferos que possuem uma quantidade maior de líquido seminal aspirados com o auxílio de um microscópio.
Apesar de ser um procedimento cirúrgico realizado em ambiente hospitalar, com a utilização de anestesia, é minimamente invasivo e proporciona a recuperação de uma quantidade maior de espermatozoides.
Quando a azoospermia é não obstrutiva, os espermatozoides são recuperados diretamente dos testículos por TESE e Micro-TESE. Na TESE são recuperados por biópsia aberta, também a partir de uma incisão na bolsa escrotal para expor os testículos e extrair os túbulos seminíferos que podem conter espermatozoides.
Na Micro-TESE o procedimento é semelhante, se diferencia apenas por ser realizada com o auxílio de um microscópio, possibilitando melhor avaliação dos túbulos seminíferos e, consequentemente a recuperação de uma quantidade maior.
Os dois procedimentos ocorrem em ambiente hospitalar, com a utilização de anestesia local.
Após serem coletados, os espermatozoides são capacitados por técnicas de preparo seminal, que selecionam os mais saudáveis para a fecundação.
Durante o a fecundação, que acontece em laboratório, cada espermatozoide é, ainda, individualmente avaliado em movimento por um microscópio de alta resolução e, posteriormente, injetado diretamente no citoplasma do óvulo por um micromanipulador de gametas, aparelho acoplado a ele.
Assim, as chances de fecundação são bem expressivas: a técnica apresenta percentuais de sucesso gestacional de 40%, em média.
Siga o link e informe-se mais sobre azoospermia.
MaisA ovodoação é uma técnica complementar ao tratamento por fertilização in vitro (FIV). Importante no contexto da reprodução assistida, possibilita a gravidez de mulheres que não podem ter filhos com óvulos próprios e de casais homoafetivos masculinos. No entanto, embora a técnica já tenha beneficiado […]
A ovodoação é uma técnica complementar ao tratamento por fertilização in vitro (FIV). Importante no contexto da reprodução assistida, possibilita a gravidez de mulheres que não podem ter filhos com óvulos próprios e de casais homoafetivos masculinos.
No entanto, embora a técnica já tenha beneficiado milhares de casais no mundo todo, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que orienta a reprodução assistida no país, estabeleceu algumas regras para utilização da técnica.
A doação, por exemplo, deve ser voluntária e anônima. Ou seja, não pode ter caráter comercial e lucrativo, assim como as doadoras não devem conhecer a identidade da família receptora e vice-versa.
Continue a leitura até o final e entenda como é feita a doação de óvulos, quando é possível solicitar óvulos de doadora e como a técnica funciona no tratamento por FIV.
Qualquer mulher saudável, com até 35 anos, quando os níveis de reserva ovariana ainda estão altos, pode doar seus óvulos. O limite de idade também é determinado pelo CFM, justificado pela redução natural da reserva ovariana provocada pelo envelhecimento, que afeta, ao mesmo tempo, a qualidade dos óvulos.
Para confirmar a saúde a doadora é submetida a diferentes exames, incluindo:
Os óvulos doados são ainda previamente selecionados em laboratório, antes de serem congelados e armazenados. Dessa forma, apenas os saudáveis são disponibilizados para doação.
A doação é feita para clínicas de reprodução assistida, muitas vezes por mulheres que já estão em tratamento. Em algumas situações esse processo pode ser, inclusive, compartilhado: mulheres em tratamento podem doar seus óvulos para outra paciente que, nesse caso, se responsabiliza pelos custos de parte do tratamento da doadora. Porém, sempre anônimo.
De um modo geral, entretanto, as doadoras são selecionadas na própria clínica de reprodução assistida, de acordo com as características biológicas do casal. O Conselho Federal de Medina desde 2017 flexibilizou a possibilidade de escolha, estabelecendo uma semelhança de forma mais genérica com a receptora, anteriormente determinada enquanto compatibilidade máxima.
O tratamento com a doação de óvulos é indicado particularmente nas seguintes situações:
Com a tendência, comum ao mundo contemporâneo, de adiar os planos de gravidez, a ovodoação tem se tornado um recurso cada vez mais utilizado no mundo todo, principalmente por mulheres que não preservaram previamente a fertilidade.
O procedimento, conhecido como preservação social da fertilidade, prevê a coleta e congelamento dos óvulos ainda durante a fase fértil, enquanto há altos níveis de reserva ovariana, posteriormente utilizados no tratamento por FIV.
Da mesma forma que a doadora, a mulher receptora também é submetida a diferentes exames para confirmar a saúde e a capacidade de sustentar a gestação.
Após a análise dos óvulos da doadora, são coletadas as amostras de sêmen do parceiro, e os espermatozoides capacitados por técnicas de preparo seminal, que possibilitam a seleção dos que possuem melhor morfologia (forma) e movimento (motilidade) para a fecundação.
Os óvulos são, então, descongelados e fecundados em laboratório. Atualmente, o método mais utilizado pelas clínicas de reprodução assistida é a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides.
Na FIV com ICSI, cada espermatozoide é novamente avaliado individualmente, em movimento, por um microscópio potente e, depois de ter a saúde confirmada, é injetado diretamente no citoplasma do óvulo com o auxílio de um micromanipulador de gametas, aparelho de alta precisão acoplado ao microscópio. Assim, as chances de fecundação são maiores.
Os embriões são posteriormente cultivados por até seis dias em laboratório e podem ser transferidos para útero para que ocorra a implantação (nidação) iniciando a gestação.
Nos primeiros dois ou três dias, quando inicia a divisão celular, fase conhecida como clivagem ou D3, ou entre o quinto e sexto dia, no blastocisto, fase em que as células já estão formadas e divididas por função.
O processo é acompanhado diariamente por um embriologista e a mais adequada para cada paciente, é definida pelo especialista.
A transferência é um procedimento bem simples, realizado na clínica de reprodução assistida e, em aproximadamente 15 dias já é possível confirmar a gravidez.
Os casais homoafetivos masculinos que vão recorrer a ovodoação, contam, ainda, com outra técnica complementar à FIV: o útero de substituição ou cessão temporária do útero. O CFM permite que o útero seja cedido por parentes dos pacientes em tratamento como mães, irmãs, tias, sobrinhas e primas.
A taxas de gravidez proporcionadas pela FIV são bastantes expressivas, as mais altas entre as técnicas de reprodução assistida, independentemente de serem utilizados óvulos próprios ou doados: em média 40% por ciclo.
Clique aqui e entende detalhadamente o funcionamento da ovodoação.
MaisA ultrassonografia pélvica abdominal ou transvaginal é o exame de imagem utilizado para investigar os órgãos localizados na região pélvica e abdominal. Na área ginecológica é o primeiro realizado para avaliação dos órgãos reprodutores femininos quando há dificuldades para conceber, possibilitando a detecção de diversas […]
A ultrassonografia pélvica abdominal ou transvaginal é o exame de imagem utilizado para investigar os órgãos localizados na região pélvica e abdominal.
Na área ginecológica é o primeiro realizado para avaliação dos órgãos reprodutores femininos quando há dificuldades para conceber, possibilitando a detecção de diversas doenças, entre elas a endometriose, considerada atualmente a principal causa de infertilidade feminina.
O exame identifica, por exemplo, com bastante precisão, a presença de endometriomas, cistos característicos de endometriose, geralmente presentes em mulheres portadoras nos estágios moderados ou avançados.
Continue a leitura até o final, conheça mais sobre o funcionamento da técnica e saiba em quais casos ela é indicada.
Um exame simples e não invasivo, a ultrassonografia pélvica possibilita a avaliação do tamanho, formato e posição dos órgãos reprodutores (útero, ovários, tubas uterinas e vagina), ao mesmo tempo que identifica a presença de fluidos ou tecidos anormais.
Para realizar o estudo utiliza um aparelho chamado transdutor: ele transforma ondas sonoras em imagens de alta definição transmitidas para um monitor, permitindo que o especialista acompanhe em tempo real, detalhadamente, a região pesquisada.
É considerada uma das principais opções para detectar precocemente condições que podem resultar em infertilidade feminina, sem a necessidade de nenhum tipo de sedação ou anestesia.
Embora a ultrassonografia seja utilizada em diferentes áreas médicas, na área ginecológica, particularmente, dois métodos são adotados: a ultrassonografia abdominal ou suprapúbica e a ultrassonografia transvaginal ou endovaginal, cada uma funciona de um modo diferente.
A ultrassonografia abdominal ou suprapúbica é o método realizado pelo abdome, com a utilização de um transdutor adaptado para pesquisar essa região.
O exame acontece em ambiente ambulatorial, como clínicas ou consultórios ginecológicos. A paciente recebe uma veste especial e é deitada em uma maca. Para eliminar o ar facilitando a condução das ondas sonoras um gel condutor é aplicado entre a pele e o aparelho, movimentado em diferentes direções durante a pesquisa.
Antes do exame são recomendadas as seguintes ações:
Na ultrassonografia transvaginal ou endovaginal, como o nome indica, o transdutor é inserido pelo canal vaginal: também possui um formato adaptado para isso, nesse caso, é longo e mais delgado, coberto pelo gel condutor e por uma proteção de látex lubrificada.
Da mesma forma que a ultrassonografia abdominal, o exame é feito em ambiente ambulatorial, com a mulher em posição ginecológica (litotomia), ou seja, deitada de costas em uma maca, com as pernas flexionadas e apoiadas em dois suportes semelhantes a estribos. Após ser inserido, o aparelho é girado ou inclinado para realizar a pesquisa.
A ultrassonografia transvaginal não exige nenhum tipo de preparo. De acordo com a causa investigada, os dois exames podem ser utilizados em associação.
Entre as indicações do exame, está o teste para a avaliação da reserva ovariana, feito por ultrassonografia transvaginal, que possibilita a estimativa da quantidade de folículos antrais (com capacidade para amadurecer e ovular), no momento em que é realizado. Por isso, é considerada uma das principais ferramentas para avaliar a reserva ovariana.
Por outro lado, a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal é um tipo de ultrassom especial para a avaliação de endometriose.
Conhecido ainda como ultrassonografia especializada para endometriose, possui alta sensibilidade, indicando lesões características da doença localizadas em diferentes locais e profundidade, assim como os endometriomas ovarianos, considerados a principal consequência da endometriose para a fertilidade feminina.
Outras condições identificadas pelo exame incluem:
Além disso, a ultrassonografia pélvica pode ser utilizada para identificar as causas de obstruções nas tubas uterinas (nos casos de hidrossalpinge), de sangramento anormal, durante a fase fértil e após a menopausa, para confirmar a suspeita de gravidez ectópica – quando ocorre fora do útero, geralmente nas tubas uterinas – e localizar ou confirmar o posicionamento de um dispositivo contraceptivo intrauterino (DIU).
Nos tratamentos de reprodução assistida, acompanha o desenvolvimento dos folículos, auxilia nos procedimentos de coleta dos maduros, cujos óvulos são usados na fertilização in vitro (FIV) e, na transferência do embrião para o útero materno.
Já durante a gravidez, verifica o fluxo sanguíneo da placenta para o feto e a formação dos órgãos, ao mesmo tempo que acompanha a evolução da gestação.
Quer saber mais sobre a ultrassonografia pélvica abdominal e transvaginal? Toque aqui.
MaisAté bem pouco tempo os problemas de infertilidade de um casal eram atribuídos principalmente às mulheres. Porém, sabe-se hoje que os fatores de infertilidade masculina contribuem no mínimo em igual proporção e, em alguns casos, os percentuais são, inclusive, mais altos. A infertilidade masculina pode […]
Até bem pouco tempo os problemas de infertilidade de um casal eram atribuídos principalmente às mulheres. Porém, sabe-se hoje que os fatores de infertilidade masculina contribuem no mínimo em igual proporção e, em alguns casos, os percentuais são, inclusive, mais altos.
A infertilidade masculina pode ocorrer como consequência de alterações na produção de espermatozoides, processo conhecido como espermatogênese, da ausência deles no sêmen ejaculado, de anormalidades na estrutura (morfologia e motilidade) e na função espermática, assim como de bloqueios, que impedem o transporte até o óvulo para fecundá-lo.
São problemas causados por diferentes doenças, muitas vezes silenciosas, descobertas apenas quando há dificuldades para engravidar a parceira.
Continue a leitura até o final e saiba quais são as doenças que interferem na capacidade reprodutiva dos homens e como elas são tratadas.
Para que a gravidez seja bem-sucedida os sistemas reprodutores feminino e masculino devem funcionar perfeitamente.
Os espermatozoides, por exemplo, são produzidos nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos, as glândulas sexuais masculinas. Possuem cabeça, pescoço e cauda com flagelo. Na cabeça fica armazenado o núcleo, que contém uma cópia de cada cromossomo, os genes masculinos, enquanto o flagelo é responsável pela motilidade, ou seja, pela capacidade de movimento.
Após serem produzidos, são armazenados nos epidídimos, dutos que os nutrem até se tornarem maduros e com maior motilidade, quando são transportados pelos dutos deferentes para serem ejaculados.
No caminho, são incorporados ao fluido seminal produzido pelas vesículas seminais e pela próstata para formar o sêmen, substância que os protege do ambiente ácido da vagina, até atingirem as tubas uterinas para fecundar o óvulo.
Diferentes condições podem interferir no funcionamento normal do sistema reprodutor masculino, causando infertilidade. Veja as doenças que podem dificultar a reprodução:
Alterações na produção dos espermatozoides podem levar à baixa concentração ou ausência deles no sêmen ejaculado, condição conhecida como azoospermia, uma das principais causas de infertilidade masculina.
O desequilíbrio nos níveis dos hormônios sexuais masculinos responsáveis pela produção de espermatozoides, é uma das principais causas de alterações na espermatogênese. Ele pode ser consequência de problemas da hipófise, hipotálamo ou da tireoide, causados por diferentes condições que afetam os testículos. Entre os exemplos estão:
A varicocele, doença que tem como principal característica a formação de varizes no cordão espermático, também interfere na produção dos gametas masculinos.
Cordão espermático é a estrutura que sustenta os testículos na bolsa escrotal, responsável por mantê-los a uma temperatura mais baixa do que a do corpo humano, ideal para a produção dos gametas masculinos. As varizes causam a elevação dessa temperatura, interferindo, dessa forma, na espermatogênese.
Os processos inflamatórios que afetam o sistema reprodutor masculino também podem causar cicatrizes nos epidídimos, dutos deferentes ou ejaculatórios, impedindo o transporte dos espermatozoides ou a saída deles.
Os bloqueios podem ser consequência, ainda, de doenças genéticas, como a fibrose cística, de lesões cirúrgicas, traumas, cistos ou tumores.
Algumas condições podem provocar alterações nos espermatozoides, como anormalidades nos cromossomos que resultam em má qualidade embrionária, levando a falhas na implantação, ou ao desenvolvimento de doenças quando são transmitidas.
O problema é clinicamente conhecido como fragmentação do DNA espermático, quando há perda da integridade do DNA. Atualmente é apontado como uma das causas mais comuns de infertilidade masculina, consequência principalmente do estresse oxidativo, ou excesso de produção de espécies reativas de oxigênio.
Embora também possa resultar alterações na cromatina, substância constituinte do cromossomo, de mecanismos de reparo do DNA e do envelhecimento, uma vez que a qualidade dos espermatozoides naturalmente diminui com o avanço da idade.
Algumas doenças masculinas contribuem para aumentar o risco, incluindo a varicocele e os processos inflamatórios. Hábitos como o tabagismo e o alcoolismo, exposição a produtos químicos ou tóxicos e o uso de medicamentos para o tratamento de câncer, são ainda considerados fatores de risco.
Quando transmitidas as anormalidades cromossômicas podem causar o desenvolvimento de doenças como a síndrome de Down, em que o cromossomo 21 tem três cópias (trissomia 21).
Além das condições que causam interferências no funcionamento normal do sistema reprodutor masculino, a infertilidade masculina pode resultar de problemas na função sexual, como a dificuldade em ter ou manter uma ereção, ejaculação precoce, ejaculação retrógada ou pequenos volumes ejaculados e de anormalidades anatômicas congênitas ou adquiridas, que inibem a fecundação.
O tratamento de infertilidade masculina pode ser feito por medicamentos, cirurgia ou por técnicas de reprodução assistida, de acordo com a causa que provocou o problema.
Distúrbios hormonais, podem ser controlados pela reposição hormonal, que possibilita o reequilíbrio dos níveis hormonais e, consequentemente, a normalização do processo de espermatogênese.
Para o tratamento de processos inflamatórios, são prescritos antibióticos de acordo com o tipo de bactéria. Se os agentes forem sexualmente transmissíveis, as parceiras também devem ser investigadas e tratadas para evitar a reinfecção.
Já os distúrbios sexuais podem ser solucionados pela administração de medicamentos específicos.
A cirurgia é particularmente indicada para correção de varicocele e ou quando há obstruções, proporcionando a reparação dos dutos obstruídos.
Problemas de menor gravidade, como pequenas alterações na estrutura dos espermatozoides, podem ser tratados pela inseminação artificial.
Técnica de menor complexidade, na qual os espermatozoides são previamente selecionados pelo preparo seminal, e posteriormente depositados no útero durante o período fértil. No entanto, como a fecundação acontece naturalmente, as nas tubas uterinas da parceira deverão ser saudáveis.
Se não houver sucesso nos procedimentos anteriores e nos casos em que a infertilidade é causada por fatores mais graves, é indicado o tratamento por fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides).
Nessa técnica, os espermatozoides também são selecionados pelo preparo seminal. Quando eles não estão presentes no sêmen ejaculado podem, ainda, ser recuperados diretamente dos epidídimos ou dos testículos por diferentes abordagens cirúrgicas. Posteriormente são injetados dentro do óvulo, aumentando as chances de fecundação.
Os embriões que resultam desse processo são transferidos para o útero materno, onde implantam (se fixam), iniciando a gestação.
Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela FIV são bastante expressivos: em média 40% a cada ciclo de realização do tratamento.
Toque aqui e conheça mais sobre a varicocele, doença masculina considerada a causa mais comum de infertilidade.
MaisFIV, ou fertilização in vitro, é a principal técnica de reprodução assistida e apresenta percentuais bastante altos de sucesso gestacional a cada ciclo de tratamento. Foi desenvolvida inicialmente com o propósito de solucionar obstruções tubárias, um dos problemas mais comuns de infertilidade feminina: na FIV […]
FIV, ou fertilização in vitro, é a principal técnica de reprodução assistida e apresenta percentuais bastante altos de sucesso gestacional a cada ciclo de tratamento.
Foi desenvolvida inicialmente com o propósito de solucionar obstruções tubárias, um dos problemas mais comuns de infertilidade feminina: na FIV óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório e os embriões formados pela fecundação, posteriormente transferidos ao útero materno. Ou seja, as tubas uterinas, local em que a fecundação acontece na gestação natural, não têm nenhuma função nesse processo.
A técnica tornou-se conhecida em 1978, quando nasceu o primeiro bebê concebido com a sua utilização. Na ocasião, foi amplamente divulgada pela mídia como ‘revolução da vida do século XX’, uma vez que a possibilidade de conceber uma criança de forma artificial, até aquela ocasião, figurava apenas como tema de livros ou filmes de ficção científica.
Nas últimas décadas a FIV evolui, possibilitando o tratamento da maioria dos problemas de infertilidade, femininos e masculinos. Porém, diferentes mitos também surgiram em torno da técnica e se tornaram amplamente difundidos com as redes sociais.
Continue a leitura até o final e conheça a verdade sobre três deles, frequentemente citados.
Ainda que diferentes mitos sobre a FIV tenham surgido desde o desenvolvimento da técnica, três deles são frequentemente observados: ‘É possível escolher o sexo da criança na FIV?’; ‘A FIV aumenta o risco de gestação gemelar?’ e ‘A criança tem maior risco de ter uma saúde debilitada?’. Saiba, abaixo, a verdade sobre cada um deles.
Mito. Embora a FIV possibilite a escolha do sexo do futuro filho, isso não é permitido pelo Conselho Federal de Medicina, órgão que regulamenta a reprodução assistida no Brasil. O CFM permite exceção apenas nos casos de transmissão de doenças genéticas determinadas pelo sexo.
Na gestação natural, quando ocorre a fecundação, os núcleos do óvulo e espermatozoide se fundem. Neles, estão contidos os cromossomos ou genes: os óvulos possuem apenas o cromossomo X, enquanto os espermatozoides podem ter cromossomo X ou Y. O cruzamento XX resulta em um embrião feminino e o XY, em um masculino.
Na FIV, para que ocorra a fecundação, óvulos e espermatozoides são previamente coletados e selecionados. Atualmente o processo é realizado pela FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) na maioria das clínicas de reprodução assistida.
Nesse método, o espermatozoide é novamente avaliado individualmente e em movimento, uma vez que a motilidade, assim como a morfologia (forma), são critérios fundamentais para assegurar a saúde deles.
Depois de terem a saúde avaliada, são injetados diretamente no citoplasma do óvulo por um micromanipulador de gametas, aparelho acoplado ao microscópio. Dessa forma, há mais chances de um número maior de óvulos ser fecundado com sucesso e, consequentemente, de mais embriões serem formados.
Os embriões são posteriormente cultivados por até seis dias em laboratório, fase em que já possuem as células formadas e divididas por função, chamada blastocisto.
Com o embrião em blastocisto, uma técnica complementar à FIV, o teste genético pré-implantacional, analisa as células embrionárias possibilitando desde a detecção de doenças genéticas e anormalidades cromossômicas, como também o sexo do embrião.
Verdade. Na FIV o risco de gestação gemelar é maior, principalmente quando comparado às outras técnicas de reprodução assistida, em que a fecundação ocorre naturalmente, nas tubas uterinas.
Isso acontece porque na FIV, para garantir maiores chances de gravidez, muitas vezes é necessário a transferência de mais embriões. Embora a gestação gemelar possa ser desejada pelos pais, é potencialmente mais perigosa para a mãe e para o feto, quando comparada à gestação única.
Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão responsável por orientar a reprodução assistida no Brasil, limitou a quantidade de embriões a serem transferidos de acordo com a idade da mulher: até 35 anos, 2 embriões, a partir dos 36 anos, 3 embriões e após os 40 anos, 4 embriões.
O processo de transferência é bastante simples, realizado na própria clínica de reprodução assistida com a mulher em posição ginecológica (litotomia) e nem sempre há necessidade de sedação.
Mito. A FIV, apesar de ser um procedimento complexo, possibilita o controle de todo o processo reprodutivo. Da seleção dos melhores gametas para fecundação, à avaliação das células embrionárias pelo teste genético pré-implantacional (PGT), confirmando, dessa forma, a saúde do embrião e da futura criança.
Desde que foi desenvolvida a FIV já proporcionou o nascimento de milhares de crianças saudáveis no mundo todo, incluindo Louise Brown, o primeiro bebê concebido com a utilização da técnica em 1978. Hoje, com 43 anos, ela é casada, tem dois filhos, trabalha e vive em Bristol, na Inglaterra.
Siga o link e saiba detalhadamente como a FIV funciona.
MaisA síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal comum entre mulheres em idade reprodutiva. As portadoras da doença podem ter períodos menstruais raros ou prolongados, além de níveis excessivos do hormônio masculino testosterona, geralmente produzido em pequenas quantidades pelos ovários. O desequilíbrio hormonal […]
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio hormonal comum entre mulheres em idade reprodutiva. As portadoras da doença podem ter períodos menstruais raros ou prolongados, além de níveis excessivos do hormônio masculino testosterona, geralmente produzido em pequenas quantidades pelos ovários.
O desequilíbrio hormonal leva à formação de múltiplos cistos na parte externa dos ovários (ovários policísticos), interferindo, ao mesmo tempo, na função deles. Enquanto o aumento na produção de androgênios estimula o desenvolvimento de traços um pouco mais masculinos.
Assim, SOP afeta de muitas formas na saúde feminina, desde a capacidade reprodutiva à qualidade de vida, levando ao desenvolvimento de transtornos emocionais como ansiedade ou depressão e, muitas vezes, ao afastamento social ou comprometimento das relações pessoais.
A anovulação, ou ausência de ovulação, é uma das principais consequências dessa Síndrome. Continue a leitura até o final e entenda a relação.
A SOP é um distúrbio endócrino-ginecológico, que interfere diretamente na função dos ovários.
Os ovários são duas glândulas do sistema reprodutor feminino, responsáveis pelo armazenamento dos folículos (bolsas que contém os óvulos primários) e pela produção dos hormônios femininos estrogênio e progesterona, ao mesmo tempo que produz testosterona em menores quantidades.
A cada ciclo menstrual os ovários liberam um óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide. Para que isso aconteça, entretanto, diferentes etapas são necessárias.
No início do ciclo, diversos folículos crescem estimulados pela ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Esses folículos passam a secretar estrogênio, que atua no espessamento do endométrio, camada uterina que abriga o embrião nos primeiros dias de vida.
Entre os folículos que cresceram, entretanto, apenas um deles se torna dominante e desenvolve e amadurece. Quando o folículo está maduro, este é responsável pelo pico do estrogênio e o seu pico antecederá o pico do LH, que funciona como espécie de gatilho induzindo o folículo ao amadurecimento final e ao rompimento. O óvulo é, então, liberado (ovulação) e, em seguida, capturado pelas tubas uterinas onde o encontro com espermatozoide acontece (fecundação).
Em mulheres com SOP, entretanto, ocorre um desequilíbrio nos níveis dos hormônios envolvidos nesse processo, conhecido como foliculogênese, resultando em falhas.
A causa exata da SOP ainda permanece desconhecida, porém, diversos estudos sugerem que alguns fatores tendem a aumentar o risco para o desenvolvimento da doença, principalmente a genética e a resistência à insulina (RI).
A resistência à insulina, condição comum a mulheres obesas, é considerado um fator desencadeador da doença. Insulina é o hormônio produzido pelo pâncreas, responsável pelo metabolismo da glicose para gerar energia, ao mesmo tempo que tem uma ação importante na maturação do folículo.
A RI, provoca o aumento de glicose no sangue, o que eleva naturalmente os níveis de insulina, estimulando a produção de andrógenos. Uma boa parte das mulheres com SOP é obesa. A influência genética, por outro lado, é justificada pela alta incidência da doença em parentes de primeiro grau das mulheres portadoras.
Mulheres que sofrem com obesidade ou possuem mãe e irmãs com SOP, portanto, têm maior risco de desenvolver SOP.
Anovulação é o termo utilizado para definir a ausência de ovulação, ou seja, quando não ocorre o rompimento e liberação do óvulo durante o ciclo menstrual.
Em ciclos anovulatórios, muitas vezes a menstruação acontece normalmente, ainda que existam alterações no fluxo, por isso nem sempre as mulheres percebem que não ovularam.
É comum a anovulação ocorrer no início da puberdade e da menopausa, períodos em que naturalmente ocorrem alterações nos níveis hormonais.
No entanto, durante a fase reprodutiva, quando ocorre por mais do que dois meses consecutivos e se torna crônica, pode resultar em infertilidade. A SOP é considerada a principal causa de anovulação crônica.
O desequilíbrio hormonal característico da SOP resulta em irregularidades menstruais, como ciclos mais longos do que o normal, com maior ou menor quantidade de fluxo menstrual ou ausência de menstruação (amenorreia).
As irregularidades menstruais, por sua vez, provocam distúrbios de ovulação como dificuldades no amadurecimento do folículo ou a falha em liberar o óvulo. Isso acontece pois não há formação do corpo lúteo, estrutura que se forma a partir do folículo que rompeu, responsável pela liberação de progesterona.
O aumento da testosterona, também interfere no processo de ovulação. O hiperandrogenismo, surge como consequência do controle inadequado do eixo hipotálamo-hipofisário-gonodal e da resistência à insulina, que provoca um microambiente androgênico nas células foliculares imaturas, que passam a secretar mais testosterona, levando, assim, ao aumento da produção de hormônios andrógenos.
Esse microambiente impede o desenvolvimento e amadurecimento do folículo, resultando em anovulação.
Além de infertilidade, a SOP provoca a manifestação de diferentes sintomas, que impactam bastante a qualidade de vida das mulheres portadoras, interferindo na autoestima, nas atividades cotidianas ou nas relações profissionais e pessoais.
Entre eles as alterações corporais consequentes do hirsutismo, como queda temporária de cabelo e crescimento de pelos em locais pouco comuns, incluindo a face, os seios e as costas, por exemplo.
Mulheres com SOP que desejam engravidar podem contar com os tratamentos de reprodução assistida. Em todos eles a primeira etapa é a estimulação ovariana, procedimento realizado com medicamentos hormonais sintéticos semelhantes aos hormônios naturais, para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, garantindo, dessa forma, mais óvulos para serem fecundados.
A definição da técnica mais adequada para cada paciente, entretanto, considera diferentes fatores, incluindo a idade da mulher. As três principais são a relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV). Todas elas aumentam as chances de gravidez de mulheres com SOP quando indicadas adequadamente,
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MaisA endometriose é uma doença estrogênio dependente muito comum nas mulheres em idade reprodutiva, e pode ser responsável por uma queda sensível na qualidade de vida das portadoras, em função de seus sintomas, que incluem a infertilidade feminina. Definida pelo aparecimento de endométrio ectópico, ou […]
A endometriose é uma doença estrogênio dependente muito comum nas mulheres em idade reprodutiva, e pode ser responsável por uma queda sensível na qualidade de vida das portadoras, em função de seus sintomas, que incluem a infertilidade feminina.
Definida pelo aparecimento de endométrio ectópico, ou seja, que se desenvolve fora do seu local de origem, a cavidade uterina, a endometriose produz sintomas que muitas vezes podem ser compartilhados por outras doenças, especialmente as comorbidades estrogênio dependentes, como os miomas uterinos.
Essa semelhança compõe um dos principais obstáculos para se chegar a um diagnóstico preciso para endometriose, por isso é importante que a mulher busque atendimento médico assim que começa a sentir alterações menstruais, dores pélvicas e dificuldades para engravidar, com objetivo de iniciar precocemente a investigação e diminuir o tempo para o início do tratamento.
Este texto mostra mais detalhadamente como é feito o diagnóstico da endometriose e como esse processo é importante e até mesmo decisivo para que muitas mulheres possam realizar o sonho de ter filhos.
Embora possa se manifestar ainda na adolescência, na maior parte das vezes os sintomas da endometriose surgem já na idade adulta. Dos sinais gerais que levantam a suspeita para endometriose, existe ainda uma variação entre as mulheres, que podem apresentar todos ou apenas alguns dos sintomas, o que também pode dificultar o diagnóstico.
Por isso, é importante que a mulher procure atendimento médico na presença de qualquer uma das alterações descritas a seguir, mesmo que se manifestem de forma isolada:
Na primeira consulta, a mulher tem a oportunidade de relatar os sintomas que levaram a buscar atendimento médico, e o exame clínico pode incluir também uma conversa sobre o histórico de saúde da família para endometriose e infertilidade, já que existe uma predisposição hereditária, embora não seja determinante, para a manifestação desta doença.
Nesse momento é traçada uma estratégia diagnóstica com exames que buscam não somente entender a origem dos sintomas relatados pela mulher, como também excluir as possibilidades de outras doenças para o melhor delineamento do tratamento.
Os exames de imagem são os mais solicitados quando há suspeita de endometriose, por permitir a observação em tempo real dos focos endometrióticos, permitindo também estimar sua profundidade e estadiamento – e consequentemente as possibilidades mais adequadas de tratamento.
Entre os principais procedimentos, destacamos:
Outros exames também podem ser solicitados, com objetivo de excluir a possibilidade de outras doenças, como as dosagens hormonais, contudo os exames de imagem são a melhor ferramenta para o diagnóstico da endometriose.
Entre eles, a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal tem destaque especial, por ser específica para endometriose. O preparo intestinal consiste em a mulher se apresentar para o exame com o intestino esvaziado, o que pode ser feito no dia anterior ao procedimento e com auxílio de medicação específica, prescrita pelo médico, caso necessário.
Com exceção do preparo intestinal, o procedimento é semelhante à ultrassonografia transvaginal tradicional, porém com maior possibilidade de observar outras estruturas da cavidade pélvica com mais nitidez, especialmente aquelas próximas aos intestinos, reto e bexiga, onde é comum que os focos endometrióticos se instalem.
A ressonância magnética também é uma possibilidade de exame diagnóstico para endometriose, principalmente os casos que se encontram nos estágios iniciais da doença, quando os focos endometrióticos são menores e mais discretos.
Contudo, o diagnóstico final para endometriose só pode ser obtido com a retirada de uma amostra do endométrio ectópico, para biópsia, o que mais comumente acontece por via laparoscópica.
A biópsia é capaz de identificar com mais precisão a composição das massas celulares, a presença de células endometriais e seu comportamento, por isso é a única forma de confirmar os casos mais complexos de endometriose.
Além dos sintomas gerais serem comuns a outras doenças, outra importante complexidade da endometriose é que esta é uma doença progressiva, ou seja, se não há intervenção para o tratamento das lesões, provocadas pela implantação do endométrio ectópico, a tendência é que o quadro piore com o passar do tempo.
Além dos prejuízos que a endometriose traz para a qualidade de vida das mulheres portadoras, que podem se ver isoladas do trabalho e do convívio pessoal em função dos sintomas álgicos, a infertilidade também pode ser uma consequência progressiva da endometriose, que se torna gradativamente mais difícil de resolver em caso de demora para realizar o tratamento.
Tanto a busca por atendimento médico na manifestação dos primeiros sintomas, como a realização de um processo diagnóstico atento e acurado são aspectos muito importantes para que o diagnóstico seja feito de forma mais precisa e rápida possível, assim como os tratamentos para endometriose.
A escolha do melhor tratamento para endometriose, bem como para a maior parte das doenças que envolvem a função reprodutiva, é o desejo que a mulher manifesta para ter filhos – além do controle dos sintomas.
Quando o objetivo do tratamento é apenas controlar os sintomas álgicos e as alterações no fluxo menstrual, e não existe desejo de engravidar em curto prazo, a abordagem medicamentosa pode ser interessante, por ser menos invasiva.
Este tipo de tratamento é feito com medicamentos à base de hormônios, como os anticoncepcionais orais, por exemplo.
Para as mulheres que desejam engravidar, entretanto, pode ser necessário realizar a retirada dos focos endometrióticos, o que é feito por videolaparoscopia, mesmo para aquelas com indicação para reprodução assistida.
Dependendo da localização dos focos endometrióticos, é aconselhável que a mulher realize a preservação da fertilidade com o congelamento de óvulos, especialmente no tratamento da endometriose ovariana, em que a intervenção cirúrgica em si também representa risco de dano à reserva ovariana.
Entre as técnicas mais indicadas para o tratamento da infertilidade decorrente da endometriose é a FIV (fertilização in vitro), através da qual é possível engravidar com óvulos criopreservado e também dispõe de protocolos mais robustos para estimulação ovariana, o que pode ser interessante especialmente nos casos de endometriomas.
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MaisA infertilidade conjugal é considerada uma problema de saúde que acomete homens e mulheres, durante a idade reprodutiva, em escala global, com uma incidência de aproximadamente 15%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dos tratamentos específicos para cada doença ou alteração que provoca infertilidade, […]
A infertilidade conjugal é considerada uma problema de saúde que acomete homens e mulheres, durante a idade reprodutiva, em escala global, com uma incidência de aproximadamente 15%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além dos tratamentos específicos para cada doença ou alteração que provoca infertilidade, a medicina reprodutiva oferece também três principais técnicas de reprodução assistida para auxiliar casais que encontram dificuldades para engravidar: FIV (fertilização in vitro), IA (inseminação artificial) e a RSP (relação sexual programada).
A escolha da melhor técnica deve sempre ser feita de forma individual, atendendo às demandas específicas de cada caso, determinadas por um rigoroso processo de investigação sobre os motivos pelos quais o casal não consegue ter filhos por vias naturais.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e compreenda melhor em quais contextos o casal com infertilidade pode receber indicações para o tratamento com a RSP ou coito programado. Aproveite a leitura!
Considerada uma das técnicas de reprodução assistida mais simples e acessíveis, a RSP ou coito programado, como é popularmente chamada, é realizada por meio da estimulação ovariana e com o auxílio da ultrassonografia transvaginal, para identificação mais exata do período fértil da mulher, aconselhando-a que mantenha relações sexuais neste período, com mais chance de resultar em gestação.
Embora esta técnica apresente boas chances de conseguir a gestação, a simplicidade dos procedimentos envolvidos implica indicações mais restritas.
Vamos compreender melhor quais as indicações e contraindicações da RSP ou coito programado.
As alterações na ovulação estão entre as principais causas de infertilidade feminina, e normalmente são causadas por desequilíbrios na dinâmica hormonal que regula o ciclo reprodutivo ou pelo aparecimento de cistos ou tumores aderidos aos ovários.
A SOP (síndrome dos ovários policísticos), doença recorrente em um grande número de mulheres em idade reprodutiva, é provocada por alterações na secreção das gonadotrofinas, que resultam em um aumento na produção de testosterona, simultâneo à diminuição na concentração de estrogênios. Esse processo impede o desenvolvimento pleno dos folículos ovarianos e seu rompimento, para liberação do oócito, fazendo com que a ovulação não aconteça.
Outra doença associada à infertilidade por anovulação é a endometriose ovariana, em que o crescimento de tecido endometrial ectópico acontece nos ovários, formando cistos chamados endometriomas.
Diferentes dos cistos da SOP, que permanecem sempre do mesmo tamanho, os endometriomas crescem sob estímulo dos estrogênios e além de interromper a ovulação, também oferecem riscos de danos à reserva ovariana.
Essas doenças são progressivas, por isso seus estágios iniciais podem não interromper severamente a ovulação (anovulação), mas sim diminuir o número de ciclos reprodutivos ovulatórios (oligovulação) – o que dificulta, embora não inviabilize a gestação por vias naturais.
A RSP ou coito programado é indicado principalmente para estes casos e também quando as causas da infertilidade não podem ser precisamente determinadas, condição a que chamamos ISCA (infertilidade sem causa aparente).
Para compreender as restrições nas indicações do coito programado é importante lembrar que para que a RSP seja uma possibilidade de tratamento viável, a fecundação deve acontecer por vias sexuais e não através de outros procedimentos, que induzem o encontro dos gametas, como na IA e na FIV.
Por isso, é fundamental que as estruturas envolvidas neste processo estejam íntegras – o que exclui, por exemplo, os casos de infertilidade conjugal nos quais participe qualquer fator de infertilidade masculina.
Da mesma forma, às mulheres com infertilidade por fator tubário e uterino também não é indicado o coito programado, já que a obstrução tubária pode impedir o encontro dos gametas, e as alterações uterinas, especialmente quando afetam o endométrio, tendem a prejudicar a implantação embrionária, levando a perdas gestacionais.
A RSP ou coito programado é realizada em três etapas interconectadas: estimulação ovariana, indução da ovulação e a relação sexual programada. Vamos entender como os detalhes de cada uma das etapas interferem nas possibilidades de indicação da RSP.
A estimulação ovariana começa a ser feita no momento em que um novo ciclo reprodutivo se inicia. Durante os primeiros dias do ciclo menstrual, a mulher recebe uma medicação específica, que estimula o processo de recrutamento e amadurecimento folicular. É justamente esta etapa do tratamento que atende às demandas das principais indicações da RSP, infertilidade feminina por oligovulação.
Toda esta etapa deve ser monitorada por ultrassonografia transvaginal, que identifica o momento em que o folículo dominante atinge o auge de seu amadurecimento, sinalizando para o início da etapa seguinte, a indução da ovulação – realizada com uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana).
A partir da indução da ovulação, a mulher tem alguns dias para manter relações sexuais, sem o uso de preservativos de barreira, com chances relevantemente mais altas de que resultem em uma gestação.
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