Art Fértil
Folículos antrais: o que são?

Embora a menarca (primeira menstruação) seja um marco para o início da vida fértil da mulher, a fertilidade feminina já começa a ser elaborada antes mesmo do nascimento. Por volta da 10ª semana de desenvolvimento embrionário, todas as células reprodutivas femininas já estão formadas, envoltas […]

Embora a menarca (primeira menstruação) seja um marco para o início da vida fértil da mulher, a fertilidade feminina já começa a ser elaborada antes mesmo do nascimento. Por volta da 10ª semana de desenvolvimento embrionário, todas as células reprodutivas femininas já estão formadas, envoltas nos folículos e armazenadas nos ovários como um estoque limitado que chamamos reserva ovariana.

Até a puberdade, no entanto, essas células permanecem estacionadas em um estágio de desenvolvimento específico e, após a menarca, um número de folículos é recrutado a cada ciclo menstrual para participar da ovulação.

Como a reserva ovariana é totalmente formada antes do nascimento e a cada ciclo um grande número de folículos é recrutado, dizemos que a vida fértil da mulher é limitada e termina na menopausa, quando a reserva ovariana chega ao fim.

Esse é um processo natural, mas existem também algumas doenças e condições que podem interferir na reserva ovariana e resultar em uma redução do potencial de fertilidade da mulher, como a endometriose ovariana e doenças genéticas que levam a um quadro de menopausa precoce.

A avaliação da reserva ovariana pode ser feita por alguns exames, que incluem a contagem de folículos para identificar um tipo específico: o folículo antral.

Continue a ler este texto e entenda melhor o que é o folículo antral.

O que são os folículos ovarianos?

Os folículos ovarianos são estruturas multicelulares que formam uma espécie de cápsula envolvendo os óvulos individualmente. Dentro da estrutura folicular há também espaço para que o óvulo possa crescer, nos momentos que precedem a ovulação.

Enquanto o óvulo é uma célula única, os folículos são formados por dois tipos celulares principais, as células da teca e as células da granulosa. Durante o ciclo menstrual, as células da teca interagem principalmente com o LH (hormônio luteinizante), enquanto as células da granulosa interagem mais com o FSH (hormônio folículo-estimulante) e com o estrogênio.

O desenvolvimento do óvulo no interior da estrutura folicular depende diretamente da interação das células foliculares com os hormônios do ciclo reprodutivo.

Assim, as principais funções dos folículos ovarianos são:

  • separar os óvulos uns dos outros;
  • mediar a atividade hormonal sobre o desenvolvimento do óvulo;
  • participar diretamente da produção de diversos hormônios.

Folículo antral

A reserva ovariana é constituída por folículos formados ainda no período pré-natal e que estacionam em um estágio específico de desenvolvimento até a puberdade. Após modificações hormonais, retomam sua função, o que leva ao recrutamento de células reprodutivas para a ovulação, dando início à vida reprodutiva da mulher. Antes do recrutamento esses folículos são chamados folículos primários.

Ao longo da primeira fase do ciclo reprodutivo, um número específico de folículos primários é recrutado para retomar o desenvolvimento interrompido, modificando-se em folículos primordiais, que evoluem para secundários e em seguida pré-ovulatórios. Contudo, em cada ciclo apenas um folículo ovariano consegue se destacar dos demais e completar seu processo de crescimento participando da ovulação e, por isso, é chamado folículo dominante ou folículo antral.

Os demais folículos recrutados na primeira fase do ciclo menstrual têm seu desenvolvimento naturalmente interrompido, tornando-se atrésicos e sendo reabsorvidos pelos ovários.

Entenda melhor o crescimento dos folículos no ciclo menstrual

A menstruação marca o início de cada ciclo menstrual ou reprodutivo, quando o endométrio excedente produzido para acomodar um possível embrião, no ciclo anterior, é eliminado.

Nesse momento, os níveis de estrogênio e progesterona são mínimos. Esse rebaixamento induz a atividade do hipotálamo, que passa a produzir GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) em pulsos gradativamente mais intensos. A atividade hipotalâmica induz, por sua vez, a hipófise a produzir LH e FSH, que atuam diretamente nas células dos folículos ovarianos.

A atuação desses hormônios sobre as células foliculares desencadeia a produção de dois principais hormônios: a testosterona e o estradiol, um tipo de estrogênio.

Enquanto a testosterona é resultado da interação do LH com as células foliculares da teca, o estradiol é produzido pela conversão da testosterona pelo FSH, a partir da atividade desse hormônio principalmente sobre as células foliculares da granulosa.

Próximo à ovulação, esses hormônios interagem principalmente com o folículo antral e o óvulo contido em seu interior, induzindo o crescimento dessa célula, além de promover o espessamento do endométrio, preparando-o novamente para a possível chegada de um embrião.

Por volta da metade do ciclo reprodutivo, acontece um pico na concentração de LH, FSH e estradiol que desencadeia o rompimento do folículo e a liberação do óvulo maduro, o que chamamos ovulação.

Após a ovulação, as células que compunham o folículo se modificam para formar o corpo lúteo, que interage com o LH para a produção de progesterona, durante parte da segunda fase do ciclo menstrual.

Se a fecundação não acontecer, o corpo-lúteo regride após alguns dias e a produção de progesterona é interrompida.

Folículo antral e a reprodução assistida

No contexto da reprodução assistida, o folículo antral é importante principalmente para os exames de avaliação da reserva ovariana, que podem ser solicitados antes dos tratamentos em casos específicos.

Isso porque o sucesso da estimulação ovariana, que atua principalmente potencializando o recrutamento e crescimento dos folículos, depende também da quantidade de células reprodutivas ainda disponíveis para participar desse processo.

Mulheres com mais de 35 anos sem problemas reprodutivos aparentes e aquelas diagnosticadas com doenças que podem afetar a reserva ovariana, como endometriomas e menopausa precoce, costumam receber indicação para avaliação de reserva ovariana.

A avaliação da reserva ovariana é feita com a associação entre a contagem de folículos antrais via ultrassonografia transvaginal e a dosagem do hormônio antimülleriano, produzido especialmente pelos folículos ainda imaturos.

A estimulação ovariana é uma etapa que compõe quase todos os tratamentos em reprodução assistida, incluindo as técnicas de baixa complexidade, RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial), além da FIV (fertilização in vitro), de alta complexidade.

Quer saber como calcular seu período fértil? Toque neste link!

Mais
Doação de sêmen, infertilidade e reprodução assistida

O diagnóstico de infertilidade masculina pode ser um obstáculo inicial para os casais que estão tentando engravidar. Os problemas relacionados à fertilidade dos homens são diversos, mas normalmente se refletem em alterações espermáticas, identificadas pelo espermograma. Em alguns casos, é possível intervir nas causas primárias […]

O diagnóstico de infertilidade masculina pode ser um obstáculo inicial para os casais que estão tentando engravidar. Os problemas relacionados à fertilidade dos homens são diversos, mas normalmente se refletem em alterações espermáticas, identificadas pelo espermograma.

Em alguns casos, é possível intervir nas causas primárias da infertilidade masculina e reverter o quadro que dificulta a gravidez, porém, existem algumas situações mais graves em que somente a reprodução assistida pode ajudar os casais com infertilidade masculina.

A azoospermia não obstrutiva está entre as principais causas de infertilidade masculina severa e, dependendo dos motivos pelos quais o homem apresenta esse quadro, a condição pode ser permanente ou temporária.

Contudo, mesmo para os casos de infertilidade permanente a reprodução assistida pode contar com recursos como a doação de sêmen para auxiliar o casal a ter filhos.

Neste texto você encontra informações que explicam a relação entre a infertilidade masculina e a reprodução assistida com doação de sêmen, especialmente como essa possibilidade pode ser a única saída para alguns dos casos mais graves. Boa leitura!

A importância do sêmen para a fertilidade conjugal

Assim como as células reprodutivas femininas e a integridade do aparelho reprodutivo das mulheres são aspectos fundamentais para que um casal possa ter filhos, essa possibilidade também depende da qualidade do sêmen e da integridade dos ductos que conduzem os espermatozoides e líquidos glandulares durante a ejaculação.

O sêmen é um composto formado por diversas substâncias líquidas e viscosas que embebem os espermatozoides, as células reprodutivas masculinas propriamente ditas, e exercem papéis de proteção e nutrição dessas células, especialmente após a ejaculação.

Os espermatozoides são produzidos nos testículos com auxílio de dois tipos celulares, as células de Leydig e as células de Sertoli, que mediam a atividade da testosterona nesse processo. Ao chegarem nos epidídimos, os espermatozoides completam sua formação, desenvolvendo a cauda e adquirindo motilidade.

Dos epidídimos, seguem para os ductos deferentes, que recebem as secreções das glândulas anexas, próstata, glândulas bulbouretrais e vesículas seminais, para a formação do sêmen.

O sêmen é, portanto, a combinação desses líquidos embebendo os espermatozoides. Uma boa concentração de espermatozoides saudáveis no sêmen, bem como a manutenção dessas células pelo equilíbrio dos líquidos glandulares são aspectos essenciais para a fertilidade do casal.

Azoospermia não obstrutiva: uma forma grave de infertilidade masculina

Algumas doenças, como a varicocele, ou condições genéticas como o hipogonadismo hipogonadotrófico podem prejudicar severamente a atividade testicular, afetando principalmente a espermatogênese, processo de formação dos espermatozoides.

Em casos em que o homem apresente alguma dessas condições, existe chance de o espermograma revelar um sêmen desprovido de espermatozoides, o que inviabiliza a fecundação por vias naturais e nos tratamentos tradicionais com a reprodução assistida.

Para que o casal consiga engravidar, nesses casos, indica-se normalmente a reprodução assistida com doação de sêmen. Vamos entender melhor como isso é feito.

O que é a doação de sêmen?

A medicina reprodutiva pode recorrer a bancos de células reprodutivas, como o de doação de sêmen, que podem ajudar os casos mais graves de infertilidade conjugal se o homem não puder contar com seus próprios espermatozoides para a fecundação.

A doação de sêmen, assim como todas as práticas em reprodução assistida no Brasil, é regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que determina os parâmetros que permitem tanto a doação de sêmen, como a recepção desse material pelos casais inférteis em tratamento com a reprodução assistida.

O CFM proíbe que a doação de células reprodutivas e embriões, incluindo a doação de sêmen, tenha qualquer caráter comercial e lucrativo, além de determinar a obrigatoriedade de sigilo absoluto sobre as identidades do doador e do casal receptor, exceto nos casos de doação de gametas para parentesco de até 4° grau, desde que não incorra em consanguinidade.

Quem pode doar e receber sêmen?

A doação de sêmen para os bancos de sêmen somente pode ser feita por homens que preenchem alguns critérios básicos determinados pelo CFM:

Para averiguar esses critérios, o banco de doação de sêmen realiza algumas entrevistas com o doador, além de um espermograma para analisar a qualidade do sêmen.

Se aprovado para a doação, coleta o sêmen por masturbação no próprio banco de doação de sêmen e esse material é encaminhado para criopreservação, sendo armazenado junto às características físicas e biológicas do doador.

Esses dados físicos e biológicos são fundamentais para a escolha e recepção pelo casal infértil. Nesses casos, a própria clínica e o banco de doação de sêmen cruzam informações entre o doador e o casal receptor em busca de doadores com semelhanças físicas e compatibilidade imunológica com o casal.

Além dos casais com infertilidade masculina grave, os casais homoafetivos femininos também podem contar com a doação de sêmen para ter filhos biológicos.

Entenda a doação de sêmen no contexto da reprodução assistida

A reprodução assistida que utiliza doação de sêmen pode ser feita somente com duas técnicas específicas, a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro), os únicos procedimentos que permitem a manipulação e seleção dos espermatozoides antes da fecundação.

Após a escolha do doador e obtenção do sêmen para a fecundação, esse material é descongelado e encaminhado para o preparo seminal, que obtém amostras com uma concentração maior de espermatozoides saudáveis.

Se o casal está em tratamento com a IA, esse sêmen é depositado diretamente no útero após a estimulação ovariana e indução da ovulação.

Nos tratamentos com a FIV, o sêmen do doador também passa pelo preparo seminal, porém a fecundação é feita em laboratório com a coleta prévia de gametas femininos após a estimulação ovariana e indução da ovulação. Os embriões obtidos são cultivados por 3 a 6 dias e transferidos para o útero.

Os casais homoafetivos femininos podem engravidar tanto pela IA como pela FIV, com a diferença que na FIV é possível fazer a gestação compartilhada, em que uma das mulheres do casal fornece os óvulos e, após a fecundação, os embriões são depositados no útero de sua companheira, que passa pela gestação.

Leia mais sobre a FIV tocando neste link.

Mais
Adenomiose: saiba mais sobre o diagnóstico

O sistema reprodutivo feminino é complexo, sendo composto por diversos órgãos. Um dos mais importantes é o útero, formado por três camadas, o endométrio, o miométrio e o perimétrio. O endométrio é a camada que reveste a parede interna do útero. Essa camada é fundamental […]

O sistema reprodutivo feminino é complexo, sendo composto por diversos órgãos. Um dos mais importantes é o útero, formado por três camadas, o endométrio, o miométrio e o perimétrio.

O endométrio é a camada que reveste a parede interna do útero. Essa camada é fundamental para a reprodução, já que participa diretamente da gestação, respondendo à influência dos hormônios, estrogênio e progesterona, durante os ciclos menstruais da mulher.

Sob ação do estrogênio, o endométrio modifica sua estrutura, apresentando um espessamento fundamental para que o embrião consiga se fixar e iniciar a gestação. Já a progesterona, que age após a ovulação, faz com que o espessamento estacione, estratificando o endométrio para que esteja finalmente receptivo à implantação embrionária.

O miométrio é a camada intermediária do útero, que se localiza entre o endométrio e o perimétrio e é responsável pelas capacidades de elasticidade e contratilidade do órgão. A fronteira entre o endométrio e o miométrio é composta por tipos celulares dos dois tecidos e é chamada zona juncional.

Na adenomiose observamos um espessamento da zona juncional entre endométrio e miométrio, com a invasão de células endometriais que respondem à atividade hormonal e tornam-se inflamadas.

Nesse sentido, podemos dizer que a adenomiose é a inflamação do miométrio, e é sobre essa doença especificamente que iremos abordar neste texto. Boa leitura!

O que é adenomiose e como ela costuma se manifestar?

A adenomiose é uma doença estrogênio-dependente, assim como os miomas uterinos e a endometriose, ou seja, seu desenvolvimento, bem como o aumento dos sintomas, estão diretamente ligados relacionados à presença desse hormônio no corpo da mulher.

Essa inflamação é causada pela infiltração de células do endométrio dentro do miométrio, invadindo a zona juncional. Isso costuma acontecer quando, por fatores diversos, a zona juncional não está formada de maneira adequada e não mantém o isolamento entre os tecidos, permitindo que parte do endométrio consiga penetrar no miométrio.

As células do endométrio, quando invadem o miométrio respondem à ação dos estrogênios se multiplicando e aumentando de tamanho, o que provoca uma reação inflamatória local envolvendo boa parte do útero.

Os sintomas da adenomiose costumam aparecer mais frequentemente após o parto e intervenções cirúrgicas no endométrio e são causados pelo processo inflamatório desencadeado pela doença. Os principais são:

  • cólicas intensas, principalmente na menstruação;
  • sangramento anormal entre períodos menstruais;
  • alterações no fluxo menstrual (volume de sangue e tempo de duração);
  • dor ao evacuar e prisão de ventre;
  • aumento no volume abdominal;
  • dor durante as relações sexuais;
  • abortamento de repetição.

Como é feito o diagnóstico de adenomiose?

O diagnóstico da adenomiose é realizado inicialmente com a observação dos sintomas que são apresentados durante a primeira consulta, como dores e sangramentos intensos, além da dificuldade em conseguir uma gravidez. A partir disso, são realizados outros exames para obter um diagnóstico mais específico, que confirme a adenomiose.

Geralmente, utiliza-se exames de imagem para identificar a adenomiose e, entre eles a ultrassonografia pélvica transvaginal, a histerossonografia e a ressonância magnética.

A histerossonografia é um exame semelhante à ultrassonografia transvaginal comum, com a diferença de que uma quantidade específica de soro é inserida na cavidade uterina, preenchendo esse espaço para que a visualização seja mais clara.

Como a ressonância magnética é um exame mais caro e complexo, costuma ser utilizado para a confirmação diagnóstica, quando os procedimentos envolvendo as modalidades de ultrassom mencionadas apontam a possibilidade de adenomiose.

Como é feito o tratamento da adenomiose?

Inicialmente a adenomiose costuma ser tratada com medicamentos anti-inflamatórios para amenizar os sintomas. Além disso, como essa é uma doença estrogênio-dependente, medicamentos hormonais costumam ser utilizados para melhorar a qualidade de vida da mulher. Esse tratamento, porém, tem um efeito anticoncepcional e ela não pode engravidar enquanto estiver sendo tratada.

A adenomiose não tem cura e o tratamento definitivo para a doença é a retirada total do útero. Essa opção normalmente é feita levando em consideração a idade da mulher e quando os medicamentos anti-inflamatórios e hormonais não estão mais conseguindo controlar os sintomas e o avanço da doença.

A retirada do útero, porém, deixa a mulher infértil de maneira permanente. Nesses casos, se a mulher está em idade fértil e ainda deseja ter filhos, pode receber indicação para reprodução assistida, especialmente para FIV (fertilização in vitro) com a cessão temporária de útero.

Por ser uma técnica bastante avançada e que possui tecnologias complementares que ampliam sua abrangência, permite que os gametas do casal sejam coletados e fecundados em laboratório. Na cessão temporária de útero, os embriões obtidos são transferidos diretamente para o útero da mulher que irá gestar o bebê.

É importante lembrar que a escolha da mulher que passa pela gestação, na cessão temporária de útero, precisa seguir uma série de critérios determinados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM),o órgão responsável pela regulação das diversas técnicas de reprodução assistida no Brasil.

Se você ainda deseja saber mais sobre a adenomiose basta tocar neste link e acessar outro conteúdo sobre o assunto.

Mais
Endometriose e reprodução assistida: qual a relação?

Uma das principais características da endometriose é o surgimento de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, que é seu local de origem. Assim como o endométrio original, os focos endometrióticos também respondem à dinâmica do ciclo reprodutivo ativamente, especialmente aos estrogênios. Os […]

Uma das principais características da endometriose é o surgimento de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, que é seu local de origem. Assim como o endométrio original, os focos endometrióticos também respondem à dinâmica do ciclo reprodutivo ativamente, especialmente aos estrogênios.

Os estrogênios são um conjunto de hormônios sexuais envolvidos no ciclo reprodutivo e que estimulam as células do endométrio a multiplicarem-se, entre outras funções.

Os focos de endométrio ectópico, típicos da endometriose, estão associados também a processos inflamatórios e, por isso, provocam alterações nas estruturas em que estão alojados prejudicando seu funcionamento.

Atualmente, no entanto, a endometriose é considerada uma doença de amplo espectro, ou seja, que pode apresentar uma variedade de subtipos e conjuntos de sintomas, formando quadros clínicos relativamente diversos que podem ou não incluir algumas formas de infertilidade feminina.

Este texto traz informações importantes sobre as possibilidades de infertilidade decorrente da endometriose e especialmente como a reprodução assistida pode auxiliar mulheres com esse diagnóstico a ter filhos. Boa leitura!

O que é a endometriose?

A endometriose é definida como uma doença estrogênio-dependente em que se observa a presença de quaisquer dos tipos celulares que compõem o endométrio, epitélio e estroma, isolados ou não, aderidos a estruturas fora da cavidade uterina e do miométrio, geralmente com um processo inflamatório associado.

Esse endométrio ectópico, no entanto, contém mais receptores para estrogênios se comparado ao endométrio original, fazendo com que a expressão desse hormônio nos locais em que há endometriose seja mais intensa.

Sob a ação dos estrogênios, os focos endometrióticos multiplicam suas células, como o endométrio original, porém tornam-se inflamados e aumentam de tamanho em locais inadequados, interferindo em diversos graus no funcionamento das estruturas em que estão aderidos.

A classificação da endometriose depende da localização dos focos endometrióticos e da profundidade alcançada por eles ao se infiltrarem:

  • endometriose ovariana (endometriomas);
  • endometriose superficial peritoneal;
  • endometriose infiltrativa profunda.

Embora as mulheres com endometriose possam apresentar conjuntos de sintomas individualizados, os casos sintomáticos frequentemente manifestam dor, alterações no fluxo menstrual e no ciclo reprodutivo, além de infertilidade.

Endometriose e infertilidade

A infertilidade pode ser uma consequência da endometriose, ainda que essa relação dependa muito principalmente da localização dos focos endometrióticos.

Os endometriomas, ou seja, os cistos avermelhados que se formam nos ovários quando a endometriose afeta esse órgão, são a forma da doença que mais prejudica a fertilidade, provocando anovulação e danos à reserva ovariana.

Embora a anovulação possa ser tratada, os danos à reserva ovariana são irreversíveis e diminuem relevantemente a expectativa de vida fértil da mulher.

A infertilidade também pode estar associada à quadros de endometriose em que os implantes estão aderidos às tubas uterinas ou ao peritônio próximo a essas estruturas.

Nesses casos, o processo inflamatório desencadeado pela doença provoca o inchaço das tubas e a consequente obstrução do canal de passagem em seu interior.

A infertilidade por obstrução tubária decorrente da endometriose acontece porque o trânsito de espermatozoides e óvulo é impedido e a fecundação, que normalmente acontece nas tubas, não ocorre.

Conheça os tratamentos possíveis para endometriose

O diagnóstico da endometriose pode ser demorado e difícil, tanto porque os sintomas se confundem aos encontrados em outras doenças estrogênio-dependentes, como também porque os implantes podem ser difíceis de visualizar nos exames de imagem.

Exames como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética estão entre os mais indicados para a identificação inicial da endometriose. O diagnóstico, contudo, somente é fechado com a retirada cirúrgica de material para biópsia e identificação das características laboratoriais da endometriose.

A escolha do melhor tratamento para endometriose depende principalmente dos sintomas apresentados pela mulher e seu desejo reprodutivo.

Os casos mais leves e quando a mulher não deseja ter filhos podem ser abordados pelo tratamento medicamentoso, que usa contraceptivos para regular o ciclo menstrual e anti-inflamatórios para o controle dos sintomas dolorosos e sangramentos.

Às mulheres com infertilidade por endometriose e que desejam engravidar em um curto prazo, porém, somente pode ser indicada a reprodução assistida.

Reprodução assistida para infertilidade provocada pela endometriose

A reprodução assistida, atualmente, conta com três técnicas principais: a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), de baixa complexidade, e a FIV (fertilização in vitro), de alta complexidade.

Os casos mais leves de endometriose, em que a mulher não apresenta obstrução tubária decorrente da doença e o casal não possui infertilidade conjugal por fator masculino, a RSP pode ser indicada.

Nessa técnica, a mulher passa pela estimulação ovariana, um tratamento hormonal diário, com início no segundo ou terceiro dia da menstruação, monitorada por ultrassonografia e seguida da indução da ovulação, feita com uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana).

O objetivo é determinar com mais precisão o período fértil da mulher, quando o casal é aconselhado a manter relações sexuais com mais chance de resultar em gestação.

A IA é um pouco mais complexa que a RSP, embora também seja indicada para os mesmos casos mais leves de endometriose. A principal diferença entre as indicações da IA e da RSP está no fato de que a IA também pode incluir casais com endometriose e fatores de infertilidade masculina leve associados.

Isso porque a técnica consiste essencialmente em coletar espermatozoides e selecionar subamostras de sêmen contendo uma quantidade mais relevante de gametas masculinos viáveis para serem inseminados diretamente no útero durante o período fértil da mulher, determinado de forma semelhante à RSP.

Os casos mais graves de endometriose e quando a mulher apresenta qualquer forma de obstrução tubária decorrente da doença, normalmente recebem indicação para a FIV. Nessa técnica de reprodução assistida ambos os gametas são coletados para que a fecundação seja reproduzida em laboratório.

Para isso, a estimulação ovariana na FIV é consideravelmente mais robusta, resultando no amadurecimento de diversos folículos que são aspirados após a indução da ovulação.

Nesse sentido, a FIV consegue atender aos casos mais severos de anovulação, normalmente associados à endometriose ovariana (endometriomas), pela intensidade da estimulação ovariana.

Quando a mulher apresenta obstrução das tubas pela endometriose, a única técnica viável também é a FIV.

Após a coleta de gametas, a fecundação é realizada em laboratório, ou seja, fora das tubas uterinas, dispensando a sua integridade para o processo ser bem-sucedido.

Conheça melhor a endometriose tocando neste link.

Mais
Inseminação artificial: veja as etapas

A infertilidade é um problema da humanidade desde muito tempo. Atualmente, porém, a medicina na área reprodutiva vem avançando bastante, permitindo que a maioria dos fatores relacionados à infertilidade possam ser contornados. Hoje em dia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de […]

A infertilidade é um problema da humanidade desde muito tempo. Atualmente, porém, a medicina na área reprodutiva vem avançando bastante, permitindo que a maioria dos fatores relacionados à infertilidade possam ser contornados.

Hoje em dia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da humanidade, entre homens e mulheres, sofre com dificuldades em conseguir uma gravidez.

A área da medicina que trata da infertilidade é a reprodução medicamente assistida. Conta com diversas técnicas, classificadas em maior ou menor complexibilidade, que podem atender a maioria das demandas reprodutivas.

A IA (inseminação artificial) é uma dessas técnicas. Considerada de baixa complexibilidade, na IA a fecundação ocorre de maneira natural, ou seja, nas tubas uterinas. Foi uma das técnicas pioneiras em reprodução assistida, praticada com sucesso até hoje.

Trata-se de um procedimento simples, mas que atualmente conta com recursos bastante avançados, como o preparo seminal, que consegue selecionar os espermatozoides mais promissores para serem inseridos na cavidade uterina durante o período fértil da mulher e, assim, conseguir maiores chances de sucesso na gravidez.

Além disso, conta também, assim como todas outras técnicas de reprodução assistida, com a estimulação ovariana, que permite maiores probabilidades de que a ovulação ocorra. Essa etapa é relativamente mais amena na IA do que em técnicas de alta complexibilidade, como a FIV (fertilização in vitro), para que se evite ao máximo uma gravidez gemelar ou múltipla.

Siga na leitura do texto para entender mais sobre a IA e como funciona cada etapa dessa técnica de reprodução assistida. Boa leitura!

Quais são as etapas da inseminação artificial?

Basicamente podemos dividir a IA em 4 etapas, a estimulação ovariana, a indução da ovulação, a coleta dos gametas e a inseminação propriamente dita.

Estimulação ovariana

A estimulação ovariana é a etapa inicial da IA, realizada com a utilização de medicamentos hormonais, geralmente a base de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) ou das gonadotrofinas em si, o LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante).

Essa medicação age sobre os ovários, servindo para aumentar as chances de sucesso no recrutamento e amadurecimento dos folículos ovarianos e consequentemente da ovulação. O tratamento hormonal se inicia no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual e deve ser administrado diariamente.

Essa etapa da IA deve ser sempre acompanhada por exames de ultrassonografia pélvica transvaginal, fundamentais para que seja possível o monitoramento do processo de amadurecimento dos folículos nos ovários.

Indução da ovulação

Quando os exames de imagem indicam que os folículos já estão maduros e atingiram o tamanho ideal, a mulher recebe então uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana). Este hormônio faz com que os folículos se rompam e liberem o óvulo maduro em direção às tubas uterinas para que possam ser fecundados.

É importante ressaltar que a coleta do sêmen deve ser feita simultaneamente com a indução da ovulação. Isso porque, assim que a indução da ovulação é realizada a janela de tempo para que a fecundação ocorra de maneira adequada é bem pequena.

Coleta do sêmen

Na inseminação artificial a coleta do sêmen é feita por masturbação, sendo assim, homens com quadros mais graves de infertilidade não podem recorrer a essa técnica de reprodução assistida. Nos casos de infertilidade masculina mais leves, a amostra coletada deve passar pelo preparo seminal, que consiste na seleção dos espermatozoides mais promissores para inseminação.

Inseminação artificial

A inseminação em si é um procedimento simples e indolor. Os gametas masculinos selecionados são depositados na cavidade uterina por via transvaginal com o auxílio de uma agulha específica conectada a uma espécie de seringa. Recomenda-se que após a inseminação a mulher faça um período de repouso antes de voltar às suas atividades diárias.

Normalmente, por volta do 20º dia após a inseminação a mulher pode realizar os testes de gravidez para confirmar o sucesso da IA priorizando o exame de sangue por ter uma assertividade maior que os de urina.

Quais são as indicações para a inseminação artificial?

A IA costuma ser indicada para atender casais em que as mulheres apresentam infertilidade leve, normalmente ligadas a distúrbios ovulatórios que provocam um quadro de oligovulação, ou seja, com poucos ciclos menstruais durante o ano, mas que ainda acontecem.

As doenças mais envolvidas nesses quadros oligovulatórios são as formas iniciais de SOP (síndrome dos ovários policísticos) e endometriose ovariana, para as quais a IA pode ser uma indicação.

Também podem ser beneficiados pela IA os casais com infertilidade por fator masculino leve, em que os homens apresentam baixa qualidade espermática, incluindo quadros de oligozoospermia (baixa concentração de espermatozoides no sêmen), astenozoospermia (problemas de motilidade dos espermatozoides) e teratozoospermia (espermatozoides com problemas morfológicos)

Além disso, a técnica permite que casais homoafetivos femininos possam ter filhos, sendo necessário para isso a doação de sêmen.

Atualmente, no entanto, os casais homoafetivos femininos podem optar por fazer a gestação compartilhada, mas é importante ressaltar que este procedimento só pode ser realizado com a FIV e não pela IA.

Quais as chances de sucesso da inseminação artificial?

As chances de um casal que realiza a IA de obter uma gravidez são praticamente as mesmas apresentadas pelos que possuem a fertilidade preservada ao ter relações sexuais no período fértil da mulher, aproximadamente de 20%.

Nos casos em que a IA não obteve êxito no primeiro ciclo do tratamento, é possível ainda fazer mais tentativas. No entanto, quando não consegue levar o casal à tão sonhada gravidez, a FIV pode ser indicada para aumentar as chances de sucesso.

Se você ainda quer saber mais sobre a inseminação artificial toque neste link e acesse outro conteúdo sobre o tema.

Mais
Uretrite e infertilidade: qual a relação?

A uretra é um órgão do corpo humano comum a homens e mulheres. Essa estrutura tubular tem como função principal servir de canal para a eliminação da urina da bexiga para fora do corpo. Nos homens, além dessa função principal, ainda participa do sistema reprodutivo, […]

A uretra é um órgão do corpo humano comum a homens e mulheres. Essa estrutura tubular tem como função principal servir de canal para a eliminação da urina da bexiga para fora do corpo.

Nos homens, além dessa função principal, ainda participa do sistema reprodutivo, servindo também como canal para a passagem do sêmen na ejaculação, o que não acontece no organismo feminino, que possui um canal específico em separado para as funções reprodutivas.

A uretra também possui diferenças anatômicas no organismo feminino e no masculino, sendo bem mais comprida no homem, cerca de 20 cm de comprimento, por se estender desde a bexiga e percorrer todo o interior do pênis até a saída, na extremidade da glande. Na mulher a uretra possui apenas 4 cm em média, da bexiga até a saída na vulva.

É relativamente comum que a uretra apresente algumas enfermidades, geralmente causadas em decorrência de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), que podem causar inflamação na uretra provocando uretrite.

A uretrite também pode ser causada por intervenções cirúrgicas, como a introdução de sondas e pelo uso de produtos químicos, como espermicidas. No entanto, a maioria dos casos de endometrite é resultado de doenças infecciosas, principalmente bacterianas, cujo contágio se dá por vias sexuais.

A uretrite pode chegar a ser bastante grave quando não tratada, nos homens pode levar inclusive à infertilidade masculina.

Explicamos detalhadamente neste texto a relação entre infertilidade e uretrite, como ela pode ser tratada e o que fazer nos casos em que compromete a capacidade reprodutiva masculina. Boa leitura!

O que é infertilidade?

A infertilidade é inicialmente diagnosticada quando um casal, tendo relações sexuais nos períodos férteis da mulher sem a utilização de nenhum método anticoncepcional, pelo período de pelo menos um ano, não consegue uma gravidez.

Esse é um problema mundial, que afeta tanto homens como mulheres e pode ser causado por diversos fatores, como doenças infecciosas, ISTs, anomalias genéticas, desequilíbrio hormonal e idade da mulher.

Segundo dados atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população mundial sofre com a infertilidade, sendo que os números se dividem de maneira relativamente semelhante entre homens e mulheres.

Uretrite e infertilidade

A uretrite, como foi mencionado anteriormente, é a inflamação da uretra. Normalmente, é causada por infecções bacterianas decorrentes de ISTs, especialmente a gonorreia e a clamídia.

Nas mulheres a uretrite não causa infertilidade, já que a uretra não participa do sistema reprodutivo feminino.

Nos homens, contudo, quando grave a uretrite pode causar alterações no ambiente do canal da uretra, que oferecem risco aos espermatozoides durante a ejaculação. Além disso, a infecção pode se espalhar e atingir os testículos, principalmente os epidídimos, causando uma epididimite.

A epididimite, por sua vez, causa obstrução nos epidídimos, ductos responsáveis por armazenar os espermatozoides produzidos nos testículos, além de servir como passagem para o canal deferente, quando essas células se juntam ao sêmen expelido na ejaculação.

Nesses casos, o sêmen ejaculado não possui espermatozoides, evidenciando um quadro de azoospermia obstrutiva, que pode resultar em infertilidade, muitas vezes permanente.

A uretrite em si também pode tornar o canal da uretra um ambiente inóspito para os espermatozoides devido às consequências do processo inflamatório e da ação microbiana. As células reprodutivas masculinas podem morrer ao passar pela uretra, ou ficam bastante danificadas.

Isso faz com que o homem apresente uma baixa concentração de espermatozoides no sêmen (oligozoospermia) e tenha dificuldades em ter filhos de maneira natural, ao menos enquanto a condição não for devidamente tratada.

Como é feito o diagnóstico da uretrite?

O diagnóstico da uretrite é feito primeiramente com a coleta da secreção dos órgãos genitais, quando presente. Esse material é então analisado em laboratório para que seja possível detectar qual o agente específico está causando a infecção e, assim, determinar o tratamento mais adequado em cada caso.

Em algumas situações pode ser necessário também a realização de exames complementares de urina e sanguíneos para um diagnóstico mais exato.

Como a uretrite pode ser tratada?

Como a grande maioria dos casos de uretrite é causada por infecções, o tratamento da doença é feito majoritariamente com antibióticos de amplo espectro e anti-inflamatórios, que aliviam principalmente os sintomas dolorosos.

Quando os exames são conclusivos na indicação de qual agente microbiano está causando a uretrite, são utilizados medicamentos antibióticos mais específicos para cada um, aumentando ainda mais a efetividade do tratamento.

Reprodução assistida para infertilidade por uretrite

Em alguns casos pode ser que o homem permaneça infértil mesmo depois do tratamento, principalmente se a uretrite não foi tratada em tempo.

Isso acontece porque a doença pode deixar cicatrizes que obstruem o canal da uretra, diminuindo o diâmetro dessa estrutura e prejudicando a saída do sêmen de forma adequada. A infertilidade permanente também pode resultar da ascensão da infecção para outras regiões, que permanecem danificadas mesmo após o tratamento.

Nesses casos, o homem que deseja ter filhos pode se beneficiar da reprodução assistida, especialmente da FIV (fertilização in vitro) para realizar este sonho.

Por ser uma técnica avançada, a FIV permite que os espermatozoides sejam coletados, inclusive diretamente dos testículos, para que a fecundação seja reproduzida em ambiente laboratorial, contornando a infertilidade masculina

Os casos mais leves de infertilidade masculina podem ser abordados também pela IA (inseminação artificial), técnica de reprodução assistida de menor complexibilidade.

Quer saber ainda mais sobre a uretrite? Toque neste link e acesse outro conteúdo sobre a doença.

Mais
Histerossalpingografia dói?

A histerossalpingografia é um dos exames de imagem que permitem a visualização de aspectos, especialmente os morfológicos, do útero e das tubas uterinas. Por isso, é muito utilizado na investigação da infertilidade feminina por fatores que afetam precisamente essas estruturas. O útero e as tubas […]

A histerossalpingografia é um dos exames de imagem que permitem a visualização de aspectos, especialmente os morfológicos, do útero e das tubas uterinas. Por isso, é muito utilizado na investigação da infertilidade feminina por fatores que afetam precisamente essas estruturas.

O útero e as tubas uterinas são formados durante o desenvolvimento embrionário dos bebês de sexo biológico feminino, com a fusão parcial dos ductos de Müller, estruturas paralelas presentes no embrião nas primeiras 9 semanas de gestação. O trecho dos ductos de Müller que se funde forma o útero, enquanto as extremidades desses ductos que permanecem independentes formam as tubas.

Por ser um órgão oco, o útero é formado basicamente pelos tecidos que compõem a parede uterina: endométrio, miométrio e perimétrio, com funções específicas sobre a fertilidade e a gestação. As tubas uterinas, por sua conexão com o útero, realizam a comunicação entre o órgão e os ovários, o que é imprescindível para a fecundação.

Alguns problemas podem afetar a estrutura morfológica e anatômica do útero e das tubas, provocando danos à receptividade endometrial e obstrução tubária, além de outros sintomas. Essas condições normalmente são investigadas por exames de imagem, como a histerossalpingografia.

Embora muito praticada, a histerossalpingografia é um exame relativamente desconhecido das pessoas em geral, o que favorece certos mitos em torno do procedimento, como a afirmação de que ele provoca dor.

Continue com a leitura do texto para entender melhor se a histerossalpingografia dói ou causa qualquer incômodo, além de compreender melhor o que esse exame pode identificar. Boa leitura!

O que pode afetar o útero e as tubas uterinas?

De forma geral, podemos classificar as doenças e condições que afetam o funcionamento do útero e das tubas uterinas, segundo sua origem, em problemas adquiridos ao longo da vida e doenças congênitas de predisposição genética ou não.

Algumas DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), como a clamídia, podem atingir o útero e as tubas provocando endometrite e salpingite, respectivamente a inflamação e infecção do endométrio e das tubas.

É comum que a demora em realizar o tratamento para essas doenças resulte em cicatrizes no endométrio e no interior das tubas uterinas, em forma de aderências, que continuam prejudicando a função dessas estruturas.

O útero pode ainda ser afetado por malformações congênitas como útero didelfo e septado, em que problemas na fusão parcial dos ductos de Müller provocam alterações anatômicas. Em alguns casos, as malformações uterinas também podem interferir na função tubária, como no caso de útero unicorno, em que se observa a presença de apenas uma das tubas.

Doenças predispostas geneticamente e que produzem massas celulares anormais, como miomas uterinos, pólipos endometriais e a endometriose tubária, também podem afetar a função do útero e das tubas, provocando infertilidade e outros sintomas, como dor e alteração na rotina menstrual.

A histerossalpingografia pode ser indicada para a investigação dessas doenças e condições, dependendo das especificidades de cada caso e de cada processo diagnóstico.

Entenda o que é histerossalpingografia

A histerossalpingografia é um exame de radiografia específico para a região pélvica, que utiliza um contraste à base de iodo, injetado na cavidade uterina por via transvaginal, para melhorar a visualização do útero e das tubas uterinas nas imagens estáticas obtidas pelo procedimento.

O contraste da histerossalpingografia se difunde no interior do útero, penetrando também nas tubas, especialmente no trecho inicial dessas estruturas. Essa substância interage com as células endometriais e com a camada mucosa das tubas, marcando essas estruturas com mais nitidez quando o raio-X é emitido em direção à pélvis.

A histerossalpingografia dói?

Embora o exame possa ser conhecido por causar dor, esse é um mito sobre a histerossalpingografia.

Algumas mulheres relatam somente algum desconforto com a colocação do contraste, que pode ser controlado facilmente com a administração preventiva de analgésicos antes do procedimento. A maior parte dos exames de histerossalpingografia, no entanto, não gera relatos de dor ou qualquer tipo de incômodo.

Para realizar a histerossalpingografia a mulher não pode estar menstruando, com infecções uterinas e tubárias ativas e não pode estar grávida, já que a interação entre o contraste e o endométrio podem levar à perda gestacional.

Para a inseminação do contraste a mulher deve sentar-se em posição ginecológica e, com auxílio de um espéculo, o colo do útero é anestesiado e um fino cateter é inserido pelo canal vaginal, conduzindo o contraste ao interior da cavidade uterina. Aproximadamente 30 minutos depois as imagens de raio-X são obtidas com o equipamento emissor posicionado em frente à pélvis.

Após a histerossalpingografia, a mulher também pode sentir cólicas e incômodos abdominais leves, igualmente controláveis com analgésicos e que tendem a desaparecer em até 24h.

A histerossalpingografia na investigação da infertilidade feminina

A histerossalpingografia é um exame de imagem importante para os processos de investigação das causas da infertilidade feminina, principalmente quando se suspeita de fatores uterinos e tubários.

A infusão do contraste permite que toda a morfologia e anatomia do útero sejam evidenciadas nas imagens, revelando a presença de massas celulares e deformações. Se o contraste não consegue infiltrar-se nas tubas uterinas, pode ser sinal de que essas estruturas estão obstruídas.

A deformação do útero pode favorecer quadros de aborto de repetição, assim como as alterações uterinas, principalmente no endométrio, como miomas, pólipos e endometrite, ao passo que a obstrução tubária pode impedir a fecundação, inclusive de forma silenciosa, sem a manifestação de outros sintomas, além da infertilidade.

Nesse sentido, a histerossalpingografia é um exame recorrente entre as mulheres que buscam atendimento médico quando encontram dificuldades para engravidar.

Quais técnicas de reprodução assistida são indicadas para os casos diagnosticados pela histerossalpingografia?

Embora a reprodução assistida conte com algumas técnicas para auxiliar as mais diversas demandas reprodutivas, os casos específicos de infertilidade por fator tubário e uterino podem ser melhor abordados pela FIV (fertilização in vitro), enquanto as técnicas de baixa complexidade não são indicadas.

Isso porque na FIV a fecundação é feita fora do corpo da mulher, com gametas previamente coletados, e os embriões selecionados são depositados diretamente no útero, contornando problemas relacionados à obstrução tubária.

Leia mais sobre a histerossalpingografia tocando neste link.

Mais
Epididimite: diagnóstico e tratamento

O sistema reprodutor feminino, geralmente é mais conhecido pelas pessoas do que o masculino, mas na verdade ambos são complexos e possuem uma dinâmica em que diversas estruturas são essenciais. Os testículos são órgãos do sistema reprodutor masculino bem conhecidos, porém existe uma estrutura também […]

O sistema reprodutor feminino, geralmente é mais conhecido pelas pessoas do que o masculino, mas na verdade ambos são complexos e possuem uma dinâmica em que diversas estruturas são essenciais.

Os testículos são órgãos do sistema reprodutor masculino bem conhecidos, porém existe uma estrutura também fundamental para a fertilidade dos homens que poucos conhecem: os epidídimos.

Os epidídimos, são ductos em formato de C unidos aos testículos, desde sua parte superior externa à toda a lateral. Se conectam diretamente aos túbulos seminíferos, local em que os espermatozoides são produzidos. Ao saírem dos túbulos seminíferos, os espermatozoides são transportados aos epidídimos e lá terminam sua formação.

Isso porque eles ainda não possuem a cauda, fundamental para a sua locomoção dentro do organismo da mulher, para que consigam chegar ao óvulo e realizar a fecundação.

Assim, os espermatozoides, além de completar a formação nos epidídimos, ficam ali armazenados aguardando a ejaculação. Quando são liberados para os canais deferentes e posteriormente para a uretra, se misturam aos demais líquidos que formam o sêmen.

Todos esses processos demonstram a importância dos epidídimos para a fertilidade do homem.

Algumas condições que afetam os epidídimos, como a epididimite, podem provocar infertilidade masculina, demostrando sua importância para a saúde reprodutiva do homem, apesar de pouco conhecidos.

Neste texto abordamos a epididimite, particularmente o diagnóstico e o tratamento da doença. Boa leitura!

O que é epididimite?

Epididimite é a inflamação dos epidídimos, normalmente consequência de infecções bacterianas, especialmente por clamídia e gonorreia, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Essas infecções geralmente afetam primeiro a uretra masculina e, ao se espalharem, chegam aos epidídimos causando a epididimite.

Além disso, a epididimite também pode ser resultado de traumas na região da bolsa testicular. Um exemplo é a prática de esportes que afetam os testículos de maneira frequente, como o ciclismo profissional. Além de intervenções cirúrgicas e outras formas de manipulação do aparelho reprodutor masculino, incluindo a utilização de sondas.

A inflamação característica da epididimite causa a obstrução dos epidídimos, o que impede a passagem dos espermatozoides para compor o sêmen, provocando um quadro de azoospermia obstrutiva.

Quais são os sintomas da epididimite?

O principal sintoma da epididimite é a infertilidade provocada pela obstrução dos epidídimos. A inflamação dos epidídimos, resultado da reação do sistema de defesa do organismo à infecção, cria uma hipervascularização na região, além do aumento na permeabilidade dos vasos e, consequentemente, inchaço.

Esse inchaço diminui o diâmetro interno dos epidídimos e normalmente causa obstrução na ligação com o canal deferente, impedindo a passagem dos espermatozoides

Além da infertilidade, a epididimite também pode apresentar os seguintes sintomas:

  • ínguas aumentadas, principalmente na virilha;
  • dor ao urinar ou ao ejacular;
  • inchaço da região testicular;
  • dor nos testículos;
  • febre.

Como a epididimite é diagnosticada?

O diagnóstico da epididimite inicialmente é feito pelo exame clínico com a palpação dos testículos e posteriormente são realizados outros exames, como o de urina e a cultura das secreções penianas, se estiverem presentes, para a identificação do microrganismo responsável pela infecção. Além disso, a realização da ultrassonografia com doppler é fundamental para a análise do problema.

Quando esses procedimentos ainda não são suficientes para fechar um diagnóstico mais preciso, a tomografia computadorizada pode ser feita para melhor visualização.

Como é o tratamento de epididimite?

O tratamento para a epididimite varia de acordo com as causas. Geralmente, como a doença é resultado de infecções bacterianas, consiste na administração de antibióticos específicos e de amplo espectro. É importante realizar o tratamento até o final para que o problema seja resolvido com sucesso.

Algumas medidas complementares também podem ser orientadas, como manter repouso com a bolsa testicular elevada e evitar carregar pesos. Além disso, a aplicação de compressas de gelo também é muito útil no alívio dos sintomas, assim como auxilia na redução da inflamação.

Como a reprodução assistida pode auxiliar homens inférteis por epididimite?

Na maioria dos casos de epididimite o homem fica infértil devido à obstrução causada pela doença. Assim, se houver o desejo de ter filhos, o casal pode contar com o auxílio da reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro).

A FIV é uma técnica que permite a coleta dos espermatozoides diretamente dos testículos, procedimento conhecido como recuperação espermática.

A recuperação espermática pode ser feita com técnicas que permitem a obtenção de espermatozoides diretamente dos epidídimos, PESA e MESA, ou dos túbulos seminíferos, TESE e Micro-TESE, com a retirada de tecido testicular.

Os espermatozoides coletados são então selecionados em laboratório, como os gametas femininos, e a fecundação é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides). Os embriões formados são cultivados por até 6 dias e transferidos ao útero.

Ainda tem dúvidas sobre a epididimite? Toque aqui!

Mais