A gravidez é um sonho para muitas mulheres, especialmente aquelas que suspeitam de infertilidade feminina. A curiosidade e a dúvida, que surgem quando se percebe que a menstruação começa a atrasar, especialmente quando se mantém relações sexuais em períodos férteis e sem a utilização de […]
A gravidez é um sonho para muitas mulheres, especialmente aquelas que suspeitam de infertilidade feminina.
A curiosidade e a dúvida, que surgem quando se percebe que a menstruação começa a atrasar, especialmente quando se mantém relações sexuais em períodos férteis e sem a utilização de qualquer método contraceptivo, são bem conhecidas da maioria das mulheres que já suspeitou estar grávida.
Felizmente, nos dias de hoje, essa espera e incerteza sobre a gravidez podem ser rapidamente resolvidas por meio de exames bastante acessíveis, comprados em qualquer farmácia, e também os laboratoriais, com margem de erro menor.
O corpo da mulher passa por várias transformações quando ela está grávida, especialmente relacionadas com as mamas e o aumento do volume uterino, que acompanha o crescimento do bebê. Essas mudanças acontecem principalmente por alterações na concentração hormonal compatível com o estado gravídico.
Náuseas e vômitos, por exemplo, podem ocorrer pelo aumento da secreção de estrogênio e de beta-hCG, uma forma específica da gonadotrofina coriônica humana.
A maioria das estruturas endócrinas tem seu funcionamento modificado, em grande parte devido à ação placentária, que passa a produzir beta-hCG, hormônio trófico que age auxiliando a manter a gravidez.
Por isso, a presença de hCG é utilizada como marcação para a confirmação de gravidez, assunto do qual falaremos neste texto.
O beta-hCG é uma subunidade da gonadotrofina coriônica humana, hormônio trófico produzido pela placenta da mulher durante a gravidez. O beta-hCG junto com as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), mantêm o corpo lúteo ativo, o que previne a ovulação pela secreção continuada de progesterona.
Além disso, o beta-hCG estimula os ovários a produzir estrogênio e progesterona continuamente, o que mantém os níveis desses hormônios altos desde cedo na gestação.
Por volta da 9ª ou 10ª semana de gravidez, a própria placenta passa a produzir grandes quantidades de estrogênio e progesterona, substituindo a função inicial do corpo lúteo.
Toda mulher que já suspeitou estar grávida, provavelmente conhece ou já fez exames de gravidez, seja quando está tentando engravidar ou mesmo quando não estava planejando ter filhos naquele momento.
Os exames que indicam se a mulher está gravida ou não, buscam detectar justamente a presença de beta-hCG em seu organismo, sejam esses exames de farmácia, que utilizam substâncias reagentes à presença do hormônio na urina, ou exames de sangue, realizados em laboratório, que medem a concentração de beta-hCG na corrente sanguínea.
O beta-hCG é produzido pela placenta e por isso só está presente no corpo feminino durante a gravidez, o que faz dele uma marcação bem exata para a confirmação da gestação.
Lembrando que a placenta é formada por volta do 5º dia de desenvolvimento embrionário, e como normalmente a mulher só recorre ao exame de gravidez depois do atraso da menstruação, isso permite que o exame consiga ser efetivo para confirmar ou não a gestação.
A utilização de exames que detectam a presença de beta-hCG para a confirmação da gravidez é comum nas gestações naturais, mas também para confirmar o sucesso das diferentes técnicas de reprodução assistida: FIV (fertilização in vitro), a IA (inseminação artificial), ou a RSP (relação sexual programada).
Nas gestações naturais, a mulher costuma recorrer ao exame após o momento em que observa o atraso da menstruação, o que geralmente acontece 15 dias depois da formação do embrião, permitindo aos exames detectar a presença do hormônio.
A FIV é uma técnica complexa, que conta com diferentes etapas na sua aplicação. É um conjunto de procedimentos que atende a maior parte das demandas reprodutivas atuais. Nela, o embrião é formado em ambiente laboratorial e depositado diretamente no útero da mulher com o auxílio de um cateter específico.
Quando o embrião é depositado no útero ele ainda precisa se fixar ao endométrio para dar início à gestação. Por isso, somente após um período de cerca de 15 dias a mulher pode fazer os exames de gravidez, que buscam detectar a presença de beta-hCG com mais segurança.
A diferença da IA e da RSP para a FIV é que nas duas primeiras a fecundação ocorre nas tubas uterinas e não em laboratório.
Na IA, os gametas masculinos previamente coletados e selecionados são introduzidos na cavidade uterina por um cateter. Os exames de gravidez nessa técnica devem ser feitos após 20 dias da inseminação.
A RSP é uma técnica de reprodução assistida em que a mulher pode passar, da mesma forma, pela etapa de estimulação ovariana por medicamentos hormonais, como acontece em outras técnicas de reprodução assistida, que visa induzir o recrutamento e amadurecimento dos gametas femininos, proporcionando maiores chances de uma gravidez.
Durante a estimulação ovariana da RSP, a mulher passa por exames de imagem, ultrassonografias transvaginais, que determinam seu período mais fértil, indicando o momento ideal para que o casal mantenha relações sexuais com maiores chances de chegar à gravidez.
Como na IA, na RSP os exames de gravidez também são realizados 20 dias após o período de relações sexuais indicado pela técnica.
Quer saber mais sobre a FIV? Toque no link e acompanhe nosso material sobre o assunto.
MaisA gestação é um momento de extrema importância para a mulher – que comporta em seu corpo a vida de um ser humano – e também para a família como um todo, que muitas vezes se transforma para a chegada do bebê. Embora a fecundação […]
A gestação é um momento de extrema importância para a mulher – que comporta em seu corpo a vida de um ser humano – e também para a família como um todo, que muitas vezes se transforma para a chegada do bebê.
Embora a fecundação seja um dos primeiros eventos importantes para a gestação, outros acontecimentos relevantes precedem o encontro dos gametas. Além disso, os primeiros dias de vida do embrião são essenciais para uma gravidez tranquila, e também estão ligados diretamente à fecundação.
No texto a seguir você vai encontrar informações sobre a fecundação e como ela ocorre, tanto nas gestações conseguidas por vias naturais, como naquelas que resultam de tratamentos com a reprodução assistida.
Aproveite a leitura!
As células reprodutivas de homens e mulheres são também chamadas gametas e diferenciam-se das demais células do corpo humano por conter apenas metade do material genético de um ser humano.
Os gametas masculinos são os espermatozoides, emitidos na ejaculação, junto com outros componentes do sêmen, líquidos nutritivos e protetivos produzidos pelas glândulas anexas, incluindo a próstata.
Produzidos a partir do desenvolvimento dos espermatócitos – estimulado pela ação da testosterona nas paredes dos túbulos seminíferos (testículos) –, os espermatozoides adquirem motilidade nos epidídimos e encontram os líquidos glandulares para a formação do sêmen nos ductos deferentes, seguindo pela uretra durante a ejaculação.
Diferente do que acontece com os gametas masculinos, que são continuamente produzidos após a puberdade, os femininos, chamados óvulos, individualmente envolvidos pelo folículo ovariano, são produzidos em sua totalidade ainda no período pré-natal durante a formação do sistema reprodutivo feminino.
A fecundação, de forma geral, acontece com a união de um único gameta masculino e um gameta feminino (espermatozoide e óvulo), quando um homem e uma mulher mantêm relações sexuais durante o período fértil feminino.
Porém, tecnicamente, a fecundação é a fusão dos materiais genéticos, contidos no interior dos pronúcleos dos gametas.
A fusão acontece quando o espermatozoide que consegue romper a zona pelúcida e penetrar o meio intracelular do óvulo libera o material genético contido em seu pronúcleo para o encontro com o material genético do óvulo.
Este encontro forma um DNA humano completo e a primeira célula do futuro bebê, o zigoto.
Embora a fecundação aconteça principalmente por vias naturais, as várias técnicas de reprodução assistida também conseguem reproduzir esse evento, atendendo às diversas demandas reprodutivas da atualidade.
A fecundação por vias naturais acontece quando um casal mantém relações sexuais, sem o uso de preservativos de barreira e contraceptivos hormonais, durante o período fértil da mulher: momento do ciclo reprodutivo em que existem maiores chances de engravidar.
O ciclo reprodutivo das mulheres consiste em uma sequência de eventos hormonais ligados diretamente à ovulação, embora seja um consenso considerar a menstruação como o primeiro dia do ciclo.
Na menstruação, a produção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) é retomada, e o aumento na concentração desses hormônios, que agem nos ovários, induz ao recrutamento e amadurecimento dos folículos ovarianos, além de estimular a produção de estrogênios pelas células foliculares.
A ovulação acontece quando as gonadotrofinas e os estrogênios atingem um pico de concentração máximo, provocando o rompimento do folículo dominante para a liberação do óvulo em direção às tubas uterinas onde permanece por cerca de 36h, quando pode ser fecundado.
Considerando que os espermatozoides sobrevivem aproximadamente 72h no interior do corpo da mulher, a fecundação pode acontecer por vias naturais como resultado de relações sexuais que aconteceram mesmo antes do momento da ovulação. Por isso, o período fértil considera também os 3 dias anteriores, além da ovulação e as 36h que a sucedem.
De forma geral, a taxa de gestação para as tentativas por vias naturais em casais sem infertilidade conjugal é de 20% por ciclo reprodutivo. Se o casal passar mais de 12 meses tentando engravidar sem sucesso, pode receber indicação para tratamento com reprodução assistida, devido a um quadro de infertilidade conjugal.
Nas técnicas de baixa complexidade, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), os tratamentos preveem a fecundação no interior das tubas uterinas.
Na RSP, a mulher passa pela estimulação ovariana, no início do ciclo menstrual, e pela indução à ovulação, quando o monitoramento ultrassonográfico da estimulação ovariana indica o auge no amadurecimento dos folículos. A partir da indução à ovulação, o casal tem 36h para manter relações sexuais com grandes chances de resultar em gravidez.
Na IA, a mulher também passa pela estimulação ovariana, seguindo protocolos semelhantes à RSP, porém espera-se que a fecundação ocorra após a inseminação de uma amostra de sêmen – normalmente obtida por masturbação e submetida ao preparo seminal – no interior da cavidade uterina, após a indução da ovulação.
As técnicas de baixa complexidade são indicadas para infertilidade feminina leve, por oligovulação, embora a IA possa também ser indicada para infertilidade masculina leve e casais homoafetivos femininos, que utilizam gametas masculinos pela doação de sêmen.
Na fertilização in vitro, ou simplesmente FIV, a fecundação é um evento reproduzido de forma altamente controlada, em laboratório, com a união de óvulos obtidos por aspiração folicular e de espermatozoides previamente coletados. Na FIV, a mulher também passa pela estimulação ovariana, porém com protocolos medicamentosos mais robustos.
A fecundação na FIV pode ser feita pela forma tradicional, em que o óvulo selecionado é colocado em contato com os espermatozoide, em um tubo de vidro, que disputam a penetração no gameta feminino, ou por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Na ICSI um único espermatozoide é selecionado e introduzido no meio intracelular do óvulo com o auxílio de uma agulha.
Quer saber mais sobre a FIV? Toque neste link e leia nosso conteúdo completo.
MaisCom o desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida nas últimas décadas, a abrangência dos procedimentos atende a uma quantidade cada vez maior de demandas reprodutivas. Com esse avanço, hoje não somente os casais inférteis podem contar com a reprodução assistida, mas praticamente todas as demandas […]
Com o desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida nas últimas décadas, a abrangência dos procedimentos atende a uma quantidade cada vez maior de demandas reprodutivas.
Com esse avanço, hoje não somente os casais inférteis podem contar com a reprodução assistida, mas praticamente todas as demandas reprodutivas, incluindo casais homoafetivos, homens e mulheres que desejam ter filhos de forma independente, portadores de doenças genéticas hereditárias e a preservação da fertilidade para pessoas que desejam adiar os planos de ter filhos ou com indicação para tratamentos oncológico.
Hatching assistido, recuperação espermática, ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) e o congelamento de óvulos – ou oócitos – são algumas dessas ferramentas desenvolvidas nas últimas décadas pela medicina reprodutiva.
O congelamento de óvulos é útil para diversas formas de preservação da fertilidade, como, por exemplo, quando a mulher opta por adiar a maternidade. Também é possível fazer o congelamento do sêmen, apesar de ser um procedimento pouco usado nos processos de preservação da fertilidade.
Entenda melhor quais são os melhores momentos para recorrer ao congelamento de óvulos no decorrer deste texto. Boa leitura.
A nomenclatura correta para os gametas femininos é oócito, porém, como esse é um termo menos conhecido, utilizaremos a palavra óvulo, usada popularmente para se referir às células reprodutivas nesse texto.
O congelamento de óvulos envolve um conjunto de procedimentos complexos, que começa com a avaliação da fertilidade da mulher e a estimulação ovariana como preparação para coleta dos óvulos, que serão conservados por criopreservação.
O armazenamento é feito em tubos especiais, com material nutritivo e protetivo que impede a formação de cristais, submetidos a um processo de congelamento rápido em nitrogênio líquido.
Diferente do que ocorre no organismo masculino, todas as células reprodutivas femininas são formadas antes do nascimento, e permanecem em estado estacionário de desenvolvimento até a puberdade. Isso faz com que a reserva ovariana seja um estoque limitado.
Entre a puberdade e a menopausa, quando a função reprodutiva da mulher termina, a cada ciclo a reserva ovariana é consumida pelos processos de recrutamento e amadurecimento dos folículos ovarianos para ovulação.
Além disso, a qualidade genética dos óvulos tende a diminuir e a espessura da zona pelúcida, que controla a entrada de espermatozoides, tende a aumentar quanto mais a menopausa se aproxima, o que pode não somente diminuir as chances de engravidar, mas também aumentar o risco para a concepção de bebês com alterações genéticas.
Mulheres que recebem o diagnóstico de câncer e a indicação de tratamento oncológico podem ser beneficiadas com o congelamento de óvulos – preservação oncológica da fertilidade.
É importante ressaltar que a mulher deve ser avisada desta possibilidade antes de iniciar os tratamentos, já que a quimioterapia e a radioterapia na maior parte das vezes danificam as células reprodutivas.
A preservação da fertilidade também pode ser feita por mulheres que desejam adiar os planos de gravidez. Nesse caso é chamada preservação social da fertilidade.
De forma geral, mulheres em qualquer idade, desde que anterior à menopausa e posterior à puberdade, podem recorrer ao congelamento de óvulos, embora o mais indicado seja optar pelo congelamento dos gametas até os 25-30 anos de idade, quando a qualidade das células reprodutivas está em seu auge.
O congelamento dos óvulos é feito em etapas: estimulação ovariana, monitoramento ultrassonográfico do amadurecimento folicular, aspiração folicular e o armazenamento dos óvulos, criopreservados.
A fase de estimulação ovariana é realizada pela administração de medicamentos hormonais, sejam eles análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) ou das próprias gonadotrofinas FSH (hormônio folículo- estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que induzem ao recrutamento e amadurecimento dos gametas, permitindo a obtenção de mais de um óvulo maduro para coleta.
Essa etapa sempre deve ser acompanhada por exames ultrassonográficos – ultrassonografia pélvica transvaginal –, que servem para monitorar o amadurecimento dos folículos, determinando o melhor momento para a coleta.
Quando se verifica que os folículos estão maduros, é realizada a aspiração folicular. O procedimento é feito com a inserção de um cateter bem fino por via transvaginal até o útero, guiado por ultrassonografia. Esse cateter está acoplado em uma de suas extremidades à agulha que toca os folículos e a uma seringa de sucção em sua outra extremidade
Os óvulos são posteriormente extraídos em ambiente laboratorial, e passam por uma seleção para que apenas os maduros sejam congelados.
O congelamento dos gametas é realizado por vitrificação, já que o processo deve ser feito de maneira muito rápida para evitar a formação de cristais com potencial para danificar as estruturas das células reprodutivas. Esse processo é realizado por submersão do tubo em que estão depositados os óvulos diretamente em nitrogênio líquido.
Após o congelamento de óvulos a mulher só poderá engravidar com a utilização deles na FIV (fertilização in vitro), única técnica de reprodução assistida em que o processo de fecundação ocorre de forma artificial, em laboratório.
Ainda restaram dúvidas sobre o congelamento de óvulos? Toque no link para saber mais.
MaisO termo nidação tem sido bastante utilizado para referir ao processo de implantação embrionária, quando o embrião busca o melhor local para se fixar no endométrio, camada de revestimento da cavidade uterina. O embrião forma-se naturalmente nas tubas uterinas, após o encontro do gameta masculino, […]
O termo nidação tem sido bastante utilizado para referir ao processo de implantação embrionária, quando o embrião busca o melhor local para se fixar no endométrio, camada de revestimento da cavidade uterina.
O embrião forma-se naturalmente nas tubas uterinas, após o encontro do gameta masculino, espermatozoide, com o gameta feminino, óvulo. Em algumas técnicas de reprodução assistida – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial) – a fecundação acontece de forma semelhante na gestação por vias naturais.
Em técnicas como a FIV (fertilização in vitro), por outro lado, é realizada de forma altamente controlada, com a união dos gametas em laboratório e a obtenção de embriões que são observados durante o período de cultivo embrionário antes de serem transferidos para o útero materno.
A nidação ou implantação do embrião, contudo, é um processo que acontece naturalmente, como na gestação espontânea, independentemente da técnica indicada.
Em alguns casos, pode, inclusive, ocorrer um pequeno sangramento. Mesmo pela mulher tende a ser confundido com a menstruação ou com sangramentos de escape devido à falha no consumo de contraceptivos, quando ela esquece de tomar a pílula, por exemplo.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor o que é o sangramento de nidação e os motivos pelos quais ele pode ocorrer.
Boa leitura!
Para compreender o que é e por que ocorre o sangramento de nidação, é necessário observar com mais profundidade o próprio processo.
Após a fecundação, as primeiras clivagens – divisões celulares – dão origem ao embrião, que em aproximadamente 3 dias de desenvolvimento atinge o estágio de mórula, um aglomerado maciço de células, enquanto ainda é transportado para o útero com ajuda dos movimentos peristálticos das tubas uterinas.
Ao chegar no útero, o embrião atinge o estágio de blástula, em que é chamado blastocisto, quando já é possível observar a formação da blastocele, uma cavidade que separa as células do embrião propriamente dito e as células que dão origem aos anexos embrionários: placenta, cordão umbilical e líquido amniótico.
É durante esse estágio do desenvolvimento embrionário que a nidação ou implantação embrionária acontece.
O sangramento de nidação é normalmente uma consequência do processo, como veremos a seguir.
Ao encontrar o local mais adequado para realizar a nidação, o embrião rompe a zona pelúcida e as células que dão origem aos anexos embrionários se infiltram no endométrio. Assim, todo o conjunto que envolve o embrião permanece em contato com o útero materno.
Ao infiltrar-se no endométrio, a presença das células embrionárias pode alterar a dinâmica vascular desse tecido, desencadeando sangramentos bastante leves.
Contudo, nem sempre que a nidação ocorre esse processo resulta em sangramento, o que pode confundir as mulheres – em tratamento com reprodução assistida ou não – que estão à espera da confirmação da gestação.
De forma geral, o sangramento de nidação pode ser indício de gestação, embora nem sempre esse sinal se manifeste. Em alguns casos, a mulher pode apresentar sangramento semelhante ao de nidação como consequência de outras condições e não pela presença de gestação.
O sangramento de nidação pode ser confundido com o de escape, por exemplo, mais comum em mulheres que usam contraceptivos orais combinados, e com a própria menstruação, embora tenha fluxo relevantemente mais leve e uma cor menos avermelhada que a do sangue menstrual.
A principal diferença entre o sangramento de nidação e a menstruação é que o sangue menstrual é resultado da descamação do endométrio quando não há fecundação e formação do embrião, enquanto o sangramento de nidação é causado pelo próprio embrião.
Ainda assim, para lidar melhor com a ansiedade quando se está tentando engravidar, é importante saber que mesmo na presença de gestação nem sempre o processo de nidação provoca qualquer tipo de sangramento perceptível pela mulher.
Somente os testes de gravidez, que identificam a presença de beta hCG, uma subunidade da gonadotrofina coriônica humana, no sangue e na urina, podem confirmar que a gestação teve início.
O sangramento de nidação pode ocorrer como resultado da implantação embrionária em todas as formas de se chegar a uma gestação: tanto por vias naturais, como com nos tratamentos com reprodução assistida.
O que diferencia as técnicas de reprodução assistida e, consequentemente suas indicações, é o nível de complexidade de cada procedimento, que reflete principalmente o grau de manipulação dos gametas e a forma como a fecundação é realizada.
Isso interfere também na forma como o embrião chega ao útero: enquanto nos procedimentos da RSP e IA o embrião é formado nas tubas e chega ao útero com auxílio dos movimentos dessas estruturas, na FIV os embriões são formados em laboratório e depositados no endométrio auxiliados por um cateter acoplado a uma agulha e uma seringa.
Após a transferência embrionária, a mulher pode acompanhar o processo de nidação por ultrassonografia pélvica e confirmar a gravidez aproximadamente 20 dias após o procedimento.
Toque neste link e leia mais sobre a FIV.
MaisA ideia de que a SOP (síndrome dos ovários policísticos) pode levar à infertilidade feminina é relativamente bem conhecida entre as mulheres, embora os motivos pelos quais essa relação acontece sejam pouco conhecidos por não especialistas, fora do meio médico. Quando um casal em idade […]
A ideia de que a SOP (síndrome dos ovários policísticos) pode levar à infertilidade feminina é relativamente bem conhecida entre as mulheres, embora os motivos pelos quais essa relação acontece sejam pouco conhecidos por não especialistas, fora do meio médico.
Quando um casal em idade fértil mantém relações sexuais nos períodos férteis da mulher, sem o uso de nenhum método contraceptivo e por um período de pelo menos um ano, dá-se o diagnóstico de infertilidade, mesmo antes da identificação precisa das causas da infertilidade.
No caso da SOP, a dificuldade para engravidar ocorre porque a doença provoca anovulação, assim como acontece com outras enfermidades, especialmente resultante dos desequilíbrios hormonais provocados pela síndrome.
Acompanhe a leitura deste texto, no qual abordaremos a relação entre a SOP e a infertilidade, e entenda melhor.
A SOP é classificada como uma síndrome e as origens de seu desenvolvimento ainda não estão bem definidas, existindo mais de uma teoria aceita sobre suas possíveis causas.
As teorias para o desenvolvimento da SOP podem ser agrupadas em quatro categorias.
Nas agrupadas como distorção na síntese de androgênios, o ciclo da SOP seria desencadeado inicialmente devido ao aumento dos androgênios produzidos nos ovários e/ou glândulas adrenais.
A ideia sobre alteração no metabolismo do cortisol agrupa teorias controversas. Elas sugerem que o aumento no metabolismo desse hormônio e sua reposição deficitária, levam ao da secreção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) para compensar a perda, aumentando, simultaneamente, a secreção de androgênios suprarrenais, o que gera o início do ciclo da SOP.
Outra teoria, a de defeito único na ação e secreção da insulina, afirma que a relação entre a resistência à insulina e a SOP já é conhecida desde 1980: o aumento na secreção de insulina gerado por este quadro induz, por diversos fatores, a produção de andrógenos.
Além disso, a insulina também parece potencializar a ação do LH (hormônio luteinizante) nos ovários de maneira indireta, o que favorece a produção de testosterona pelas células foliculares da teca.
Entre essas teorias, atualmente uma das mais aceita é a que indica um defeito neuroendócrino como causa primária da SOP. Explica que o ciclo da SOP é iniciado devido a um defeito no hipotálamo, que promove a liberação de LH em vez do FSH (hormônio folículo-estimulante), gerando um desequilíbrio hormonal nos ovários.
A SOP costuma apresentar diferentes sintomas dependendo da gravidade de cada caso, embora os principais sinais possam ser listados abaixo:
Em um organismo saudável, o LH produzido pela hipófise induz as células da teca, que compõem o folículo ovariano, à produção de testosterona durante o período pré-ovulatório. Simultaneamente, o FHS induz a conversão dessa testosterona em estrogênio, nas células da granulosa, configurando um aumento sistemático na concentração desses três hormônios: estrogênios, LH e FSH.
O pico de concentração máxima desses hormônios desencadeia o rompimento do folículo ovariano e a liberação do óvulo em direção às tubas uterinas, ou seja, a ovulação.
Após a ovulação, os níveis de estrogênio são mantidos durante um tempo pela ação do FSH, enquanto o LH estimula o corpo lúteo, formado pelas células foliculares resquiciais, a produzir progesterona.
Na SOP ocorrem alterações metabólicas, envolvendo as gonadotrofinas – normalmente o aumento no LH e uma diminuição no FSH –, o cortisol e a insulina, que resultam em um aumento relevante na disponibilidade de testosterona e, simultaneamente uma diminuição na concentração de estrogênios.
A deficiência de estrogênio e de FSH e o excesso de LH fazem com que os folículos ovarianos não sejam devidamente recrutados e amadurecidos e a ovulação não acontece. Nos casos mais leves, a mulher chega a apresentar ainda alguns ciclos reprodutivos com ovulação, embora na maior parte das vezes isso não aconteça.
Os cistos decorrentes da SOP, muitas vezes visíveis em exames de imagem, são na realidade folículos atrésicos que são recrutados para amadurecimento, mas não concluem esse processo em função das deficiências de estrogênios e FSH.
O aumento na disponibilidade de testosterona livre pode provocar sintomas secundários à ação desse hormônio, como o hiperandrogenismo, que inclui hirsutismo – aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos –, acne e alopecia.
A obesidade pode ser considerada um fator de risco para SOP em função da interação entre a testosterona e o tecido adiposo. Da mesma forma, a SOP representa um fator de risco para problemas cardiovasculares, especialmente pela possibilidade de interação com o metabolismo do ACTH e do cortisol, que interferem na pressão arterial geral.
A infertilidade por anovulação, bem como o quadro de hiperandrogenismo comprovado bioquimicamente, e a presença de cistos ovarianos confirmados por exames de imagem, consistem nos sintomas gerais previstos pela SOP.
A busca por atendimento médico para o diagnóstico e tratamento da SOP acontece na presença de amenorreia, dos sintomas do quadro hiperandrogênico e quando a mulher encontra dificuldade para engravidar, mesmo na ausência dos demais sintomas.
Os exames ginecológicos de rotina também podem levantar a suspeita para SOP, embora o diagnóstico final seja feito por exames de imagem, como o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética, e laboratoriais, como dosagens hormonais.
Em geral, os casos mais leves de SOP costumam ser tratados com medicamentos, por meio de anticoncepcionais específicos. Nesse sentido, se a mulher deseja engravidar, esse tratamento não deve ser indicado e normalmente ela recebe indicação para a reprodução assistida.
A reprodução assistida pode auxiliar mulheres com SOP que desejam uma gravidez, especialmente devido à etapa inicial de estimulação ovariana, compartilhada por todas as técnicas de reprodução assistida: RSP (reprodução sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro).
Na estimulação ovariana, medicamentos hormonais estimulam o recrutamento e amadurecimento dos folículos ovarianos, suplementando os baixos níveis hormonais envolvidos na anovulação.
A ação desses medicamentos possibilita que ao menos um óvulo maduro esteja disponível para coleta, no caso da FIV, ou para a fecundação in vivo, nos casos de RSP e IA. Esse processo é acompanhado por ultrassonografia, para monitoramento do amadurecimento folicular.
Embora seja uma etapa compartilhada por todas as técnicas de reprodução assistida, cada uma usa protocolos específicos para as dosagens da medicação hormonal e em outras escolhas, já que possuem metodologias e objetivos distintos:
Ficou curiosa para saber mais sobre SOP? Então toque no link e aproveite a leitura.
MaisA FIV (fertilização in vitro) é uma técnica de reprodução assistida que atende a um amplo leque de demandas reprodutivas. Principalmente porque praticamente todas as etapas para se conseguir uma gestação – coleta de gametas, fecundação, desenvolvimento embrionário e a chegada do embrião ao útero […]
A FIV (fertilização in vitro) é uma técnica de reprodução assistida que atende a um amplo leque de demandas reprodutivas. Principalmente porque praticamente todas as etapas para se conseguir uma gestação – coleta de gametas, fecundação, desenvolvimento embrionário e a chegada do embrião ao útero – são feitas de forma altamente controlada, em laboratório.
A técnica torna-se ainda mais abrangente por contar com técnicas complementares, como o PGT (teste genético pré-implantacional) – procedimento que pode ser feito durante o cultivo embrionário –, com função de rastrear o embrião em busca de anomalias genéticas, que possam prejudicar a gestação ou a vida do futuro bebê.
Inclusive, uma das etapas mais importantes da FIV é o cultivo embrionário, que acontece durante os 3 a 5 dias após a fecundação. Nesse tempo, se observam aspectos ligados à integridade genética do embrião e também o bom andamento das primeiras clivagens: divisões celulares que o zigoto – célula primordial do ser humano – realiza para formar o embrião
Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor o que são as clivagens que originam o embrião.
Para compreender melhor o que são as clivagens que a célula primordial do ser humano sofre para gerar o que chamamos embrião, é preciso acompanhar os antecedentes desse evento, desde a fecundação.
A fecundação é um processo que pode acontecer de forma natural, nas tubas uterinas, ou em ambiente laboratorial, nos casos de tratamento com a FIV. Embora sejam processos bastante diferentes, em ambos deve acontecer o encontro entre óvulo e espermatozoide e o pareamento de seus materiais genéticos – na realidade, a definição mais exata do que é fecundação.
Quando o espermatozoide rompe a zona pelúcida do óvulo, essa membrana garante que mais nenhum espermatozoide penetre seu meio intracelular. O espermatozoide então libera o material genético contido em seu interior, que deve encontrar o do óvulo e formar o núcleo da primeira célula humana, o zigoto.
Algumas horas após a formação do zigoto, essa célula dá início a uma sequência de clivagens, ou seja, divisões celulares, que multiplicam o material genético do zigoto de modo que todas as células derivadas das clivagens sejam idênticas – contenham o mesmo DNA.
Assim que o zigoto inicia as clivagens, pode então ser chamado embrião e começa a ser transportado, pelos movimentos peristálticos das tubas uterinas, até o útero, onde deve realizar a implantação no endométrio, processo que dá início à gestação.
De forma geral, as primeiras clivagens do zigoto devem acontecer nos tratamentos com a FIV da mesma forma que aconteceriam caso a fecundação se desse por vias naturais, mais especificamente durante o período de cultivo embrionário.
Vamos compreender melhor como a FIV é feita, para localizar essa importante etapa do processo de formação do embrião na técnica.
A FIV começa, assim como as demais técnicas de reprodução assistida, IA (inseminação artificial) e RSP (relação sexual programada), pela estimulação ovariana. Nessa etapa, a mulher recebe doses diárias de uma medicação hormonal – normalmente à base de análogos do GnRH ou das próprias gonadotrofinas – com objetivo de induzir o recrutamento e amadurecimento de um número específico de folículos ovarianos.
Esse processo tem início nos primeiros dias do ciclo reprodutivo e é acompanhado por ultrassonografia pélvica transvaginal, que indica o momento ideal para a segunda etapa do tratamento: a coleta de gametas.
Enquanto os gametas femininos são coletados por aspiração folicular, os gametas masculinos podem ser obtidos de uma amostra de sêmen ou por recuperação espermática, quando os espermatozoides são coletados diretamente dos testículos ou dos epidídimos nos casos em que não estão presentes no sêmen (azoospermia).
Após a coleta de gametas, a fecundação na FIV pode ser feita da forma tradicional, com a colocação do óvulo no mesmo recipiente que os espermatozoides, ou por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide). Assim que a fecundação é realizada, o zigoto entra em processo de cultivo embrionário, em recipiente adequado, com meio de cultura nutritivo e protetivo.
As primeiras clivagens que geram o embrião acontecem no início do cultivo embrionário, e devem ser observadas quanto à normalidade de seus processos. Dessa forma, o cultivo embrionário é importante por permitir que aspectos impossíveis de acompanhar na gestação por vias naturais, possam ser monitorados com precisão pela FIV.
O cultivo embrionário dura de 3 a 6 dias, período em que o embrião atinge estágios de desenvolvimento suficientes para que possam ser transferidos para o útero.
A transferência embrionária é um procedimento simples, em que os embriões são aspirados por uma agulha especial e depositados no útero, onde espera-se que possa se fixar e a implantação embrionária aconteça, dando início à gestação.
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MaisAlém de ser uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade – e que por isso abrange praticamente todos os graus de infertilidade conjugal e outras demandas reprodutivas – a FIV (fertilização in vitro) também conta com diversas tecnologias complementares, que tornam seus processos mais […]
Além de ser uma técnica de reprodução assistida de alta complexidade – e que por isso abrange praticamente todos os graus de infertilidade conjugal e outras demandas reprodutivas – a FIV (fertilização in vitro) também conta com diversas tecnologias complementares, que tornam seus processos mais assertivos e bem-sucedidos.
Entre as tecnologias complementares da FIV, algumas merecem destaque, como o hatching assistido, que facilita a implantação embrionária e o PGT (teste genético pré-implantacional), além de procedimentos como a recuperação espermática, indicada para os casos mais severos de infertilidade masculina.
Destes, o PGT é indicado principalmente aos casais com histórico de doença genética hereditária na família, pois atua de forma preventiva na transmissão, além dos casais em que a mulher está próximo à menopausa e existe risco de doença genética por esse motivo.
Embora o PGT seja bastante útil nos casos mencionados, ele não é realizado de forma rotineira nos tratamentos com a FIV, apenas quando existe realmente necessidade de fazer essa prevenção.
Acompanhe a leitura do texto a seguir e entenda melhor como é feito o PGT na FIV.
A FIV é realizada em 5 etapas: estimulação ovariana, punção folicular e preparo seminal, para a coleta de gametas, fecundação, cultivo embrionário e transferência dos embriões para o útero. O PGT é realizado sempre durante a etapa de cultivo embrionário, como veremos a seguir.
Na estimulação ovariana, primeira etapa do processo, a mulher recebe uma medicação à base de hormônios, que tem como objetivo estimular o recrutamento de um número maior de folículos do que aconteceria em um ciclo reprodutivo normal, para que retomem o processo de amadurecimento paralisado no período pré-natal, quando essas células são formadas em sua totalidade.
Essa etapa tem início simultâneo ao período menstrual e deve ser monitorada por ultrassonografia pélvica, que indica o melhor momento para a coleta, realizada por aspiração folicular.
A coleta de espermatozoides deve ser feita ao mesmo tempo que a aspiração folicular: depois de coletadas amostras de sêmen por masturbação, os espermatozoides são capacitados pelo preparo seminal e selecionados. Nos casos de infertilidade masculina severa, ocorre por recuperação espermática, com a utilização das técnicas PESA, MESA, TESE e Micro-TESE.
Até o início da década de 1990, a fecundação na FIV era feita majoritariamente pela deposição dos gametas masculinos e feminino no mesmo recipiente. Atualmente, no entanto, a maior parte dos tratamentos utiliza a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), que melhora as taxas de sucesso da fecundação por inseminar um único espermatozoide diretamente no meio intracelular do óvulo, com o auxílio de uma agulha.
Após a fecundação, tem início o cultivo embrionário, em que uma série de processos podem ser aplicados para selecionar os embriões mais aptos, e finalmente eles são transferidos para o útero, que deve estar adequadamente receptivo.
O cultivo embrionário é uma das etapas mais importantes do tratamento com fertilização in vitro, pois permite a observação do desenvolvimento embrionário, o que é impossível quando a fecundação acontece nas tubas uterinas.
Durante essa etapa, que dura de 3 a 6 dias, o zigoto – célula primordial do desenvolvimento humano – dá início às clivagens, ou seja, as divisões celulares que formam as primeiras células do embrião.
No cultivo embrionário, observa-se inicialmente se as clivagens estão acontecendo como esperado, com a conservação do DNA embrionário em todas as células, bem como a velocidade dessas divisões celulares e a integridade morfológica das células resultantes delas – prevenindo a transferência de embriões perceptivelmente anômalos.
Algumas anomalias genéticas, porém, como doenças hereditárias e alterações cromossômicas, precisam de procedimentos especiais para serem identificadas nos embriões. Esses procedimentos podem ser feitos com a aplicação do PGT ou teste genético pré-implantacional.
O PGT é um exame pelo qual os embriões podem passar para o rastreamento de doenças genéticas, hereditárias ou não. Para isso, por volta do 5º dia do cultivo embrionário, uma amostra de células dos embriões é obtida e uma biópsia é realizada neste material biológico.
É comum que para isso os embriões sejam criopreservados após a coleta de células embrionárias, especialmente porque a realização do PGT pode extrapolar o tempo máximo de cultivo embrionário. Nesses casos, após o PGT os embriões saudáveis são selecionados para o descongelamento e transferidos ao útero no ciclo reprodutivo seguinte.
Duas formas de rastreamento genético podem ser feitas pelo PGT: o PGT-A e o PGT-M.
Indicado principalmente aos casais com histórico de doença genética hereditária na família, ou quando um ou ambos os membros do casal possuem alguma condição genética que pode ser transmitida para os embriões, o PGT-M deve ser indicado.
Nessa modalidade, o rastreio busca genes ou sequências de genes previamente conhecidas, registradas pelos dados do Projeto Genoma, que resultam em doenças genéticas hereditárias.
Algumas doenças genéticas, no entanto, não são hereditárias, mas podem ser resultado de falhas nas divisões celulares que formam os gametas, que resultam em células com mais ou menos cromossomos do que o esperado.
Além disso, essas falhas também podem fazer com que pedaços dos cromossomos sejam realocados em outros cromossomos ou modificados dentro do cromossomo original, resultando em genes silenciados e inativos.
Nesses casos, recomenda-se a aplicação do PGT-A, que investiga aneuploidias e alterações estruturais, que têm mais chance de ocorrer nos casais em que a mulher tem idade próxima à menopausa, quando a estabilidade genética dos óvulos pode se mostrar prejudicada.
A aplicação do PGT é essencial para prevenir a transmissão de doenças genéticas hereditárias e também diminuir as chances de gerar bebês com doenças genéticas não hereditárias.
Atualmente muitas doenças, como as listadas a seguir, podem ser prevenidas pela aplicação do PGT:
Ainda quer ter acesso a mais informações sobre o PGT? Toque neste link e leia mais.
MaisUm percentual bastante expressivo da população mundial sofre de infertilidade conjugal, o que faz dessa condição um problema de saúde global. Os números no Brasil também são altos. Os fatores de infertilidade feminina são responsáveis por 50% dos problemas de fertilidade de um casal, sendo […]
Um percentual bastante expressivo da população mundial sofre de infertilidade conjugal, o que faz dessa condição um problema de saúde global. Os números no Brasil também são altos.
Os fatores de infertilidade feminina são responsáveis por 50% dos problemas de fertilidade de um casal, sendo que os masculinos correspondem a cerca de 40%.
Além disso, em alguns casos a infertilidade se manifesta sem um motivo evidente e o diagnóstico é de ISCA (infertilidade sem causa aparente), quando mesmo após diversos exames, não se compreende o motivo pelo qual o casal não consegue ter filhos.
A endometriose, nas diversas formas em que pode se apresentar, é uma das principais causas de infertilidade feminina.
Existem três tipos de endometriose, classificadas de acordo com o local onde estão os implantes endometrióticos, bem como sua quantidade e profundidade de implantação no tecido em que estão aderidos. Essa classificação é necessária, pois são doenças distintas, que requerem tratamentos específicos.
Os tipos de endometriose são:
Neste texto vamos abordar a endometriose superficial e sua relação com a infertilidade.
Aproveite a leitura!
A endometriose superficial recebe esse nome por apresentar lesões pequenas e rasas, que possuem em geral entre 1mm e 3mm de profundidade, e não provocam alterações anatômicas no ovário, útero ou tubas uterinas.
Nesse tipo de endometriose os focos da doença costumam estar implantados principalmente no peritônio – camada que reveste internamente todo o abdômen -, em sua maior parte na região pélvica, próxima ao útero.
Como no caso de outras doenças que atingem as mulheres causando infertilidade, incluindo miomas uterinos e pólipos endometriais, a endometriose superficial é estrogênio-dependente, o que significa que seu desenvolvimento, crescimento e sintomas estão diretamente ligados à ação do estrogênio.
Como foi mencionado anteriormente, a endometriose infiltrativa profunda se caracteriza por lesões com uma profundidade maior que 5mm, podendo atingir o peritônio, a região retrocervical, vagina, região retovaginal, intestinos, bexiga e ureteres.
Na endometriose ovariana os ovários apresentam endometriomas, que podem ser de diferentes tamanhos, dependendo do estágio de desenvolvimento da doença, embora geralmente não ultrapassem 10 cm de diâmetro, o que somente acontece em situações muito raras.
O diagnóstico de endometriose superficial é feito com base nos relatos dos sintomas apresentados pela mulher, durante a primeira consulta, e posteriormente confirmado por exames de imagem.
A endometriose peritoneal superficial é uma doença de difícil diagnóstico, já que seus sintomas se assemelham, em geral, com outras doenças estrogênio-dependentes.
Os diferentes sintomas que a endometriose peritoneal superficial pode apresentar são:
A ultrassonografia pélvica transvaginal com esvaziamento intestinal é o exame utilizado para o diagnóstico de todas as formas de endometriose. No entanto, se o exame não for conclusivo, é indicada a ressonância magnética, que possibilita uma avaliação mais detalhada da cavidade pélvica.
A endometriose superficial pode sim provocar infertilidade. Inclusive, esse tipo de endometriose, muitas vezes manifesta apenas a infertilidade enquanto sintoma, na maioria dos casos é assintomática, enquanto a endometriose infiltrativa profunda está mais relacionada com sintomas dolorosos.
Os focos endometrióticos nesse tipo de endometriose mesmo quando numerosos são pequenos e rasos, diferente do que ocorre na endometriose infiltrativa profunda e, por isso, podem muitas vezes dificultar o diagnóstico, demora que pode levar ao agravamento do quadro clínico da mulher.
A endometriose ovariana é outra forma da doença que pode resultar em infertilidade, além de provocar danos à reserva ovariana, principalmente nos casos mais graves da doença, em que os endometriomas se desenvolvem de maneira acentuada, a presença dos endometriomas interfere na função ovariana da mulher, alterando o desenvolvimento e amadurecimento de folículos e óvulos, o que resulta em um quadro de anovulação.
A localização dos focos endometrióticos tem grande influência na possibilidade de provocar infertilidade. Focos localizados nas tubas uterinas, por exemplo, podem causar aderências, que acabam obstruindo a passagem dos espermatozoides até o óvulo, impedindo a fecundação.
Em casos mais graves, levando à gestação ectópica, com risco de infertilidade permanente.
O tratamento cirúrgico, feito por videolaparoscopia, é uma alternativa para a endometriose superficial peritoneal e profunda, quando a abordagem medicamentosa não é bem-sucedida. É importante considerar a quantidade e o tamanho dos focos, e avaliar a real necessidade da realização do procedimento, pois, em alguns casos, a cirurgia poderá causar mais danos à fertilidade do que a doença em si.
Mulheres que não desejam engravidar, mas possuem sintomas dolorosos decorrentes da endometriose, podem ser ratadas com medicação hormonal para a aliviá-los.
Já para as que possuem endometriose superficial e desejam engravidar, é mais indicado buscar auxílio na reprodução assistida.
Todas as diferentes técnicas de reprodução – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – podem ser indicadas para mulheres com endometriose peritoneal superficial.
Por serem procedimentos de baixa complexidade, a RSP e a IA, serão indicadas para os casos mais leves da doença, e quando não há obstrução tubária.
A FIV é possibilidade para todos os casos de endometriose. A técnica proporciona a realização da fecundação e cultivo do embrião em ambiente laboratorial, além de possibilitar o freeze-all, congelamento de todos os embriões para que sejam utilizados em um ciclo seguinte, ou no futuro.
Após o cultivo embrionário, os embriões são transferidos diretamente para o útero materno, no momento em que o endométrio se mostra mais receptivo.
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